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Dólar devolve perdas ante real apesar de intervenção do BC; riscos seguem em foco

21 dez 2021, 9:18 - atualizado em 21 dez 2021, 12:06
Dólar
Às 11:40 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,07%, a 5,7492 reais na venda (Imagem: Hafidz Mubarak/REUTERS)

O dólar devolveu perdas registradas mais cedo ante o real nesta terça-feira, mesmo após o Banco Central voltar a entrar em cena nos mercados com a realização de leilão de moeda à vista, com investidores atentos a riscos tanto internacionais quanto locais.

Na operação desta manhã, a quinta do tipo nos últimos oito pregões, o BC vendeu o total da oferta de até 500 milhões de dólares. O leilão à vista teve a “intenção de prover liquidez ao mercado cambial brasileiro”, disse em nota Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.

O dólar chegou a cair 0,58%, para 5,7117 reais, na mínima da sessão, prejudicado pela intervenção do Banco Central nos mercados.

Às 11:40 (de Brasília), no entanto, o dólar à vista avançava 0,07%, a 5,7492 reais na venda, longe dos menores patamares do dia.

Na B3 (B3SA3), às 11:40 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,10%, a 5,7600 reais.

Além de fatores sazonais locais que tradicionalmente elevam a busca pela moeda norte-americana –como o pagamento de juros e dividendos por parte de empresas com a chegada do fim do ano–, os últimos dias têm contado com maior instabilidade nos mercados internacionais, em meio a receios sobre qual será o impacto econômico da variante Ômicron do coronavírus e sinalizações mais duras com a inflação de grandes bancos centrais.

“Na minha visão, uma parte da pressão de curto-prazo pode ser explicada pela nova onda pandêmica”, disse em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. “Todavia, a inflação elevada e a necessidade de normalização monetária no mundo devem ser vetores de duração mais longa e fontes mais persistentes de instabilidade aos ativos de risco.”

Na semana passada, o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, anunciou a aceleração da redução de seus estímulos e passou a prever três altas de juros para o ano que vem, o que é amplamente visto como positivo para o dólar.

No Brasil, outros desafios ofuscam as perspectivas do real.

“Continuamos em um pano de fundo de incerteza fiscal, com a continuidade de pressões para mais gastos às vésperas de um ano eleitoral”, disse Kawa.

Depois de o governo ter conseguido alterar a regra do teto de gastos –importante âncora fiscal do país– por meio da PEC dos Precatórios, abrindo espaço fiscal para financiamento do programa Auxílio Brasil, o Ministério da Economia fez pedido na semana passada para remanejar quase 2,9 bilhões de reais no Orçamento de 2022 com a finalidade de reajustar salários de algumas carreiras de servidores públicos.

Investidores devem ficar atentos à votação do relatório final do Orçamento pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), que foi adiada de segunda-feira para esta terça.

Além da pauta fiscal, os mercados ficavam receosos com a aproximação da corrida eleitoral do ano que vem, que já promete elevar a incerteza política e, consequentemente, aumentar a busca pela segurança do dólar.

Na segunda-feira, a moeda norte-americana spot teve alta de 1,06%, a 5,745 reais na venda, maior patamar desde 30 de março (5,7588 reais).

Às 10:23 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,34%, a 5,7255 reais na venda.

reuters@moneytimes.com.br