Mercados

Real lidera alta global na sessão, mas cenário segue incerto

05 out 2020, 17:13 - atualizado em 05 out 2020, 17:47
dólar
O dólar à vista caiu 1,75%, a 5,5678 reais na venda (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

O dólar sofreu a maior queda diária em cinco semanas nesta segunda-feira, com o real liderando os ganhos entre as principais divisas globais, conforme operadores ajustaram posições no câmbio depois da pressão recente, num dia positivo para outros mercados brasileiros.

O otimismo externo respaldou o alívio na cotação, com investidores repercutindo maior expectativa de acordo sobre novo pacote fiscal nos Estados Unidos, tendo de pano de fundo melhora da saúde do presidente norte-americano, Donald Trump (que se recupera da Covid-19) e tentativas de acordo sobre o financiamento do Renda Cidadã no Brasil.

O dólar à vista caiu 1,75%, a 5,5678 reais na venda. É a maior baixa percentual diária desde 28 de agosto (-2,93%).

Na B3, o dólar futuro cedia 2,13%, a 5,5720 reais, às 17h02.

“O mercado está respirando um pouco, curva longa (de juros) recuou, as (taxas) curtas seguem em linha com o fechamento. O dólar está testando nível muito importante no (mercado) futuro”, disse Sérgio Machado, gestor na TRÓPICO Latin America Investments.

Os juros futuros que vinham sob intensa pressão nos últimos dias chegaram ao fim do dia em forte queda de quase 20 pontos-base. E o principal índice das ações brasileiras subiu 2,26%, segundo dados preliminares.

O real encabeçou os ganhos entre moedas de risco, mas era seguido por coroa norueguesa (+1,3%), peso colombiano (+1,1%) e peso mexicano (+1%), entre outras divisas. O índice do dólar frente a uma cesta de moedas fortes recuava 0,35% no fim da tarde.

A combinação entre apetite externo por risco e certo “atraso” do real em relação a seus pares patrocinou a recuperação mais forte do câmbio doméstico, que vem de quatro semanas consecutivas de perdas, quando acumulou queda de 6,33% (dólar subiu 6,76%).

Sinais de alguma tentativa de conciliação em Brasília nas discussões sobre o financiamento do Renda Cidadã também agradaram.

O senador Marcio Bittar (MDB-AC) afirmou nesta segunda-feira que a ideia do governo é apresentar na quarta-feira pela manhã a solução para o financiamento ao Renda Cidadã, novo programa de transferência de renda que virá no lugar do Bolsa Família. Ele acrescentou que a proposta respeitará o teto de gastos.

A declaração veio depois de aumento de tensão na sexta-feira por conflitos internos no governo Jair Bolsonaro –sobretudo entre os ministros da Economia (Paulo Guedes) e do Desenvolvimento Regional (Rogério Marinho).

Os constantes ruídos de ordem fiscal, contudo, ainda jogam contra o câmbio mais à frente.

“Acreditamos que a pressão para o apoio contínuo à economia e para um novo programa social permanecerá em vigor”, disseram analistas do Barclays em nota a clientes. “As incertezas sobre as perspectivas fiscais devem manter a volatilidade elevada e impor ao real desempenho inferior em relação aos pares”, completaram.

O real já é a divisa relevante mais volátil do mundo. A volatilidade implícita nas opções de dólar/real de três meses, por exemplo, está em 20,3%, ante 17,5% da lira turca, a segunda colocada.

Em 2020, o real perde 27,93% de seu valor nominal ante o dólar, a maior queda entre rivais emergentes. As moedas de Turquia e Argentina países com alta inflação e escassez de reservas cambiais vêm em seguida, com baixas de 23,4% e 22,2%, respectivamente. O peso mexicano recua bem menos: 11,5%.

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