Coluna do Daniel Abrahão

Dólar vai subir ou cair? Veja o que esperar da moeda

23 jun 2023, 12:43 - atualizado em 23 jun 2023, 12:47
Dólar
O que esperar do dólar? Veja o que pensa o colunista Daniel Abrahão (Imagem: Pixabay/Hans )

Em um movimento talvez não muito surpreendente, vide matéria feita por mim dia 09/06, a moeda brasileira rompeu a marca psicológica dos R$4,80, demonstrando uma desvalorização considerável frente ao dólar.

Essa quebra de patamar representa um marco significativo, sendo pela primeira vez desde 2022 em que a moeda americana fechou abaixo desse valor. Os investidores, tanto locais quanto estrangeiros, têm desempenhado um papel crucial na condução dessa tendência de queda.

No cenário internacional, observamos um forte fluxo de capital estrangeiro direcionado para o Brasil. Essa entrada massiva de investimentos, aliada à desmontagem de posições defensivas, tem impulsionado a desconexão do dólar brasileiro em relação aos movimentos do mercado global.

Dessa forma, o câmbio tem registrado uma desvalorização acentuada, com reflexos diretos na cotação do dólar frente ao real. No fechamento do dia 19 de junho de 2023, o dólar à vista foi cotado a R$4,7749 para venda. No acumulado, a moeda americana já apresentou uma queda expressiva de 5,87% no mês e de 9,53% no ano.

A valorização do real brasileiro em relação ao dólar está intrinsecamente ligada a uma conjunção de fatores interdependentes.

Dentre eles, destacam-se o retorno do investidor local aos ativos de risco, com a ênfase nos investidores institucionais, e a manutenção dos investidores estrangeiros no mercado doméstico.

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A confiança renovada dos investidores locais e a permanência dos investidores estrangeiros têm impulsionado a tendência de queda do dólar, gerando um impacto positivo na economia brasileira como um todo.

Além disso, a desaceleração da proteção, que tem se mantido abaixo das expectativas, é a maior clareza em relação à política fiscal no país contribuíram para o otimismo dos investidores.

A perspectiva de uma política fiscal mais estável e transparente cria um ambiente propício para investimentos e reduz as interferências que antes afetaram o mercado financeiro.

Outro fator que tem exercido influência significativa sobre o câmbio é a expectativa de que a taxa básica de juros brasileira, conhecida como Selic, deva iniciar um ciclo de redução em breve.

A possível queda na Selic gera um incentivo para a valorização do real, uma vez que os juros menores tornam a renda fixa brasileira menos atraente para os investidores estrangeiros, estimulando a busca por outros ativos, como ações e investimentos de maior risco.

Há também uma perspectiva de desaceleração da trajetória dos juros nos Estados Unidos, o que também tem impacto direto na cotação do dólar frente ao real.

As expectativas de que o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) possa adotar uma postura mais cautelosa em relação à geração das taxas de juros têm fortalecido as moedas de países emergentes, como o real brasileiro.

A recente emissão da nota de crédito do Brasil pela renomada agência de classificação de risco S&P Global Ratings, de estabilidade para positiva, adicionou mais um impulso ao mercado.

Essa melhora na percepção do risco do país aumenta a atratividade para investidores estrangeiros, estimulando ainda mais a entrada de capital no Brasil. Essa injeção de recursos impulsiona o desempenho da bolsa de valores brasileira (B3), com o principal índice, o Ibovespa, registrando uma alta de quase 10% somente neste mês, aproximando-se da marca dos 120 mil pontos.

Instituições financeiras de renome internacional, como o Goldman Sachs, também têm verificado suas projeções para o dólar, reforçando a tendência de queda da moeda americana frente ao real. Com base em um horizonte de 12 meses, a equipe do banco prevê que o dólar pode chegar a R$4,40, um valor consideravelmente inferior ao atual.

Um diferencial importante para o Brasil é o seu mercado de juros, que mesmo diante da possibilidade de cortes na taxa Selic pelo Banco Central em breve, continua atraindo investimentos.

A taxa real de juros no país permanece favorável para o investidor internacional, estimulando a entrada de capital estrangeiro em busca de maiores retornos financeiros.

Essa dinâmica, somada à expectativa de permanecer mais baixa e um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais robusto, atrai um fluxo significativo de capital para o Brasil, impulsionando inclusive a Bolsa de Valores brasileira.

Nesse contexto, o mercado de ações tem se beneficiado do aumento da demanda por ativos de maior risco. Com a expectativa de redução dos juros, os investidores têm buscado alternativas de renda de investimento mais rentáveis, migrando parte de seus recursos da fixação para a variável renda. A bolsa de valores brasileira tem sido um destino atrativo para esses investimentos, refletindo-se no desempenho positivo do mercado acionário.

É importante mencionar o aspecto político brasileiro. As expectativas estão voltadas para a votação do texto do arcabouço fiscal no Senado. O projeto está em fase de revisão pelo Comitê de Assuntos Econômicos (CAE), que discute possíveis alterações.

O presidente da casa, Rodrigo Pacheco, informou que, caso o CAE aprove o projeto, ele poderá ser votado em plenário no mesmo dia.

A definição de um novo arcabouço fiscal traz perspectivas positivas, uma vez que sugere um controle mais rígido dos gastos governamentais, impactando positivamente as projeções de fiscalização e, consequentemente, os rumores da política monetária.

Em síntese, uma combinação de fatores como o retorno dos investidores locais aos ativos de risco, a permanência dos investidores estrangeiros no mercado doméstico, a desaceleração da crise, a maior clareza na política fiscal, a perspectiva de redução da taxa Selic e a expectativa de desaceleração da trajetória dos juros nos Estados Unidos têm impulsionado a queda do dólar comercial brasileiro.

Esse movimento promove um ambiente mais favorável para investimentos, refletindo-se no desempenho positivo da bolsa de valores e estimulando o crescimento da economia brasileira.

Apesar da euforia dos investidores com a queda do dólar, é importante lembrar que o mercado financeiro é tão imprevisível quanto final de um campeonato de futebol. A cotação do dólar pode ser de momentos de quedas vertiginosas seguidos por subidas perigosas.

Portanto, antes de abrir o champanhe e fazer planos mirabolantes, é fundamental estar ciente dos riscos envolvidos nesse jogo de flutuações cambiais.

Mantenha seus olhos atentos, esteja preparado para possíveis surpresas e lembre-se de que a risada mais segura é aquela que acompanha uma estratégia contínua de planos. Afinal, no mundo financeiro, rir por último pode ser mais importante do que rir agora. Parte superior do formulário.

Assessor de investimentos e sócio sênior da IHUB Investimentos. Possui mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$ 140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e "difícil" do mercado para facilitar a vida do investidor.
Assessor de investimentos e sócio sênior da IHUB Investimentos. Possui mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$ 140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e "difícil" do mercado para facilitar a vida do investidor.
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