Política

Doria tenta nas prévias tucanas dar passo decisivo para cumprir ambição política

19 nov 2021, 12:38 - atualizado em 19 nov 2021, 12:38
João Doria
Aclamado por aliados como “pai da vacina”, Doria terá, aliás, no histórico de busca pelo imunizante seu principal ativo político caso vença as prévias de domingo e dispute o Planalto (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Gestor competente para aliados, mas figura personalista e pouco afeita a lealdades políticas na visão de adversários, o governador de São Paulo, João Doria, buscará dar nas prévias do PSDB o passo decisivo para cumprir a ambição que demonstra ter desde que entrou na política em 2016: chegar à Presidência da República.

Filiado ao PSDB desde 2001, Doria participou de sua primeira eleição –e de sua primeira prévia– somente em 2016, para prefeito de São Paulo apadrinhado pelo então governador do Estado, Geraldo Alckmin. Venceu o pleito em primeiro turno –o que jamais havia ocorrido em eleições de dois turnos na capital paulista– e logo adotou discurso nacional, passando a ser rapidamente visto como possível presidenciável.

Mas Alckmin agiu para confirmar aquela que seria sua segunda candidatura ao Planalto, e restou a Doria descumprir promessa de campanha e renunciar ao mandato para disputar o governo estadual, não sem antes enfrentar uma segunda prévia partidária, que venceu com folga.

Na campanha, descolou-se de Alckmin diante da desidratação da postulação presidencial do ex-aliado, o que lhe rendeu acusações de deslealdade, e, no segundo turno, buscou colar no então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, lançando o slogan “Bolsodoria”, que ajudou a lhe dar uma vitória apertada, mas passou a persegui-lo após tornar-se desafeto de Bolsonaro, principalmente durante a pandemia de Covid-19.

Elogiado por aliados como gestor competente, que traz para a administração pública sua bem-sucedida experiência no setor privado, Doria costuma ser firme na cobrança a auxiliares e hábil na divulgação das ações de seu governo, o que leva adversários a rotulá-lo de “marqueteiro”.

Nas reuniões de secretariado, que contam com a presença de empresários, membros da sociedade civil e jornalistas convidados, é possível vê-lo chamar a atenção de auxiliares que não estejam prestando atenção e pressionar pelo cumprimento de prazos e metas.

Ao mesmo tempo, coleciona ataques e trocas de farpas com figuras históricas do PSDB –tornou-se viral um vídeo em que, já prefeito, chamou o ex-deputado Alberto Goldman de “improdutivo” e “fracassado”. Mais recentemente, entrou em rota de colisão com o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), ao defender sua expulsão do partido por conta de denúncias de corrupção. A tese de Doria foi derrotada na legenda e ele tem atualmente no mineiro seu maior rival interno.

Teve ainda atritos com aliados históricos de seu partido. O presidente do DEM, ACM Neto, quando da saída do vice-governador paulista, Rodrigo Garcia, do DEM para o PSDB, acusou Doria de ter “postura desagregadora” e chegou a descartar uma eventual aliança caso ele seja o candidato tucano ao Planalto.

Ao mesmo tempo, Doria é reconhecido mesmo entre integrantes da esquerda por ter trazido a primeira vacina contra Covid-19 ao Brasil, a CoronaVac, e por ter contribuído, na sua busca pelo imunizante, a pressionar o governo federal a correr atrás de vacinas, apesar da postura de Bolsonaro contrária à vacinação.

Aclamado por aliados como “pai da vacina”, Doria terá, aliás, no histórico de busca pelo imunizante seu principal ativo político caso vença as prévias de domingo e dispute o Planalto.

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