Petrobras (PETR4): ‘É hora de apertar os cintos’, diz CEO em meio à queda do petróleo

A CEO da Petrobras (PETR4), Magda Chambriard, afirmou, em diversos momentos da teleconferência de resultados da estatal, que o momento é de “austeridade” e controle de custos, para enfrentar a queda do petróleo.
No trimestre, o Brent — tipo utilizado como referência pela Petrobras — perdeu US$ 20, saindo da casa dos US$ 85 para os atuais US$ 65.
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“Quando o preço sobe, nós temos mais conforto para largar as nossas ideias. Quando o preço desce, é hora de apertar os cintos”, afirmou.
Segundo ela, o petróleo nesse patamar exige simplificação de projetos, garantia de boas margens de comercialização, redução significativa de custos e “muita cooperação entre as diversas áreas da companhia em prol dos melhores resultados possíveis para o nosso negócio”.
“Isso é o que nós já estamos endereçando e é isso que todas as grandes petroleiras estão fazendo. E nós, por óbvio, não poderíamos deixar de praticar esse esforço em prol de melhores resultados num cenário desafiador.”
O lifting cost (custo de extração do petróleo) permaneceu estável no trimestre. No entanto, a alavancagem líquida está agora em 1,45 vez, e a dívida bruta alcançou US$ 65 bilhões, com o barril a US$ 70, o que, segundo analistas, deixa uma margem de segurança mais apertada.
Visão 2050
Ainda segundo Chambriard, a Petrobras está confiante de que irá colocar em prática o plano Visão 2050, que inclui transição energética justa e segurança energética.
Apesar disso, a CEO destacou que a estatal vai se ajustar ao petróleo a US$ 65, “considerando a necessidade de vencer esses desafiadores obstáculos que a redução dos preços nos impõe. E vamos fazer isso com medidas de preservação de caixa, corte de gastos e disciplina de capital“.
“Isso é parte dos nossos valores: o compromisso com o Brasil, com os nossos investidores — sejam eles governamentais ou privados. Tudo isso faz parte dos nossos princípios e é por isso que vamos continuar investindo e focando em projetos de maior financiabilidade.”
Petrobras: Dois pontos acendem alerta de analistas
Os números do primeiro trimestre de 2025 da Petrobras frustraram as estimativas de diversos analistas.
De janeiro a março, o lucro líquido atingiu R$ 35,2 bilhões, alta de 48,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O Capex (investimentos) foi de US$ 4,1 bilhões no período, 29,1% inferior ao quarto trimestre de 2024. Por outro lado, representa um aumento de 33,6% na comparação anual.
Para o BTG Pactual, os resultados não foram excelentes, mas também não foram decepcionantes.
A equipe de analistas liderada por Luiz Carvalho pontua que o Capex, que era uma preocupação para parte do mercado, se normalizou após o pico do trimestre anterior. Segundo eles, isso aponta para a projeção de 2025, com dividendos levemente abaixo do consenso para o 1T25.
Os analistas observam ainda que o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 62,3 bilhões, com crescimento trimestral de 8%, foi impulsionado principalmente por maior volume de produção, spreads de refino mais elevados e melhora nos preços do petróleo.
“Temos mantido a Petrobras como nossa top pick no setor de petróleo & gás na região há algum tempo, devido à sua defensividade em um mercado mais volátil, operações sólidas, custos competitivos, bom yield de dividendos e valuation atrativo”, diz o BTG.