É hora de comprar Brasil? Investidores dos EUA seguem otimistas com a bolsa por 4 motivos

Após a entrada de bilhões de dólares em setembro na bolsa, os investidores dos Estados Unidos continuam otimistas com o Brasil. Pelo menos, essa é a percepção da XP Investimentos após uma rodada de conversas.
Segundo os estrategistas, quatro motivos atraem os investidores norte-americanos para o mercado acionário brasileiro. O primeiro deles é a percepção de que o ciclo de afrouxamento monetário nos EUA e um dólar mais fraco favorece os mercados emergentes, como o Brasil.
Em segundo lugar, os investidores acreditam que a economia brasileira já atingiu um “pico dos juros” com a Selic a 15% ao ano e a expectativa é de um corte de três pontos percentuais no próximo ciclo de afrouxamento.
Além disso, a escassez de boas alternativas em outros mercados emergentes também é um atrativo, com muitos investidores aumentando exposição à América Latina – especialmente Brasil e México.
O valuation da bolsa brasileira ainda segue “barato”, com fundamentos microeconômicos vistos como sólidos.
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Onde os gringos estão investindo?
Para os estrategistas da XP, os investidores dos EUA têm “grande” interesse em setores domésticos e sensíveis à taxa de juros como Bancos, Elétricas & Saneamento, Construção Civil e Infraestrutura.
“Os investidores buscam valor em nomes que ficaram para trás, como Localiza (RENT3), WEG (WEGE3), RD Saúde (RADL3), Bradesco (BBDC4), entre outros”, afirmaram Fernando Ferreira, Felipe Veiga, Lucas Rosa e Raphael Figueiredo, em relatório.
“Os maiores consensos de posicionamento são Nu, Itaú e Mercado Livre – embora em relação ao último, e ao setor de Varejo, observamos preocupações maiores diante da desaceleração econômica no Brasil e da concorrência”, acrescentaram.
A equipe também destaca que há um interesse maior do que o usual em small caps, “que vêm apresentando forte desempenho no ano”.
“O valuation das ‘líderes’ (ações com maior liquidez e boa dinâmica de lucros) é visto como menos óbvio após o rali recente”, diz o relatório.
Riscos à frente
A XP, por sua vez, não descarta os riscos à frente que podem “minar” o interesse dos investidores dos EUA. Entre eles está a possível retomada da inflação local, principalmente se o estímulo fiscal for significativo em um ano eleitoral.
O “trade eleitoral” também está na mesa, já que nesse período anterior às eleições é, comumente, mais volátil.
Além do cenário doméstico, os fatores externos entram na conta: um possível fortalecimento do dólar e uma postura “mais dura” do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).
“Um dólar mais forte e menos cortes de juros do que o esperado podem pesar sobre ativos de risco de emergentes, incluindo o Brasil, que vem sendo um dos principais beneficiários dos cortes do Fed”, afirmaram os estrategistas da XP.