É hora de comprar Gerdau (GGBR4)? Itaú BBA destaca lucratividade em 2026
O Itaú BBA avalia que a Gerdau (GGBR4) está retomando sua trajetória de recuperação da lucratividade no Brasil, apoiada pelo projeto da unidade de Miguel Burnier (MG), programado para começar em fevereiro de 2026.
“Após reconquistar participação de mercado, a Gerdau volta a focar na lucratividade. O prêmio de preço doméstico sobre produtos importados continua baixo (cerca de 3% acima do preço do vergalhão importado do Egito), e aumentos recentes de preços spot indicam um bom início para 2026″, destacam os analistas do banco.
Segundo o BBA, a siderúrgica deve registrar leve queda de margem no 4º trimestre (4T25) devido a três fatores:
- paradas de manutenção programadas em novembro e dezembro;
- sazonalidade mais fraca, com desaceleração na distribuição e em projetos de infraestrutura;
- e menor demanda por aço especial, motivada por cortes de produção dos OEMs.
Em contrapartida, em 2026, as margens devem se beneficiar do projeto de mineração no Brasil, com start-up previsto para fevereiro, trazendo redução de custos anual estimada em cerca de R$ 400 milhões, e de um leve impulso cíclico, com juros menores, alguns editais de infraestrutura e recuperação gradual do setor agrícola.
Com isso, a empresa passa a contar com uma base de custos estruturalmente menor a partir de 2026, enquanto os preços começam a subir. A Gerdau também mantém a preferência por recompra de ações em vez de dividendos extraordinários.
América do Norte e América do Sul
O desempenho da Gerdau na América do Norte mostra estabilidade no curto prazo, com perspectivas construtivas para 2026. A demanda nos Estados Unidos segue robusta, mas varia por produto: o PMI manufatureiro mais fraco reduz a procura no mercado, enquanto setores como data centers, transmissão e indústria sustentam a demanda por vigas.
Os preços de vergalhão podem se beneficiar de ações comerciais recentes, mas os preços de sucata caem diante do excesso de oferta local, resultante da menor exportação para a Turquia. A administração projeta margem EBITDA estável em torno de 20% no 4T25, com backlog de em torno de 70 dias.
Um ponto de atenção, segundo o banco, é a parada de manutenção de 45 dias em Midlothian, prevista para setembro-outubro de 2026, que deve elevar custos e afetar volumes.
Na América do Sul, excluindo o Brasil, a margem de meados dos dois dígitos se mantém. Os resultados do 3T25 cresceram em relação ao trimestre anterior, mas o 4T25 deve apresentar custos mais altos por paradas de manutenção, parcialmente compensados pela sazonalidade positiva no Peru, onde novembro e dezembro são historicamente mais secos.
A Argentina continua enfrentando demanda restrita após um 2T25 atipicamente fraco, com parcial normalização no 3T25. A administração considera cerca de 15% como nível de margem sustentável para a região.
No geral, a companhia mantém visão construtiva para suas operações internacionais, apostando em estabilidade de margens na América do Norte e na manutenção da rentabilidade na América do Sul, enquanto monitora cuidadosamente custos de manutenção e impactos sazonais.
Ações comerciais e fluxo de caixa
A Gerdau se mostra otimista em relação às ações comerciais nos EUA e no Brasil. Nos EUA, o shutdown do governo atrasou as conclusões preliminares do antidumping de vergalhões, mas a aprovação das medidas protecionistas ainda é esperada. O impacto direto recai sobre os vergalhões, mas comerciantes podem se beneficiar caso as usinas redirecionem capacidade. Tarifas vigentes devem reduzir ainda mais a participação de importações no consumo aparente.
No Brasil, a companhia acompanha com otimismo as investigações antidumping em andamento, embora reconheça que o processo seja lento. Em conjunto, essas medidas podem oferecer suporte aos preços em 2026, conferindo estabilidade ao mercado interno.
O fluxo de caixa livre permanece sólido, e a recompra de ações continua sendo a alavanca preferida para o uso do caixa excedente. A empresa prevê liberação sazonal de capital de giro no 4º trimestre, historicamente maior que no 3º, reforçando liquidez para operações e investimentos.
Quanto ao CAPEX, cerca de 90% da orientação de R$ 4,7 bilhões para 2026 já foi aprovada pelo conselho, e os investimentos devem diminuir em 2026 e permanecer baixos em 2027. A grande reforma do alto-forno foi adiada para 2028, evitando pressões adicionais de capex. Dividendos extraordinários não estão previstos em 2025, dado o perfil de longo prazo dos acionistas de referência.
Hora de comprar Gerdau?
O Itaú BBA mantém a recomendação de compra das ações da Gerdau, com preço-alvo para 2026 de R$ 24, o que representa um potencial de valorização de cerca de 29%.