Investimentos

Pânico no mercado: Estrategista do Santander responde se é hora de vender bolsa e comprar renda fixa

11 abr 2025, 7:00 - atualizado em 10 abr 2025, 22:31
Caio Camargo
Apesar dos temores, e da volatilidade da bolsa, o momento pede cautela, diz o estrategista-líder do Santander, Caio Camargo, em entrevista ao Money Times. (Imagem: Divulgação)

Momentos de sell off, ou queda acentuada do mercado, ocorrem de tempos em tempos e sempre colocam investidores à prova.

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Desde o início do século, por exemplo, o mercado vivenciou pelo menos três grandes liquidações: o 11 de setembro, a crise de 2008 e, mais recentemente, a pandemia da Covid-19.

Agora, as tarifas de Donald Trump ameaçam jogar o mundo em uma recessão. 

Apesar dos temores, e da volatilidade da bolsa, o momento pede cautela, diz o estrategista-líder do Santander, Caio Camargo, em entrevista ao Money Times.

Isso porque os fatos ainda estão se desenrolando.

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Na última quarta, por exemplo, o Ibovespa saltou em minutos, enquanto as bolsas americanas fecharam em disparada de quase 10% após Trump pausar as tarifas por 90 dias, exceto para a China. Ou seja, quem vendeu antes, pode ter perdido parte da recuperação dos ativos.

“Quando olhamos o curto prazo, [a bolsa] tende a ser mais de oscilação realmente, mas quando olhamos a foto mais longa, ela acaba atenuando isso. Então, acho que o grande ponto é esse: aguardarmos passar esse movimento, ver aonde vai se assentar”, disse.

O estrategista compara o fenômeno a areia no fundo do mar: quando bate o pé, ela sobe, mas depois assenta de novo. “Então, tem que esperar a areia assentar. Não tem muito o que fazer”.

Ele recorda ainda que se analisarmos as crises passadas — a pandemia foi uma coisa sem precedente na história —, o mercado recuperou os preços, e super bem, diga-se de passagem. 

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“O negócio é ter paciência. É cíclico: tudo que cai, sobe; tudo que sobe, cai. É voltar para a sua carteira e olhar para ela. Ela está de acordo com o meu perfil? O meu objetivo mudou? Não me importa muito o que está acontecendo agora. Se eventualmente essa mudança tiver um efeito estrutural em alguma coisa, aí, sim, nós vamos reavaliar a carteira”, destaca.

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Evite os extremos

Se vender todo o seu portfólio em bolsa, por exemplo, para correr para a renda fixa visando estancar a sangria não faz sentido, comprar porque caiu demais pode ser outra armadilha, explica Camargo.

“A tese continua lá? Eu também não acho que é para isso. Acho que é realmente mais a cautela. Caiu? Espera. Novos aportes?  Eu tomaria um pouco de cuidado com essas regrinhas de bolso do “caiu, compra”,“caiu, sai e vai para a renda fixa”. Esses cavalos de pau geralmente não são eficientes”.

A questão, segundo o estrategista, é que tomar decisões de investimentos com base no emocional, não costuma dar certo. Camargo conta que nunca alterou uma recomendação enquanto os ânimos estavam a flor da pele.

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“Nem em pandemia, nem em guerra. À luz da Ucrânia, já fui para War Room para decidir o que fazer. E no fim, a decisão foi: mantemos um pouco, vamos esperar, ver o que acontece. Porque, de novo, a poeira baixa”.

Claro, ressalta, não é para ficar imóvel diante das notícias. “Mas no fim das contas, a coisa é aquela história: sobe no boato, cai no fato, e vice-versa”. 

Ainda segundo ele, o mercado continua com bastante oportunidade. Inclusive, esses altos e baixos abrem janelas para o investidor, a depender do grau de ‘desaforo’ e do objetivo.

“Se você tem um objetivo de longo prazo, por exemplo — por coincidência, eu vou precisar abrir o home broker, porque caíram os dividendos — talvez eu aproveite para minha carteira mais agressiva lá fora para comprar alguma coisa de ações. Não sei. Mas é muito complicado”.

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E sempre o disclaimer: cuidado com as posições de risco que vai tomar. Reavalie o seu objetivo. Está de acordo? Tem prazo? Tem apetite?

“Acho que há boas oportunidades, sem dúvida”.

Quando a bolsa pode recuperar?

Dan Kawa, da gestora de fortunas We Capital, explica que alguns indicadores técnicos de curto-prazo até indicam que poderemos ter algum “rebote” de curto-prazo, mas algum “evento” (ou novidade) terá que ocorrer para frear este movimento negativo.

“Quando movimentos desta magnitude e velocidade acontecem, sempre eleva-se o risco de algum acidente financeiro pelo caminho, com alguma instituição apresentando problemas maiores e podendo gerar contágio ao resto do mercado e à economia global. Assim, será importante entender o que será feito (ou não) para frear essa deterioração de mercado”, diz.

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Kawa diz que esses eventos costumam acabar quando:

  1. o mercado encontra um novo equilíbrio de preços e posição técnica; e/ou
  2. os bancos centrais atuam de maneira mais agressiva e assertiva; e/ou
  3. o governo dos EUA reverta parte ou a totalidade das tarifas implementadas.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.