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Analistas pregam ‘otimismo cauteloso’ com mercado de ações no segundo semestre; veja onde investir após alta de 15% do Ibovespa

01 jul 2025, 20:15 - atualizado em 01 jul 2025, 17:27

Mesmo com os “trancos e barrancos” causados pelo cenário macroeconômico interno e externo, no primeiro semestre de 2025 o Ibovespa (IBOV) conseguiu a entrada de mais de R$ 20 bilhões de capital estrangeiro em meio à forte desaceleração do dólar ante o real. No período, o principal índice da bolsa brasileira avançou 15,44% e registrou o melhor semestre desde 2016.

O questionamento que fica no mercado é se o movimento representa mais um “voo de galinha” ou se há oportunidades no cenário doméstico brasileiro.

No evento Onde Investir 2025 — 2º Semestre, realizado pelo Seu Dinheiro com apoio do Money Times, Lucas Stella, head de research da Santander Asset Management, Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research e Gustavo Heilberg, da HIX Capital, contaram as perspectivas para a bolsa brasileira e as oportunidades em diferentes setores para a segunda metade do ano.

Para Larissa Quaresma, ser ou não um voo de galinha é a pergunta de um milhão de dólares quando se trata do Ibovespa, uma vez que o Brasil sofre com problemas estruturais do lado fiscal. No entanto, a analista acredita no potencial da bolsa.

Ela avalia que neste primeiro semestre houve uma descompressão de risco, com o global ajudando muito e o local não atrapalhando tanto. Entre os gatilhos para o desempenho do índice na segunda metade do ano está a expectativa pelo início do ciclo de corte da taxa básica de juros (Selic), esperada para o início de 2026, que irá fazer muita diferença tanto em múltiplos quanto em lucro por ação.

“Ainda tem bastante potencial de alta na bolsa brasileira, mas sabendo que vai ter volatilidade no caminho. Como boa bolsa emergente, nunca é sem emoção”, coloca Quaresma.

Na avaliação de Lucas Stella, do Santander, a perspectiva de um bom desempenho para a bolsa brasileira está muito mais atrelada ao cenário externo do que ao interno. Na visão do analista, uma oportunidade se abriu para mercados emergentes, com a concentração dos investimentos nos Estados Unidos se dissipando um pouco.

“O investidor que está alocado em bolsa americana, que está relativamente cara, e vê de repente o dólar começar a desvalorizar, tem um gatilho para voltar a diversificar. E esse dinheiro vem para mercados emergentes, Brasil entre eles, extremamente baratos. Eu acho que esse pano de fundo continua para o segundo semestre. Estou otimista, com os pés no chão”, pondera.

“Achamos que é para continuar comprado em ações brasileiras, dado o cenário otimista, com cautela”, completa o analista do Santander.

O gestor Gustavo Heilberg complementa que o mercado brasileiro tem grande participação de commodities, que estão, até o momento, com preços em níveis históricos baixos. Dessa maneira, ele vê que, sim, o cenário segue interessante.

Ele chama atenção para o fator de que é que a Bolsa não se resume ao Ibovespa,. Dessa maneira, pontua que é possível expandir a análise e olhar para o índice small caps, onde é possível encontrar ainda mais potencial de resultados em setores como serviços públicos básicos, conhecido como utilities.

Os riscos para ficar de olho no 2º semestre

A ordem agora é uma combinação de otimismo com cautela, pois há riscos para se atentar no segundo semestre do ano, envolvendo desde conflitos geopolíticos até o rumo dos Estados Unidos.

Para Larissa Quaresma, um dos principais pontos de atenção está no Oriente Médio, com o conflito Irã e Israel fomentando aversão ao risco de forma global, além do impacto no preço do petróleo.

Do lado doméstico, a analista chama atenção para o fiscal, uma vez que, ainda que o governo Lula esteja trabalhando para o cumprimento do arcabouço, falta um caminho para a resolução do fiscal brasileiro.

Lucas Stella adiciona como risco uma reversão do fluxo que o Brasil conseguiu nos últimos seis meses, vindo como consequência dos movimentos de Donald Trump com as tarifas, críticas ao Federal Reserve e alerta com o fiscal dos Estados Unidos.

Segundo o analista, uma mudança de cenário onde o “excepcionalismo americano” volte a dominar ou um cenário de recessão muito forte podem prejudicar os bons ventos para os emergentes.

“O que funciona bem para os emergentes é quando os Estados Unidos está no meio do caminho”, pondera.

Gustavo Heilberg desmembra a questão fiscal e pontua que eventual aumento na tributação e seus impactos nas empresas representam um grande risco para aquelas que não conseguem repassar esses aumentos para o preço.

Onde investir?

Para o segundo semestre do ano, Larissa Quaresma aponta um gradual aumento da exposição a nomes mais sensíveis a juros. “Mas, de forma geral, achamos que ainda não é hora de correr muito risco na execução”.

A analista indica a Cosan (CSAN3) que, apesar de ser um nome que é um pouco fora do consenso, pode ser uma das teses mais sensíveis a um corte nos juros e que se beneficia positivamente. O contrário é verdadeiro também.

“Ela também é sensível para baixo, mas é um turnaround (reestruturação) que a gente acredita que é muito possível, com um processo de desalavancagem extremamente viável porque tem muito ativo lá dentro”, pondera,

Já Lucas Stella aponta que a principal posição do fundo hoje é Copel (CPLE6). O analista pontua o crescimento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e o potencial para pagamentos de dividendos.

Já Heilberg, da HIX Capital, aponta que as duas maiores posições hoje na gestora são a Eneva (ENEV3) e a Orizon (ORVR3), ambas do setor de infraestrutura e energia.

Os analistas revelaram ainda ações fora do radar que valem atenção na segunda metade de 2025. Veja as análises e recomendações na íntegra:

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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