Coluna do André Galhardo

Economia na semana: IPCA-15 deve desacelerar e BC chinês manterá taxa de juros inalterada

19 out 2025, 16:37 - atualizado em 19 out 2025, 16:39
Banco Central, Agenda, Economia, Mercados, Brasil, EUA, Ata do Copom, CPI
Mais um dia de folga para o mercado: semana terá feriado na quarta-feira, 20 (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A penúltima semana de outubro será marcada pela divulgação de indicadores que devem reforçar o cenário de moderação econômica, tanto no Brasil quanto no exterior.

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Por aqui, o destaque fica para o IPCA-15 de outubro, prévia da inflação oficial divulgado na sexta-feira (24), que deve mostrar desaceleração para perto de 0,30%, sinalizando continuidade do processo de desinflação doméstica.

Também estão no radar os dados de transações correntes, que podem apontar o maior déficit para meses de setembro da série histórica, diante da combinação de superávit comercial menor e déficits crescentes em serviços e rendas primárias.

No exterior, o mercado acompanha a divulgação do PIB da China, publicado ainda neste domingo, que deve confirmar uma desaceleração no terceiro trimestre, e a decisão do Banco Central chinês, também hoje, que tende a manter as taxas de juros inalteradas.

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IPCA-15 deve desacelerar no mês, sinalizando desinflação

O IPCA-15 de outubro deve registrar variação próxima de 0,30%, o que representa desaceleração em relação aos 0,48% observados em setembro.

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No mês passado, a prévia da inflação oficial refletiu, em parte, a recomposição das tarifas de energia elétrica após o fim do chamado bônus de Itaipu. Neste mês, sem o impacto pontual da energia, o indicador deve perder força, influenciado inclusive pela redução da bandeira tarifária de vermelha patamar 2 para vermelha patamar 1.

A desaceleração do IPCA-15, combinada aos percentuais mais recentes dos preços ao produtor e ao espaço que a Petrobras ainda possui para reduzir o preço da gasolina, pode abrir caminho para o cumprimento da meta de inflação neste ano.

Déficit recorde em transações correntes para setembro

Dados da Secex indicam que a balança comercial apresentou superávit de apenas US$2,99 bilhões no mês, reflexo do avanço expressivo das importações, impulsionadas tanto pela valorização cambial e pela expansão da atividade doméstica quanto pela entrada pontual de uma plataforma de petróleo.

A redução do superávit comercial, somada ao aprofundamento dos déficits nas contas de serviços e de rendas primárias, tende a elevar o déficit em transações correntes para acima de US$ 9 bilhões, o maior valor nominal já observado para o período.

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Por outro lado, o fluxo de investimentos diretos no país segue resiliente, devendo superar US$ 4 bilhões em setembro, acima dos US$3,9 bilhões registrados no mesmo mês de 2024, o que evidencia a continuidade da confiança externa na economia brasileira.

Confiança do consumidor em outubro deve atrair atenção especial do mercado

Após um período prolongado de queda e estagnação em patamar baixo, a recuperação observada em setembro, o maior nível em nove meses, levanta dúvidas sobre sua sustentabilidade.

O foco agora é entender se o avanço recente reflete apenas um ajuste pontual ou o início de um movimento de retomada após a forte deterioração registrada desde o início de 2025.

Como a melhora em setembro concentrou-se nos indicadores de expectativa, enquanto a percepção da situação atual recuou, a avaliação de que se trata de uma recuperação mais consistente ainda deve ser vista com ceticismo.

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Banco Central chinês deverá manter taxa de juros.

O Banco Central da China deve manter inalterada ambas as taxas de juros do país: 3,0% a taxa para empréstimos de 1 ano e 3,5% para o prazo de 5 anos.

A autoridade monetária do país deve manter-se em compasso de espera até a divulgação dos dados de atividade econômica, especialmente o PIB.

Caso o resultado do PIB venha abaixo da meta estabelecida pelo governo (próxima a 5%), é possível que haja uma redução na próxima reunião, dado que o país não apresenta pressões inflacionárias.

PIB chinês pode ter desacelerado no 3º trimestre

O resultado do PIB da China está previsto para apresentar desaceleração tanto na comparação trimestral como na anual.

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Na margem, a expectativa é de expansão de 0,8% na comparação com o 2º trimestre, já na anual, o crescimento estimado é de 4,7%, abaixo dos 5,2% observados anteriormente.

Caso as expectativas se concretizem, abre espaço para que o Banco Central inicie o processo de afrouxamento monetário para dar mais tração à atividade econômica

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Consultor Econômico da plataforma Remessa Online
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.
andre.galhardo@autor.www.moneytimes.com.br
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.