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Economia X coronavírus: 3 lições da crise de 2008, segundo o Bank of America

08 abr 2020, 18:04 - atualizado em 08 abr 2020, 18:04
Coronavírus
Jogada de risco: mercado ainda não precificou totalmente a crise, segundo o BofA (Imagem: Pixabay/cromaconceptovisual)

Tempos extremos requerem medidas extremas – e, para o Bank of America, este é o caso da pandemia de coronavírus que assusta o mundo neste momento. Mas, isso também foi verdade em 2008, quando o estouro da bolha imobiliária dos EUA desencadeou uma crise financeira sem precedentes.

A reação dos mercados e dos governos, naquela época, pode nos mostrar o que virá.

Essa é a tese de Carol Zangh, que assina o relatório do BofA , ao qual o Money Times teve acesso. Segundo ela, há mais semelhanças, que diferenças, entre 2008 e 2020. Em ambos os casos, a velocidade e a magnitude da reação política e de autoridades monetárias inédita.

Em menos de um mês, recorda Carol, o Federal Reserve (banco central dos EUA) lançou um pacote de medidas, que envolveram o socorro a bancos, estímulos para ampliar a liquidez.

O Tesouro americano lançou o TARP, programa de recompra de ativos afetados pela crise (os conhecidos derivativos de “destruição em massa”).

Desatento

O BofA encontra semelhanças com o atual momento. “O mercado está focado, atualmente, na contagem de casos de Covid-19, e não reage ao enfraquecimento dos dados econômicos, já que a desaceleração é planejada”, diz.

E acrescenta: “contudo, o mercado não está precificando o posterior choque nos sentimentos e nas atividades, após o pico da curva da Covid-19. Assim como em 2008, acreditamos que o mercado chegará, eventualmente, a um acordo sobre os custos econômicos de longo prazo, e vemos outra jogada de risco puxando os yields para baixo”.

Fed: forte reação do banco central americano é semelhante à de 2008 (Imagem: Reprodução/Facebook/Federal Reserve)

Por isso, Carol lista três lições da crise de 2008 que podem ser úteis para prever a reação do mercado à pandemia de coronavírus.

1. O tamanho da reação política é proporcional à magnitude da crise

“Diante de uma crise sem precedentes, a resposta política sempre necessitará ser agressiva. Foi assim em 2008, e é assim hoje”, diz o relatório. Mas, para o BofA, à medida que a crise continua, as medidas fiscais e monetárias servem apenas “para aliviar a dor”.

O banco acrescenta que, “enquanto não estivermos fora de perigo, não faltará munição às autoridades, e se deseja que sejam enfáticas e criativas”.

2. A virada do mercado coincide com a volta da confiança e do apetite ao risco

O relatório recorda que as taxas dos títulos americanos de 10 anos chegaram ao fundo do poço em dezembro de 2008, quando o Fed cortou a taxa de juros para zero. Foi o momento em que os mercados começaram a voltar ao normal, a aversão ao risco caiu e as emissões de títulos de empresas recomeçaram.

O BofA lembra, também, que, apesar do cenário econômico negativo, a confiança dos consumidores baixou para o seu nível mais baixo no fim de 2008, e iniciou sua recuperação em 2009.

3. Número de doentes pesa agora; dados econômicos pesarão depois

A instituição afirma que a grande diferença entre 2008 e 2020, é que a freada da economia, desta vez, foi planejada na esteira das medidas de isolamento social para conter a pandemia. Para a analista, isso explica a pequena reação dos mercados à deterioração dos dados econômicos.

Por ora, a premissa do mercado é de que, pouco importa quanto dure a pandemia, poderemos reparar os danos econômicos rapidamente. “Contudo, acreditamos que o mercado não precificou o enfraquecimento da economia que persistirá, mesmo após o pico do contágio”, adverte.

A analista observa que, no intervalo de apenas poucas semanas, as fortes medidas de isolamento social e suspensão de atividades não essenciais impactaram o mercado de trabalho, a confiança dos consumidores e o apetite ao risco dos investidores.

Precificar um cenário desses, Carol prossegue, significa que o princípio do “manter baixo por algum tempo” se transformou em “manter mais baixo, por mais tempo”. “E os yields americanos podem ver uma nova baixa, como resultado de uma jogada de risco”, conclui.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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