Economista vê Copom ‘sem emoção’, mas mudanças sutis na comunicação do BC podem animar o mercado
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira (5) não deve trazer grandes surpresas. Segundo Andrea Damico, economista-chefe da consultoria Buysidebrazil, o Banco Central (BC) vai manter a Selic no patamar de 15% ao ano.
No entanto, em entrevista ao Giro do Mercado, apresentado pela jornalista Juliana Caveiro, a especialista ressaltou que apesar de não alterar a taxa básica de juros, o BC deve mudar o tom do comunicado, mesmo que de forma sutil.
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“Acreditamos que deve haver mudanças sutis, porque o BC tem mantido um tom mais duro nas comunicações anteriores, mas algumas concessões ou atualizações devem aparecer, principalmente do ponto de vista da inflação corrente e das expectativas”, afirmou.
Para Damico, a economia segue mostrando sinais mistos — com um mercado de trabalho ainda resiliente, mas com indícios de desaceleração em setores como indústria, investimentos, comércio e serviços.
No campo inflacionário, a economista destacou avanços recentes no processo de desinflação. “Vimos nesses últimos 45 dias uma reancoragem das expectativas de inflação um pouco maior do que aquela que aconteceu nos 45 dias anteriores a eles”, disse.
A economista também comentou sobre o papel de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central. Na avaliação dela, o dirigente tem mantido postura técnica, mesmo sob pressões políticas.
“Ele está mais próximo do corpo técnico do Banco Central do que vulnerável a decisões políticas. Acredito que, em janeiro, já haverá condições técnicas para uma queda de juros, mas não por pressão política — e, sim, pelo cenário econômico”, afirmou.
A economista disse que considera pouco provável uma redução da Selic em dezembro por conta da comunicação ainda muito dura do BC nos últimos comunicados.
Cenário externo e ações
Sobre o ambiente internacional, Damico disse que uma pausa no ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro não deve alterar a perspectiva de início de afrouxamento monetário no Brasil no início de 2026.
“Mesmo se o Fed não cortar em dezembro, o diferencial de juros ainda é muito grande. A não queda do Fed deixa o cenário um pouco mais complexo no curto prazo, mas não muda nossa visão de corte em janeiro”, afirmou.
Ela ressaltou que a redução das incertezas globais, após encontros entre líderes de Estados Unidos, China e Brasil, é um fator positivo, mas ponderou que o discurso mais duro do Fed foi uma má notícia, ao impulsionar o dólar e pressionar moedas emergentes.
Por fim, Andrea Damico atribuiu o rali recente do Ibovespa (IBOV) à combinação de fatores externos e à expectativa de queda da Selic no Brasil.
“Estamos surfando o driver externo da recuperação das bolsas globais, mas também há um componente doméstico importante: a expectativa de corte de juros. Se o BC reconhecer que a inflação corrente e as expectativas estão melhores, pode continuar impulsionando o índice”, disse.
O programa ainda abordou o desempenho dos mercados globais e outros destaques corporativos. Para acompanhar o Giro do Mercado na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube, onde também será transmitida uma edição especial do programa ainda hoje, após a decisão do Copom.
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