Economista vê surpresa negativa no IPCA, mas afirma que dados qualitativos seguem positivos; veja análise sobre juros
O IPCA-15 de novembro veio ligeiramente acima do esperado pela maior parte do mercado. Enquanto a expectativa era de uma alta de 0,18%, a prévia da inflação apresentou uma alta de 0,20%.
No Giro do Mercado desta quarta-feira (25), a jornalista Paula Comassetto recebeu Leonardo Costa, economista da Asa, para analisar os dados. Segundo ele, o movimento não preocupa no curto prazo.
Para Costa, embora tenha havido uma surpresa negativa, o dado apresenta um “qualitativo benigno”, já que o resultado foi pressionado sobretudo por itens voláteis, como passagens aéreas e hospedagens, impactadas fortemente pela COP30, em Belém.
De acordo com as estimativas do economista, as hospedagens registraram alta de mais de 150% na capital paraense, por exemplo. O efeito total da COP30 pode ter impactado até 4 pontos-base ao IPCA, ou um percentual de 0,04%.
“Quando olhamos para o qualitativo, descontando esses itens mais voláteis, o IPCA voltou a ser benigno. Já deve ser o terceiro mês consecutivo que vemos uma desaceleração na inflação subjacente de serviços”, afirmou.
Costa destacou que esse comportamento reforça a tendência de queda das expectativas nas últimas divulgações do Boletim Focus e que os itens voláteis devem arrefecer já em dezembro.
Banco Central deve manter discurso duro
Apesar do alívio nos núcleos de inflação, o economista pondera que isso ainda não deve ser suficiente para alterar de imediato a postura do Banco Central (BC).
“O comunicado do BC têm se mantido bastante duro. Me parece que o BC está correndo atrás de retomar a confiança do mercado. Mesmo que os dados do IPCA-15 sejam benignos, ainda não devem ser suficientes para indicar um corte de juros”, disse.
Na projeção da Asa, o início do ciclo de cortes só deve ocorrer a partir de março de 2026. “A linguagem pode ir suavizando, mas a leitura do comunicado ainda é bastante dura”, afirmou Costa.
Segundo ele, o Federal Reserve (Fed) deve mesmo efetuar mais um corte de juros ainda este ano, mas o cenário já estaria precificado e não deve alterar a postura do BC.
Em relação ao mercado de capitais, o especiaista mantém uma visão otimista para o fim do ano e o início de 2026, com o consumo possivelmente impulsionado pela desoneração do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês.
O programa ainda abordou o desempenho dos mercados globais e outros destaques corporativos. Para acompanhar o Giro do Mercado na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube.
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