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Efeito La Niña? Queimadas na Amazônia crescem 65% de janeiro a abril, aponta IPAM

17 maio 2023, 9:18 - atualizado em 17 maio 2023, 9:18
Queimadas Amazônia
Ao todo, Roraima responde por 72% dos focos de queimadas registrados nos primeiros 4 meses do ano, seguido por Mato Grosso e Pará, diz IPAM (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)

Nos primeiros quatro meses do ano, a Amazônia registrou alta de 65% na área queimada na comparação com o período entre janeiro e abril de 2022.

O bioma teve 1,3 milhão de hectares atingidos, que representam 91% de todas as queimadas no Brasil neste ano. Os dados são do Monitor do Fogo, iniciativa do MapBiomas, em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

Na avaliação de pesquisadores, a fase mais amena do fenômeno climático La Niña explica em parte os números elevados.

“Um dos fatores que pode ter contribuído para o aumento está relacionado à transição do La Niña, que durou três anos, para uma condição de neutralidade. O La Niña traz mais umidade para a Amazônia, o que dificulta a propagação do fogo. ”, diz Felipe Martenexen, pesquisador no IPAM.

No entanto, o pesquisador ressalta que a relação entre o fenômeno e a ocorrência de queimadas pode ser influenciada por atividades humanas, práticas agrícolas, além de políticas de prevenção e controle de incêndios

Foco das queimadas

O estado de Roraima concentrou 72% das queimadas do país nos primeiros quatro meses de 2023. Ao todo, foram 1 milhão de hectares atingidos, avanço de 95% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Os municípios Normandia, Pacaraima e Boa Vista, todos em Roraima, tiveram a maior área queimada: 331 mil hectares, 245 mil hectares e 140 mil hectares, respectivamente.

Na sequência vêm Mato Grosso e Pará, com 113 mil hectares e 81 mil hectares queimados, respectivamente. Os dois estados respondem por 12% da área queimada no país nos quatro primeiros meses do ano.

“Em particular, a região do lavrado de Roraima representou cerca de 93% da área queimada no estado nesse período. A região é caracterizada por campos abertos e vegetação rasteira, composta principalmente por gramíneas e arbustos, sendo mais adaptado ao uso do fogo. Nessa região, muitas plantas dependem do fogo para a liberação de sementes e remoção de competidores”, explica o pesquisador.

Cerrado

Assim, de tudo o que queimou no Brasil neste começo de ano, 71% representava vegetação nativa e 7,5% eram pastagens de uso agropecuário.

O Cerrado, segundo bioma com mais queimadas, teve 86 mil hectares atingidos pelo fogo, cerca 7% da área queimada do país no período.

Com isso, o número representa um avanço de 10% em relação a 2022, sendo que 50% das queimadas do estado (43 mil hectares) ocorreram em abril.

“O bioma Cerrado apresenta os maiores índices de chuva nos primeiros meses do ano, o que resulta em menor área queimada. As queimas prescritas são realizadas durante esse período como parte da estratégia de prevenção de incêndios florestais do MIF, o Manejo Integrado do Fogo”, acrescenta Vera Laísa Arruda, pesquisadora no IPAM.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.