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Eleições de novembro nos EUA: o que uma Washington dividida pode significar para os mercados

30 out 2022, 9:00 - atualizado em 30 out 2022, 9:05
eleições
Os democratas chegam às eleições de meio-termo correndo risco de perder o controle do Congresso (Imagem: Official White House Photo by Adam Schultz))

Não é apenas o Brasil que enfrenta uma eleição decisiva para o futuro. Nos Estados Unidos, todo o ecossistema político se mobiliza para o próximo 8 de novembro, quando 435 assentos da Câmara dos Representantes e 34 assentos para o Senado (33% do total de assentos) serão escolhidos pelos eleitores.

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As eleições de meio-termo dos Estados Unidos ocorrem no segundo ano do mandato presidencial e são encaradas como um termômetro da aprovação pública do chefe do Executivo.

Um olhar mais analítico do histórico desse pleito, no entanto, revela maus presságios para o partido do presidente que ocupa a Casa Branca. De acordo com o levantamento do site Vox, entre 1946 e 2018, a manutenção da maioria no Congresso pelo partido da situação ocorreu somente em duas oportunidades: em 1998, quando Bill Clinton era presidente e em 2002, o segundo ano da era George W. Bush

Neste ciclo, a má sorte para os democratas, no entanto, pode estar mais vinculada aos insucessos do próprio governo  do que à questão da tradição política americana. Essa ao menos é a percepção majoritária da opinião pública: o renomado site de dados 538 (five thirty eight), mostra que Joe Biden chega na boca das eleições de meio-termo com uma aprovação de 43,3%, a terceira menor para um presidente nessa etapa do mandato desde a Segunda Guerra Mundial.

Agenda diluída e inflação histórica jogam contra Biden

Empossado no início de 2021 e com maioria em ambas casas do Congresso, o presidente democrata teve êxito apenas parcial em avançar a sua agenda econômica. Segundo avalia Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, a resistência da ala mais centrista do partido democrata foi um fator crucial para a obstrução da agenda econômica de Biden: “houve um problema de união dentro do partido”.

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Casos mais claros desse freio centrista vieram da aprovação recortada dos superpacotes de infraestrutura “Build Back Better” e o “Inflation Reduction Act”,  peças legislativas centrais do programa democrata.

O governo Biden conseguiu controlar os números da covid-19 no país e recolocou os país nos acordos climáticos internacionais, mas viu nascer sob sua vigia uma outra epidemia: o aumento do custo de vida. Em meio à desequilíbrios nas cadeias de produção e a eclosão da guerra na Ucrânia, a inflação nos Estados Unidos atingiu 8,2% no acumulado de 12 meses, um patamar visto somente há 40 anos.

Para os americanos, tudo ficou mais caro. O aumento de preços em energia, combustíveis, alimentos e moradia se tornou mais agressivo contra o orçamento das famílias, que agora também precisam enfrentar os efeitos colaterais do combate à inflação, à medida que o Federal Reserve continua a apertar o sistema financeiro e jogar o país mais próximo de uma recessão econômica.

O caldo econômico e político formado pela alta da inflação e dos juros se tornou uma plataforma fácil  para os republicanos, que também pressionam Biden pela política migratória e pela posição do seu partido com relação à pauta de costumes.

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“Os democratas enfrentam um cenário tão adverso que podem perder, inclusive, ‘blue states’ [estados que votam historicamente no partido democrata] e o controle das duas Casas”, comenta Jason.

Segundo o próprio 538, há 81% de chances de que os democratas percam o controle da Câmara e 48% que percam o controle do Senado.

Republicanos devem trazer freio fiscal, que é positivo para os mercados

A esperada vitória dos republicanos na Câmara dos Representantes e a possível conquista do Senado devem trazer dificuldades para a governabilidade de Biden na segunda metade do seu mandato, que pode se ver incapaz de entregar promessas feitas à base democrata, como no caso da legislação sobre direitos reprodutivos

Por outro lado, sob a ótica dos mercados, a chegada dos republicanos pode significar um freio fiscal à agenda mais intervencionista de Joe Biden. Segundo Jason: “como o próprio Copom citou na última reunião, existe um temor sobre a questão fiscal nos países desenvolvidos. Então, a presença de um freio de austeridade [representado pelos republicanos] deve ser positivo para os mercados de risco nos EUA e também no Brasil”.

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O aumento de gasto público, representado pela política de estímulos que Biden conduziu em 2021, entrou na linha de fogo dos críticos como sendo a principal responsável pelas condições macroeconômicas que se formaram sobre a primeira economia do mundo.

De olho no setor de energia e das big techs

No curto-prazo, de acordo com analistas entrevistados pelo portal MarketWatch, o setor de energia e o das grandes empresas de tecnologia são os que mais devem sentir os impactos da mudança política.

Quanto ao primeiro, é possível que o governo Biden enfrente uma pressão crescente da oposição para que os Estados Unidos voltem a produzir mais energia domesticamente, incluindo mais estímulo para as indústrias de gás, óleo e petróleo — o que pode  beneficiar titãs da energia como Exxon Mobil (XOM) e Chevron (CVX).

Ainda assim, é pouco provável que a ação dos republicanos tire o governo Biden do seu compromisso com a transição para veículos elétricos e matrizes energéticas mais sustentáveis.

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Já do lado das ‘big techs’, os republicanos podem ser aliados inesperados dos democratas em novas legislações sobre privacidade e acesso a dados pessoais, o que pode machucar as ações de empresas como Alphabet (GOOG) e Meta (META).

O foco do partido de Trump, contudo, deve girar em torno da moderação de conteúdo nas redes — as big techs são comumente criticadas pela base republicana por uma suposta ação de censura à liberdade de expressão.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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