Brasil

Eleições: Saiba quem são os nomes impulsionados pela pandemia e que disputarão cargos

17 abr 2022, 17:00 - atualizado em 14 abr 2022, 14:43
CPI, pandemia, eleições
Diversos rostos que ganharam notoriedade durante os desenrolares da crise de saúde devem disputar cadeiras na política em outubro (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

Após mais de dois anos desde o início da pandemia do novo coronavírus, diversos rostos que ganharam notoriedade durante os desenrolares da crise de saúde que abalou todo o mundo concorrerão a cargos nas próximas eleições do Brasil.

Compõem o grupo políticos de carreira, que tiveram sua imagem revitalizada ou impulsionada por seus posicionamentos — sejam eles contrários ou a favor de medidas como o distanciamento social, aplicação de vacinas e o uso de máscaras — como também “outsiders” da política, que obtiveram notoriedade “do zero”.

Marco Antonio Teixeira, cientista político e professor da FGV, analisa o movimento como parte do jogo eleitoral. “Esses eventos, que têm grande repercussão, sempre acabam projetando pessoas”, pontuou.

Teixeira também acredita que os próprios partidos acabam se beneficiando do movimento dos entrantes na vida política. “Muitas dessas pessoas são convidadas para partidos, convidadas para serem candidatas. Independe do êxito individual nas eleições, puxam voto e somam para o partido aumentar o tamanho de bancada”, disse.

O cientista político se refere ao sistema proporcional de eleições, no qual um candidato pode puxar votos para a legenda e influenciar na quantidade de cadeiras conquistadas pelo partido em eleições como a para a Câmara dos Deputados.

Os holofotes na CPI da Pandemia

Instaurada em abril de 2021, a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou supostas irregularidades nas ações do governo federal no combate à pandemia colocou holofotes sobre diversos políticos, em sua maioria senadores, que participavam das sessões.

A CPI da Pandemia durou 6 meses e produziu um relatório final que atribuiu diversos crimes à gestão de Jair Bolsonaro (PL) durante à crise que causou mais de 600 mil mortes no Brasil.

Era comum durante o desenrolar da CPI que as falas de senadores ou de personalidades que prestavam depoimento acabassem viralizando na internet.

Para Teixeira, a CPI chamou ainda mais atenção por ser um evento televisionado em uma época que não se podia sair de casa. “Tiveram presença muito forte dentro da casa das pessoas”, diz, sobre os políticos participantes da comissão.

Até agora, são pré-candidatos confirmados a governos estaduais os membros Eduardo Braga (MDB-AM), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Marcos Rogério (PL-RO) e Jorginho Mello (PL-SC), além dos senadores suplentes na CPI Alessandro Vieira (PSDB-SE) e Rogério Carvalho (PT-SE).

Parlamentares que não eram membros mas ganharam destaque, como Fabiano Contarato (PT-ES) e Leila Barros (PDT-DF) também concorrem aos executivos estaduais.

Contarato, por exemplo, teve um dos momentos mais emblemáticos da comissão. O parlamentar, que é homossexual, questionou ao vivo o empresário Otávio Fakhoury, acusado de financiar fake news e que prestava esclarecimentos, sobre ofensas homofóbicas dirigidas a ele e a sua família.

A pré-candidata à presidência da República Simone Tebet (MDB) também foi uma das senadoras que ganharam notoriedade.

Mesmo tendo participado somente de algumas sessões, a parlamentar que é membro da bancada feminina da Casa chamou atenções da internet ao adotar posicionamento firme com depoentes, e por sofrer interrupções diversas de suas falas por parte de outros senadores.

Foi ela também a responsável por extrair de um depoente, o deputado federal Luís Miranda (Republicanos), que o líder de governo na Câmara, Ricardo Barros (PP) poderia estar atrelado a irregularidades na importação da vacina indiana Covaxin.

Sua pré-candidatura foi lançada em dezembro de 2021, logo após o fim da CPI, em outubro.

Simone Tebet, eleições
Tebet chamou atenções da internet ao adotar posicionamento firme com depoentes (Imagem: Agência Senado /Marcos Oliveira)

Outras figuras seguem no radar

A senadora Eliziane Gama (Cidadania), que alternava aparições com Tebet, e cujo partido fechou federação com o PSDB, é um dos nomes cotados para compor a possível chapa presidencial de João Doria, tendo se encontrado com o ex-governador na sede tucana na semana passada.

O próprio presidenciável tucano, por sua vez, deve usar o combate à pandemia como uma de suas armas de campanha, visto que foi o governo de Doria que assumiu o protagonismo e a frente no desenvolvimento e à aplicação de vacinas contra a Covid-19, em especial a Coronavac.

O imunizante foi fruto de uma parceria entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, processo do qual o governador de São Paulo participou ativamente.

Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), também está cotado para concorrer a uma cadeira de deputado estadual do Maranhão pelo PSB.

Habituado à política, mas concorrendo uma eleição pela primeira vez, o advogado e secretário de governo do Maranhão chamou atenções por ser contrário a diretrizes do Ministério da Saúde como a exigência de prescrição médica para a vacinação infantil.

Em suas redes sociais, no ato de sua filiação, Carlos Lula afirmou que estreia na vida política para “defender avanços conquistados na saúde”.

Também especula-se que Eduardo Girão (Podemos), Marcos do Val (Podemos), Katia Abreu (Progressistas) e Omar Aziz (PSD) poderão disputar cargos.

Da vacina à cloroquina

Mais “personalidades da pandemia” que ainda não têm pré-candidatura confirmada estão no radar.

A enfermeira Mônica Calazans, primeira pessoa vacinada contra a Covid-19 no Brasil, se filiou ao MDB no início de janeiro para disputar uma cadeira na câmara. Na ocasião, a pré-candidatura foi informada pelo partido.

Todavia, em fevereiro, Calazans migrou para o PSDB. A troca se deu, segundo ela, por “gratidão” à legenda, após convite de Doria para a filiação. A médica Nise Yamaguchi (PROS) está cotada para concorrer a uma vaga no senado.

Yamaguchi foi alvo da CPI, acusada de integrar um gabinete extraoficial de aconselhamento ao presidente da  República, conhecido como o “gabinete paralelo”, que teria incentivado a adoção de medidas ineficazes no combate à Covid.

A médica entrou em discussão com senadores por defender o chamado “tratamento precoce” contra a doença, com base em remédios ineficazes, como a hidroxicloroquina.

Yamaguchi fez o anúncio em suas redes sociais no início do mês.

“Amigos, informo que assinei minha filiação nesta sexta-feira (1) no PROS com intenção de disputar o Senado da República por São Paulo”, escreveu.

Também presente na CPI pela defesa de tratamentos ineficazes, a ex-secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”, filiou-se ao PL e concorrerá a uma cadeira na câmara dos deputados pelo Ceará.

Em seu Instagram, ao anunciar pré-candidatura, escreveu:

“Que em 2022 o Brasil possa ter no Congresso Nacional a mais corajosa representação feminina da sua história”.

A CPI pediu o indiciamento de Pinheiro por crime de epidemia com resultado de morte, prevaricação e crime contra a humanidade.

Também é pré-candidata ao Senado Raíssa Soares (PL), que foi secretária de saúde de Porto Seguro (BA). Soares chegou a gravar um vídeo pedindo o envio, por parte do governo federal, do chamado “kit Covid” de tratamento precoce a Salvador. Nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro (PL) demonstrou apoio à candidata.

“Ela que começou a ganhar notoriedade durante a pandemia e provou ser uma pessoa corajosa e destemida e agora tem aflorado também nas pautas conservadoras”, disse.

Roberta Lacerda (PL) igualmente mira uma cadeira no Senado, após ganhar notoriedade por se posicionar contra a vacinação. A médica chegou a ter contas nas redes sociais suspensas por disseminar informações falsas, como casos de câncer supostamente provocados pela vacina contra a Covid.

A também crítica à vacinação Maria Emília Gadelha (PRTB) chega para fechar o grupo. A pré-candidata a deputada federal promoveu lives em seu instagram descredibilizando a vacina e ações como o passaporte sanitário.

“Agradeço a confiança e seguiremos em frente, na defesa dos valores conservadores, em especial da saúde verdadeira e da dignidade humana”, escreveu, na terça-feira (12), em suas redes sociais.

 

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Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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