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Com fim do “risco nuclear”, Eletrobras (ELET3) entra no radar do investidor estrangeiro; hora de comprar a ação?

22 out 2025, 7:01 - atualizado em 22 out 2025, 7:55
eletrobras
(Imagem: Ag. Brasil/ Fernando Frazão)

A Eletrobras (ELET3) tirou das costas um peso “nuclear” e consolidou o otimismo do mercado com processo de-risking (redução de riscos) da companhia após a venda da participação na Eletronuclear para a J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

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Com o negócio, a Eletrobras encerra mais um capítulo nas discussões que mantinha com o governo desde a privatização e agora pode se dedicar nas atividades centrais, na avaliação de gestores e analistas ouvidos pelo Money Times.

De quebra, a redução das incertezas deve ajudar a abrir espaço para as ações da Eletrobras na carteira de investidores que ainda torcem o nariz para a ex-estatal — em particular os estrangeiros.

No ano, os papéis com direito a voto (ELET3) da companhia acumulam valorização da ordem de 60% na B3. Mas a visão de analistas e gestores é que, em meio ao momento favorável dos preços da energia e da arrumação da casa implementada na gestão do CEO Ivan Monteiro, as ações podem ainda mais.

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Eletrobras (ELET3) sai no lucro

De cara, a Eletrobras terá de reconhecer uma perda da ordem de R$ 7 bilhões com a venda da Eletronuclear — valor que o ativo é contabilizado no balanço. Parece ruim, mas esse impacto é apenas contábil, sem efeito no caixa.

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Além disso, como a maior parte do mercado já atribuía valor zero para o ativo, a avaliação que a elétrica saiu no lucro.

A Eletrobras vai receber R$ 535 milhões pela participação. Trata-se de um valor pouco representativo para a companhia, que vale mais de R$ 120 bilhões na Bolsa, mas o impacto líquido da transação é positivo, de acordo com o analista Ruy Hungria, da Empiricus Research.

Além do dinheiro, a Eletrobras transferiu para a Âmbar Energia, subsidiária pela qual a J&F fez a aquisição, a obrigação de investir nas debêntures que fazem parte do termo de conciliação firmado com a União, no valor de R$ 2,4 bilhões.

Por último, mas não menos importante, o negócio tira do radar uma série de incertezas, incluindo os investimentos bilionários que a Eletrobras teria de fazer na conclusão das obras da usina de Angra 3.

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“Esse movimento não apenas melhora a alocação de capital (libera recursos para investimento em negócios com retornos mais atrativos) como também elimina riscos de crédito ou de futuros aportes associados à Eletronuclear”, diz Hungria.

Atrativa para o gringo

Com o fim do “risco nuclear”, a Eletrobras pode começar a ser comparada com nomes vistos de maneira muito positiva no setor, como Engie (EGIE3) e Copel (CPLE6), na visão de um gestor com posição na companhia consultado pelo Money Times.

Para ele, da mesma forma que o investidor estrangeiro se “jogou” na Sabesp após a privatização, algo parecido deveria acontecer com Eletrobras — que ainda está muito fora do radar gringo.

Na época da desestatização, isso não ocorreu por todas as pendências que ficaram no meio do caminho, mas a venda da Eletronuclear marca a última delas a ser resolvida.

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Segundo o gestor, os investidores estrangeiros devem olhar para a companhia, uma vez que a Eletrobras é uma empresa grande, com ativos relevantes, liquidez em bolsa e bem gerida.

Em teoria, a elétrica tem condições de assumir um lugar de empresa premium e entrar no radar dos investidores, diz o gestor, pontuando que essa disseminação deve ocorrer pelo lado dos analistas das corretoras (sell side) lá fora.

Os papéis da Eletrobras são praticamente uma unanimidade entre os analistas. O Bank of America (BofA), por exemplo, apontou a venda da Eletronuclear como mais um catalisador que reforça a posição da companhia como o nome mais atraente na América Latina. Com uma postura construtiva, o banco recomenda compra, com preço-alvo de R$ 70 para ELET3 e R$ 77 para ELET6.

Para os analistas, o negócio é mais um marco positivo para a tese de investimentos, por representar o fim de um risco, remover integralmente um grande passivo histórico e consolidar um passo importante na reestruturação pós-privatização, permitindo foco na comercialização de energia.

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A última “pedra” da privatização da Eletrobras

A venda do ativo foi o último grande passo do processo de desestatização da Eletrobras. Para quem olha a empresa há mais tempo e no detalhe, a visão era a de que a ex-estatal operava sem muita ordem, com ativos que funcionavam e outros não.

O processo de privatização da companhia, ocorrido em 2022 no governo de Jair Bolsonaro, enfrentou algumas rusgas por conta de discussões com a União sobre a governança da empresa após a vitória de Lula nas eleições, o que adicionou mais uma camada de incertezas.

Em março deste, houve a resolução do atrito, e a Eletrobras já havia conseguido um alívio da obrigação de realizar novos aportes no segmento nuclear, uma vez que, segundo estudos do governo, somente a finalização de Angra 3 demandaria investimentos da ordem de R$ 20 bilhões.

Com o acordo fechado com a J&F, a Eletrobras conseguiu passar para frente o peso de toda essa pendência, e você confere nesta outra reportagem o que a Âmbar Energia, subsidiária da J&F, quer com a aquisição.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas, com foco em varejo e setor aéreo.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas, com foco em varejo e setor aéreo.
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