Setor Elétrico

Eletrobras pode manter fatia na Eletronuclear após privatização

13 maio 2021, 17:04 - atualizado em 13 maio 2021, 17:04
Eletrobras ELET3
Como empresa já privatizada, a Eletrobras então seria o grande investidor da Eletronuclear (Imagem: Reprodução)

A estatal Eletrobras (ELET3) pode, mesmo após privatizada, continuar como importante acionista da Eletronuclear, subsidiária da companhia responsável por ativos de geração atômica incluindo a usina de Angra 3, disse nesta quinta-feira a diretora financeira da elétrica, Elvira Presta.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Essa alternativa, que envolveria o controle da empresa nuclear provavelmente por uma nova estatal, tem sido estudada em meio a modelos avaliados pelo BNDES para permitir a conclusão das obras de Angra 3 e enquanto o governo discute a desestatização da Eletrobras.

A medida provisória enviada pelo governo ao Congresso com a proposta para a privatização da maior elétrica da América Latina prevê que a União manterá o controle da Eletronuclear e da fatia hoje detida pela Eletrobras na hidrelétrica binacional de Itaipu, que seriam cindidas da empresa antes da operação.

Em entrevista à corretora Genial Investimentos transmitida online nesta quinta-feira, a CFO da Eletrobras disse que um dos modelos discutidos com o BNDES para retomar Angra 3 envolveria uma reestruturação societária da Eletronuclear que transformaria metade das ações da estatal em papéis preferenciais e metade em ordinários, com direito a voto.

“Com isso, a União, através dessa nova estatal que vai ser criada, poderia controlar a Eletronuclear se tiver 50% mais uma das ações ordinárias. Com pouco mais de 25% do capital total, ela conseguiria ser controladora e diluiria a Eletrobras”, explicou a diretora.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A mudança de controle envolveria injeção de recursos na empresa ou conversão de dívida em ações.

“Ela (a União) faria isso mediante um aporte, colocando ‘equity’, ou conversão de dívida”, acrescentou a executiva, lembrando que Angra 3 tem financiamentos tomados junto ao BNDES e à Caixa Econômica Federal.

A Eletronuclear controla as usinas atômicas de Angra 1 e Angra 2, no Rio de Janeiro, além de Angra 3, cujas obras foram paralisadas no final de 2015.

A Eletrobras já havia anteriormente manifestado interesse em continuar a participar de Angra 3 mesmo em caso de sucesso em seu processo de desestatização.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Aí, como empresa já privatizada, a Eletrobras então seria o grande investidor da Eletronuclear. Não seria o controlador, mas ainda seria um investidor relevante”, apontou Elvira.

Segundo a chefe das finanças da Eletrobras, há atualmente diversas diferentes estruturas para o negócio sendo avaliadas no BNDES, mas esse tem sido visto por ela como “mais viável”.

Ela também disse que o BNDES também está trabalhando para definir qual será o preço de venda da energia produzida por Angra 3, o que deverá ser concluído nos próximos meses.

A tarifa de Angra 3, originalmente definida em 248 reais por megawatt-hora, foi praticamente dobrada para 480 reais ainda no governo anterior, do ex-presidente Michel Temer, por decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Esse valor, no entanto, tem sido visto como defasado pela Eletrobras.

“O que o BNDES está fazendo neste momento é, trazendo essa tarifa de 480 reais para hoje, fazendo todas atualizações necessárias”, explicou Elvira, sem comentar qual poderia ser o novo valor.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Orçamento

A diretora da Eletrobras admitiu ainda que a desvalorização do real tem pressionado o orçamento previsto para a conclusão de Angra 3, ao apontar que os investimentos previstos aumentaram em cerca de 2 bilhões de reais.

“A usina de Angra 3 ela tem tecnologia europeia, então na verdade estamos expostos principalmente ao euro, e é natural que exista uma correção… sinalizávamos em torno de 16 bilhões de reais, e ao câmbio que a gente tem hoje já foi corrigido para algo da ordem de 18 bilhões”, afirmou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Por outro lado, a gente também tem vivido uma volatilidade do câmbio, então isso vai flutuando ao longo do tempo”, acrescentou ela sobre os números.

Compartilhar

A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.