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Eletronuclear prevê aprovação de modelo para retomada de Angra 3 até março

31 jan 2020, 17:23 - atualizado em 31 jan 2020, 17:23
Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (Angra 1), situada no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.
O Ministério de Minas e Energia revelou que Eletronuclear assinará na próxima segunda-feira uma carta de intenções junto à Westinghouse(Imagem: Divulgação/Eletronuclear)

O modelo de parceria com o setor privado para a conclusão da usina nuclear Angra 3 deve ser aprovado até março, para que seja possível a retomada das obras ainda neste ano, conforme expectativa do governo, afirmou à Reuters nesta sexta-feira o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável pela elaboração do modelo de parceria, já concluiu os trabalhos, e o projeto está passando agora por aprovações externas, acrescentou o presidente da subsidiária da Eletrobras .

Guimarães evitou entrar em detalhes sobre a modelagem sugerida pelo banco, mas confirmou que ela leva em consideração a participação de um parceiro técnico e de um financeiro, incluindo companhias multinacionais.

“O BNDES já se posicionou e agora está em fase de aprovação nas instâncias, não só corporativas, como Eletronuclear e Eletrobras (ELET3), como de governo, como no conselho do Programa de Parceria de Investimentos (PPI)”, disse Guimarães, em seu escritório no Rio de Janeiro.

Para a elaboração do modelo, o BNDES ouviu cerca de dez empresas internacionais, como a russa Rosatom, a norte-americana Westinghouse e as chinesas CNCC e Spic, segundo Guimarães, que garantiu que há interesse dos grandes players globais do setor.

Na véspera, o Ministério de Minas e Energia revelou que Eletronuclear assinará na próxima segunda-feira uma carta de intenções junto à Westinghouse. Mas o aviso de pauta não detalhou os termos do acordo entre as empresas.

No entanto, segundo Guimarães, nenhum acordo sobre Angra 3 será anunciado.

O executivo admitiu que havia uma expectativa de que a modelagem para a retomada de Angra 3 fosse anunciada ainda no ano passado, mas explicou que a complexidade do tema acabou por exigir mais tempo.

A perspectiva, reafirmou ele, é que as obras demandem investimentos de cerca de 15 bilhões de reais e a usina entre em operação comercial em 2026, com 1.405 megawatts de capacidade.

Iniciada ainda nos anos 1980, a implementação de Angra 3 foi paralisada naquela década e retomada no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2009.

A implementação de Angra 3 foi paralisada no governo Lula  (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

Mas o projeto foi suspenso novamente em 2015, após uma das empreiteiras contratadas para a obra admitir irregularidades em meio à Operação Lava Jato, que descobriu um enorme escândalo de corrupção no Brasil.

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Expansão de Angra 1

Guimarães defendeu a importância do papel da fonte nuclear no Brasil para uma maior diversificação da matriz, apesar de reconhecer que deverá ser sempre uma indústria coadjuvante no país, que é forte em energias renováveis.

Segundo ele, estão avançadas negociações para um financiamento de 300 milhões de dólares com o banco norte-americano Eximbank para a expansão de capacidade e da vida útil da usina Angra 1.

Em novembro, a empresa informou que estava buscando empréstimo com a instituição dos EUA.

Em um primeiro momento, deverá haver um empréstimo ponte de 10% do montante, que deverá envolver a também a norte-americana Westinghouse, que é a projetista de Angra 1, detalhou o executivo.

Estão avançadas negociações para um financiamento de US$ 300 milhões para a expansão de capacidade e da vida útil da usina Angra 1 (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

Ele não informou prazo para o fim das negociações.

A ideia é que a vida útil da usina seja ampliada de 2024 para 2044 e a capacidade instalada cresça de 640 MW para 670 MW.

O trabalho, segundo ele, será realizado ao longo dos próximos anos, e apenas após a conclusão de tarefas exigidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear será possível obter a licença necessária para a ampliação.

Parte do trabalho para a ampliação começou a ser realizado neste mês, durante parada programada de 37 dias da usina, que incluiu o reabastecimento de combustível.

“Nessa parada em especial foi feito um programa de inspeções e verificações de componentes e equipamentos justamente para subsidiar o projeto de expansão de vida.”

Guimarães explicou também que o trabalho de reabastecimento das usinas nucleares é feito ainda a partir de contratos com empresas estrangeiras, mas que em um prazo de dois anos o Brasil já poderá cuidar 100% da atividade.

“Hoje praticamente já chegamos no ponto que já prescindimos da participação de estrangeiros (no abastecimento), já qualificamos equipes no Brasil, no caso equipes da INB, para realizar essa atividade”, afirmou.

reuters@moneytimes.com.br