Em crise, Correios anunciam plano de recuperação financeira; privatização é descartada

Os Correios anunciaram, nesta quarta-feira (15), um novo plano de reestruturação financeira de longo prazo, que envolverá cortes de gastos e recuperação do caixa por meio de demissões voluntárias.
Segundo a estatal, as medidas foram definidas a partir de uma análise detalhada do balanço financeiro, conduzida nos primeiros dias da gestão do presidente Emmanoel Rondon, que afastou discussões sobre privatização.
A companhia divulgou que a primeira fase do plano contém três grupos de ações:
- Corte de despesas operacionais e administrativas;
- Busca pela diversificação de receitas, com recuperação da capacidade de geração de caixa;
- Recuperação da liquidez para retomar a competitividade e garantir estabilidade na relação com empregados, clientes e fornecedores.
De acordo com a estatal, está previsto um novo programa de demissões voluntárias (PDV), desta vez com foco mais amplo.
Para isso, será realizado um diagnóstico da força de trabalho, com um mapeamento de setores da empresa que estão com um desempenho “insatisfatório”.
Empregados nessas situações poderão aderir ao PDV, reduzindo, segundo a companhia, a pressão sobre a folha de pagamento.
“O plano dá início a uma agenda de reequilíbrio, com medidas concretas, baseadas em transparência e governança”, afirmou Rondon.
Vendas de ativos e renegociação
Os Correios também informaram que darão início à venda de imóveis ociosos. A medida deve gerar entrada de capital e reduzir os gastos com a manutenção desses espaços.
Além disso, a empresa pretende renegociar contratos com seus maiores fornecedores, “buscando condições mais vantajosas e aprimorando contratos vigentes”.
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Geração de receitas
Do ponto de vista da geração de receitas, os Correios afirmaram que estudam experiências internacionais de atividades que possam ser integradas à rede logística, especialmente na área de serviços financeiros.
“Essas medidas serão aprofundadas com as fases posteriores do Plano de Reestruturação, que dependem de a empresa retomar sua plena capacidade operacional e sua saúde financeira para começarem a surtir efeito”, ressaltam.
Empréstimo bilionário
A estatal também confirmou a busca por um empréstimo de R$ 20 bilhões para suprir a necessidade de caixa em 2025 e 2026, período em que, segundo a empresa, as demais medidas começarão a produzir resultados.
A ação havia sido antecipada pela Folha de S. Paulo, que informou que o empréstimo deve vir de instituições privadas e bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, com garantia do Tesouro Nacional.
O montante corresponde a quase todo o faturamento anual dos Correios, que somou aproximadamente R$ 18,9 bilhões em 2024.
Vale lembrar que, em dezembro de 2024, a empresa já havia captado R$ 300 milhões junto ao Daycoval e R$ 250 milhões junto ao Banco ABC.
Crise
A agência pública encerrou o primeiro semestre de 2025 com prejuízo acumulado de cerca de R$ 4,3 bilhões, mais do que triplicando o desempenho negativo registrado no mesmo período do ano passado, que ficou em R$ 1,3 bilhão.
A estatal enfrenta queda de receitas enquanto as despesas continuam subindo e vinha sendo criticada por não implementar ajustes financeiros.