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Em Davos, petroleiras avaliam cortes mais profundos de emissões

22 jan 2020, 15:50 - atualizado em 22 jan 2020, 15:50
Sonda para exploração de petróleo em Midland, Texas (EUA)
Várias empresas já estabeleceram metas para os escopos 1 e 2, que provêm diretamente do bombeamento e refino de hidrocarbonetos (Imagem: REUTERS/Jessica Lutz)

Presidentes de algumas das maiores petroleiras do mundo discutiram a adoção de metas de carbono muito mais ambiciosas em uma reunião a portas fechadas em Davos, um sinal da forte pressão de ativistas e investidores para o combate das mudanças climáticas.

A reunião, parte de um Fórum Econômico Mundial dominado por questões climáticas, promoveu um debate sobre a ampliação da meta do setor para incluir reduções das emissões dos combustíveis vendidos, e não apenas os gases de efeito estufa produzidos por suas próprias operações, disseram pessoas a par do assunto na quarta-feira.

As conversas entre os CEOs de empresas como Royal Dutch Shell, Chevron, Total, Saudi Aramco, Equinor e BP mostraram concordância sobre a necessidade de avançar em direção a essa definição mais ampla, conhecida como escopo 3, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas porque a sessão foi fechada à imprensa. Os executivos não tomaram nenhuma decisão final.

A Shell não quis comentar. Assessores de imprensa da Chevron, Total, Aramco e BP não puderam responder imediatamente aos pedidos de comentários. A Equinor confirmou que o CEO da empresa, Eldar Saetre, participou da reunião.

Foco no clima

O alvo nas emissões do escopo 3 seria uma grande mudança para uma indústria que produz a maior parte das emissões que causam o aquecimento do planeta, já que isso poderia exigir que vendessem muito menos petróleo e gás.

O simples fato de os principais executivos do setor estarem considerando a proposta destaca como as preocupações com o clima tomaram conta dos debates em Davos este ano.

Várias empresas já estabeleceram metas para os escopos 1 e 2, que provêm diretamente do bombeamento e refino de hidrocarbonetos.

No entanto, essas emissões representam menos de 10% do total emitido no ciclo de vida do petróleo e do gás. Algumas das promessas também se concentraram em reduzir a intensidade das emissões – a quantidade de dióxido de carbono liberada por unidade de energia -, o que não levaria necessariamente a uma redução no volume de gases de efeito estufa se a produção de uma empresa estivesse crescendo.

Entre as maiores empresas de energia, apenas Shell, Total e Repsol anunciaram publicamente que estão visando ou monitorando as emissões do escopo 3.

Outras petroleiras, principalmente Exxon Mobil e Chevron, até agora resistiram em fazer promessas específicas para reduzir as emissões totais. O CEO da BP, Bob Dudley, que se aposenta no fim deste ano, concordou com os objetivos para gases dos escopos 1 e 2, mas no passado foi contra estabelecer uma meta do escopo 3.

“Precisamos reduzir nossa intensidade de carbono, todos na indústria concordam com isso”, disse Dudley em entrevista em Davos. No entanto, ele alertou que acionistas e empresas estão usando várias definições de emissões do escopo 3. “Precisamos de uma definição comum” para que o setor “possa trabalhar em conjunto de maneira poderosa”.

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