Guerra Comercial

Em reunião “incrível” com Xi Jinping, Trump reduz tarifas após acordos sobre fentanil, soja e terras-raras

30 out 2025, 4:42 - atualizado em 30 out 2025, 6:52
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Trump saiu entusiamado de reunião com Xi Jiping (Imagem: Reuters/Kevin Lamarque)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (30) que chegou a um acordo com o presidente Xi Jinping para reduzir tarifas sobre a China em troca de ações de Pequim contra o comércio ilícito de fentanil, da retomada das compras de soja norte-americana e da manutenção das exportações de terras-raras.

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O encontro presencial entre Trump e Xi, realizado na cidade sul-coreana de Busan, foi o primeiro desde 2019 e marcou o encerramento da viagem relâmpago de Trump pela Ásia, na qual ele também anunciou avanços comerciais com a Coreia do Sul, o Japão e países do Sudeste Asiático.

“Achei que foi uma reunião incrível”, disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One, pouco após deixar Busan, classificando as conversas como “12 de 10”.

Trump afirmou que as tarifas sobre importações chinesas serão reduzidas de 57% para 47%, ao cortar pela metade a taxa de tarifas ligadas ao comércio de precursores de fentanil, de 20% para 10%.

Xi, segundo Trump, “vai se empenhar muito para interromper o fluxo” de fentanil, um opioide sintético letal e principal causa de mortes por overdose nos Estados Unidos. A tarifa foi reduzida “porque acredito que eles estão realmente tomando medidas firmes”, acrescentou o presidente.

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O Ministério do Comércio da China confirmou que o país e os EUA concordaram em estender sua trégua comercial temporária por mais um ano, como parte de um acordo que eles alcançaram depois que as principais autoridades econômicas se reuniram na Malásia na semana passada.

A negociação mexeu com os mercados globais, com as bolsas da Ásia e os futuros europeus alternando ganhos e perdas. O Índice Composto de Xangai recuou de uma máxima de dez anos, enquanto os futuros da soja nos EUA também enfraqueceram.

“No momento, a movimentação dos preços mostra que boa parte disso já estava precificada”, disse Kyle Rodda, analista sênior da Capital.com em Melbourne. “Os mercados, talvez, esperassem a remoção completa da tarifa sobre o fentanil, o que explicaria a reação morna”.

Entre os principais parceiros comerciais dos EUA, apenas Índia e Brasil continuam sujeitos às tarifas mais altas.

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Os mercados acionários globais, de Wall Street a Tóquio, haviam atingido recordes nos dias que antecederam o encontro, na expectativa de um avanço na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que desorganizou cadeias de suprimentos e abalou a confiança empresarial global.

A reunião cordial, realizada à margem da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), durou quase duas horas.

Trump vinha sinalizando otimismo em relação a um acordo com Xi desde domingo, quando negociadores norte-americanos afirmaram ter definido um quadro de entendimento que evitaria tarifas de 100% sobre produtos chineses e adiaria as restrições de exportação chinesas sobre terras-raras, setor no qual Pequim detém domínio global.

Ainda assim, muitos analistas questionam por quanto tempo essa trégua comercial pode durar, diante da crescente competição econômica e geopolítica entre os dois países.

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Terras-raras

A China concordou em manter o fluxo de exportações de terras-raras para o mundo como parte de um acordo de um ano, afirmou Trump, sem fornecer mais detalhes.

O acordo “resolveria” a questão, disse ele. Pequim ainda não comentou o que foi acertado entre os dois líderes durante as conversas, que duraram quase duas horas.

“Toda a questão das terras-raras está resolvida”, disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One. “E isso é para o mundo inteiro — pode-se dizer que foi uma situação global, não apenas uma questão dos Estados Unidos”.

“Não há mais nenhum obstáculo em relação às terras-raras. Espero que esse termo desapareça do nosso vocabulário por um tempo”.

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Fricções normais

Ao iniciar as conversas em uma base aérea sul-coreana na manhã desta quinta-feira, Xi disse a Trump, por meio de tradutor, que era normal as superpotências terem fricções de tempos em tempos.

“Há poucos dias, nossos negociadores comerciais chegaram a um consenso fundamental sobre como lidar com as principais preocupações de cada lado”, disse Xi. “Estou disposto a continuar trabalhando com o presidente Trump para lançar uma base sólida para as relações China-EUA”, acrescentou.

Além da redução das tarifas sobre o fentanil, Pequim buscava um alívio nos controles de exportação sobre tecnologias sensíveis dos EUA e o recuo de novas taxas portuárias impostas a navios chineses, medidas que Washington justificou como parte de seu esforço para conter a hegemonia da China na construção naval, transporte marítimo e logística.

Trump não comentou de imediato sobre concessões dos EUA, mas afirmou que a China começaria a comprar “quantidades tremendas” de soja e outros produtos agrícolas norte-americanos “imediatamente”.

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Antes da cúpula, a China havia comprado suas primeiras cargas de soja dos EUA em vários meses.

Os acordos comerciais anteriores, que reduziram tarifas retaliatórias dos EUA e reabriram o fluxo de ímãs de terras-raras chineses, devem expirar em 10 de novembro.

Entretanto, Pequim ampliou drasticamente seus controles sobre terras-raras no início deste mês, minerais usados em carros, aviões de combate e eletrônicos, dos quais a China detém domínio mundial.

“Eles não vão impor os controles sobre terras-raras”, disse Trump a repórteres.

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Durante a viagem, Trump assinou vários pactos com o Japão e países do Sudeste Asiático para diversificar o fornecimento de terras-raras, embora analistas apontem que enfraquecer a dominância chinesa nesse setor levará anos.

Trump disse ainda que os líderes não discutiram o chip de inteligência artificial Blackwell, da Nvidia, recuando em relação às declarações do dia anterior sobre a possibilidade de ajudar a empresa a exportar uma versão reduzida de seu processador de ponta, componente crucial na corrida global pela IA.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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