Política

Em terceira versão, governistas dizem que nº 2 da Saúde não viu irregularidades sobre Covaxin

29 jun 2021, 17:04 - atualizado em 29 jun 2021, 17:04
Elcio Franco
O líder do governo disse nesta terça à CPI que não há motivos para prosseguir com a acusação contra o presidente no Supremo (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), apresentou uma terceira versão em que procura isentar o presidente Jair Bolsonaro e o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de possíveis irregularidades na contratação da vacina Covaxin contra Covid-19 e jogou a responsabilidade para verificar as suspeitas ao ex-número 2 da pasta, Elcio Franco.

Em pronunciamento lido durante a CPI da Covid nesta terça, Bezerra disse que Elcio Franco foi designado por Pazuello para apurar os fatos referentes à contratação da Covaxin.

Isso ocorreu, segundo ele, após Bolsonaro ter sido informado do caso pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF).

De acordo com o líder do governo, o então número 2 da Saúde não encontrou nada de irregular na operação.

“Compete destacar que o secretário-executivo Elcio foi responsável pela negociação, contratação e aquisição, até 20 de março de 2021, de todas as vacinas pelo Ministério da Saúde.

Por isso, o agente público com maior expertise para apreciar eventual não conformidade contratual quanto às vacinas era o secretário-executivo”, disse Bezerra à CPI nesta terça.

Inicialmente, a linha de atuação dos governistas foi desqualificar as declarações feitas pelo deputado e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, que levaram as denúncias sobre a Covaxin a Bolsonaro no dia 20 de março.

Em seguida, aliados do governo passaram a afirmar que Pazuello foi acionado por Bolsonaro para verificar suspeitas de irregularidades na contratação da Covaxin.

Essa versão não citava, entretanto, a designação de Elcio Franco, que atualmente ocupa um cargo de assessor na Casa Civil.

Na segunda-feira, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e outros dois senadores apresentaram uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar Bolsonaro por prevaricação no caso da vacina indiana. Argumentam que ele, após ter sido informado, não tomou providências para impedir as supostas irregularidades.

O líder do governo disse nesta terça à CPI que não há motivos para prosseguir com a acusação contra o presidente no Supremo.

Também na segunda-feira, Bolsonaro havia afirmado que não sabia das tratativas para a compra da vacina indiana e ironizou os integrantes da comissão que tentam apurar o caso dizendo que eles “inventaram a corrupção virtual”.

“Não tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de ministro e nada fizemos de errado”, disse o presidente.

Mesmo sem haver o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o governo assinou em fevereiro um contrato de 1,6 bilhão de reais para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin, imunizante desenvolvido pelo laboratório Bharat Biotech.

Segundo os irmãos Miranda e outras investigações, houve, entre outros indícios de irregularidades, pressão para se antecipar pagamentos, com o repasse a terceiros não envolvidos inicialmente na operação.

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