Embraer (EMBR3) espera fechar novos negócios nos EUA, apesar das tarifas

A Embraer (EMBR3) ainda acredita que conseguirá vender seus jatos regionais E2 para companhias aéreas dos Estados Unidos, mas reconhece que as tarifas sobre produtos brasileiros podem complicar os esforços para fechar um primeiro acordo.
A empresa escapou de um grande revés na semana passada, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, isentou aeronaves de uma tarifa de 50% sobre importações pelos EUA de produtos brasileiros, mas ainda enfrenta uma taxa de 10% imposta em abril.
A Embraer há muito tempo tem buscado apresentar às companhias aéreas dos EUA o E195-E2 como um jato pequeno de corredor único que poderia complementar a operação de aeronaves maiores, mas até agora não conseguiu fechar uma venda em seu mercado número um, embora tenha conquistado clientes para o avião na Europa e em outras regiões.
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“A gente acredita, sim (que é possível)”, disse o presidente-executivo Francisco Gomes Neto à Reuters na terça-feira.
“Fica mais difícil, porque tem um custo adicional para a gente gerenciar o cliente… Nós estamos conversando com clientes potenciais, mas é claro que a alíquota zero deixa tudo isso muito mais fácil, por isso a gente vai continuar insistindo.”
O Embraer E175-E1, um jato menor de primeira geração, é essencial para as rotas regionais dos EUA e não tem um substituto claro.
A família E2, por sua vez, compete com o Airbus A220 operado por companhias aéreas como a Delta e a JetBlue, para o qual a fabricante europeia tem uma linha de montagem no Estado norte-americano do Alabama.
A empresa brasileira vem defendendo o retorno às regras de tarifa zero para todas as indústrias de aviação e aeroespacial, especialmente depois que um acordo provisório entre os EUA e a União Europeia isentou aeronaves de tarifas.
“Se o arquirrival da Boeing vai ter alíquota zero, nós que nem concorremos com eles por que vamos ficar em 10%?”, disse Gomes Neto. “Não faz muito sentido.”
Ao defender o alívio tarifário, a Embraer procurou ressaltar seus laços com os Estados Unidos, incluindo empregos locais e planos de comprar US$21 bilhões em produtos norte-americanos até 2030.
O argumento da empresa inclui uma potencial linha de montagem de US$500 milhões nos EUA para seu avião de carga KC-390 caso o país decida comprar o jato militar, que compete com o C-130 Hercules, da Lockheed Martin.
“A competição lá é difícil, a gente sabe disso, está consciente disso. Mas nós aumentamos a equipe, reforçamos a equipe, contratamos uma consultoria que vem trabalhando com a gente para ajustar a estratégia, então a gente está animado e acha que tem uma oportunidade”, disse Gomes Neto, acrescentando que recentemente apresentou o caso a autoridades dos EUA como uma “oportunidade de negócio”.
O executivo acrescentou que a Embraer vem trabalhando com um “parceiro relevante” para introduzir o KC-390 nos EUA, mas não quis identificá-lo.