Embraer (EMBR3) mira alcançar em 2028 entregas de 100 jatos comerciais por ano, diz presidente

A Embraer (EMBR3) espera atingir em 2028 o nível de 100 entregas de aeronaves comerciais por ano, disse seu presidente-executivo à Reuters, acrescentando que problemas na cadeia de suprimentos provavelmente impedirão a fabricante brasileira de atingir essa marca antes.
A terceira maior fabricante de aviões do mundo aumentou as entregas anuais desde 2021, como parte da recuperação da crise do setor desencadeada pela pandemia. A empresa prevê entre 77 e 85 entregas de jatos comerciais este ano, ante 73 em 2024.
O presidente-executivo da companhia, Francisco Gomes Neto, já havia alertado anteriormente que problemas na cadeia de suprimentos continuariam limitando os planos de produção da Embraer, que alcançou pela última vez a marca de 100 entregas em um único ano em 2017.
“O ano de 2026 ainda vai ser mais desafiador para a produção de jatos comerciais”, disse ele em entrevista na quarta-feira.
“Mas a partir de 2027, vamos voltar com nosso plano forte de crescimento, e esperamos que em 2028 já estejamos batendo nos 100 aviões comerciais por ano”, acrescentou.
No ano passado, a Embraer enfrentou atrasos no fornecimento de motores de seus jatos E2, a geração mais nova de aviões comerciais da companhia.
Embora a situação tenha melhorado, a empresa agora enfrenta problemas com peças de fuselagem vindas da Europa e motores dos jatos E1, de primeira geração, disse Gomes Neto.
“Esse ‘range’ que temos dado para o mercado tem permitido a entrega do que prometemos, apesar de toda essa dificuldade da cadeia de suprimento”, disse o executivo.
“A Embraer vai continuar crescendo. Nós estamos com os pedidos para entregar, não é falta de venda. Estamos com pedido, estamos com a carteira, os slots de produção praticamente fechados para 2026 e para 2027, e parcialmente 2028. Agora o desafio realmente é entregar os aviões.”
Os comentários do executivo foram feitos após a Embraer anunciar, na quarta-feira, um pedido firme de 50 aeronaves E195-E2 feito pela companhia aérea norte-americana Avelo Airlines, o primeiro acordo nos EUA envolvendo jatos E2.
A Embraer já havia recebido pedidos este ano de clientes como a japonesa ANA e a Scandinavian Airlines SAS, que compraram jatos E2, bem como da companhia aérea americana SkyWest, que fez encomendas de aeronaves E1.
Mais pedidos de E2 são possíveis este ano, disse Gomes Neto, já que diversas campanhas de vendas estão em andamento. Os jatos E1, que atendem quase exclusivamente o mercado norte-americano, não devem registrar novas vendas em 2025.
Sem fábrica nos EUA
Apesar do pedido da Avelo e da tarifa norte-americana de importação de 10% sobre aeronaves fabricadas no Brasil, a Embraer não pretende criar uma linha de montagem de jatos comerciais nos EUA, disse Gomes Neto.
Qualquer possível fábrica dependerá de uma enxurrada de novos pedidos, acrescentou, observando que a empresa preferiu concentrar sua estratégia para eliminar a tarifa diante dos benefícios que oferece a fornecedores e clientes dos EUA.
“Preferimos ir no caminho de mostrar o ‘business case’ como um todo da Embraer. Então, nos próximos cinco anos, nosso plano é comprar US$21 bilhões deles e exportar US$13 bilhões”, disse Gomes Neto.
A Embraer produz as duas gerações de suas aeronaves comerciais em uma linha híbrida na fábrica de São José dos Campos, no interior de São Paulo.
“Criar uma nova linha tem que investir muito dinheiro, isso vai criar uma depreciação enorme e vai deixar o produto menos competitivo”, disse o presidente da Embraer.
“Se a gente vender milhares de aviões, tiver pedidos de centenas de aviões, aí sim – aí não dá para fazer lá (no Brasil), aí uma segunda linha poderia ser perto de quem vai comprar mais aviões. Mas não é o caso agora”, acrescentou.
A empresa opera linhas de montagem de alguns jatos executivos no Estado norte-americano da Flórida e propôs uma linha de produção de US$ 500 milhões nos EUA para o avião de transporte C-390, caso o país decida comprar o cargueiro militar.