Embraer (EMBR3) diz que pode rever investimentos nos EUA se tarifa de Trump não for zerada
A Embraer (EMBR3) pode cancelar seus investimentos nos Estados Unidos caso as tarifas impostas pelo país contra o setor aeronáutico brasileiro, hoje em 10%, não forem zeradas.
“Os investimentos anunciados recentemente já haviam sido decididos antes do anúncio das tarifas. Mas, se nada mudar, provavelmente iremos rever esses aportes”, disse o CFO da companhia, Antonio Garcia, em entrevista ao Money Times.
As falas foram feitas durante a entrega do Prêmio Equilibrista, promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP) na noite desta quarta-feira (26), e que sagrou Garcia como o “CFO do ano”.
Em outubro, a Embraer havia anunciado um investimento de R$ 376 milhões em sua planta no Texas, quantia que entra como parte dos US$ 500 milhões previstos para os próximos cinco anos e anunciados em setembro. Além do Texas, a planta de Melbourne, na Flórida, também deve receber aportes.
A companhia aeronáutica também deixou em aberto a possibilidade de investimento de mais US$ 500 milhões caso seu cargueiro KC-390 seja escolhido pela força aérea norte-americana.
A Embraer vem, nos últimos meses, tentando contornar a imposição das tarifas pelo governo de Donald Trump.
As primeiras tarifas de 10% impostas pelos Estados Unidos sobre uma gama de produtos brasileiros, incluindo os da Embraer, foram anunciadas em 2 de abril deste ano. O aumento das tarifas para 50% aconteceu no começo de julho, e a volta para 10%, poucos dias depois.
“O nosso presidente [CEO] ficou em contato com os dois governos, na tentativa de ajudar os dois lados na discussão. O meu trabalho foi tentar reduzir ao máximo, internamente, os impactos das tarifas na nossa operação. Deu resultado, mas ainda é um incômodo”, afirmou Garcia.
“O nosso braço de aviação regional tem como principal mercado os Estados Unidos. E quem paga a tarifa é o cliente final. Nós estamos perdendo competitividade. Todos nossos concorrentes já voltaram para a tarifa zero. Se as coisas não mudarem, vamos rever nossa política de investimentos”, acrescentou.
Sobre a premiação, Garcia afirmou: “Todos os CFOs tiveram de lidar com um ambiente marcado por alta volatilidade, sobretudo nas relações e no comércio internacional. As mudanças bruscas exigiram atenção redobrada à gestão de riscos.” Para 2026, o executivo afirma que ainda espera volatilidade.