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Embraer: sem encomendas, não há vacina que dê jeito; venda as ações, dizem analistas

20 jan 2021, 21:32 - atualizado em 21 jan 2021, 15:18
Embraer
O setor aeroespacial está numa história de fim de ciclo e as novas encomendas podem demorar 4 anos para retornar aos níveis pré-Covid 19 (Imagem: Embraer/Youtube)

A Embraer (EMBR3), que sofreu enormes baques no ano passado com fim do acordo com a Boeing (BA) e a própria crise do coronavírus, agora respira um pouco mais aliviada: as ações já dispararam 72% desde as mínimas, no auge da pandemia. Os investidores apostam no retorno à normalidade após as vacinas.

Mas a Ágora Investimentos não está tão otimista. A corretora rebaixou a recomendação dos papéis da Embraer de neutro para venda, com preço-alvo de R$ 5 até o final de 2021, o que implica desvalorização de 45%.

“As vacinas não mudam a curto prazo os desafios estruturais da Embraer, incluindo entregas adiadas, nenhuma encomenda material no futuro próximo, uma estrutura de custo pesada e competição feroz com a Airbus”, argumentam os analistas Victor Mizusaki e Flavia Meireles.

Para eles, o setor aeroespacial está no fim de ciclo e as novas encomendas podem demorar 4 anos para retornar aos níveis pré-Covid.

“No geral, nós estamos alterando a recomendação da Embraer para venda, uma vez que sua estimativa de entregar 74 aviões em 2021 parece demasiadamente otimista se comparado ao nosso cenário base de 41 entregas”, afirmam.

Alta das companhias aéreas não significa encomendas

Desde o fundo do poço em março, as ações da Gol (GOLL4), Azul (AZUL4) e CVC Brasil (CVCB3) dispararam 31%, 48% e 67% respectivamente, sinalizando um retorno da demanda.

Porém, no caso da Embraer e outras fabricantes de aeronaves, as entregas de aviões foram adiadas e as novas encomendas de material podem ainda demorar algum tempo.

Mesmo com o retorno das operações, as aéreas ainda lidam com o excesso de capacidade. Para tentar contornar o problema, as companhias têm usado jatos regionais e aviões de fuselagem estreita, mais fáceis de ajustar para o cenário de nova demanda. Isso pode mudar com os preços do combustível de jatos subindo 21% em 2021.

“A questão do excesso de capacidade ainda é um problema estrutural e a maioria das companhias aéreas vão continuar queimando caixa. Portanto, a falta de novas encomendas de aeronaves para a Embraer e outros fabricantes pode continuar por mais tempo”, pontuam.

Aeroportos Coronavírus
Na visão dos especialistas, a tendência de recuperação recente do setor tem mostrado altos e baixos (Imagem: Pixabay)

Em novembro de 2020, a capacidade doméstica global caiu 70,3% na comparação com 2019,  mas subiu 94,3% ante abril, no pior momento da crise.

Na visão dos especialistas, a tendência de recuperação recente do setor tem mostrado altos e baixos, e novos lockdowns no Reino Unido e Alemanha, no qual representam 44% do mercado aéreo europeu, significam que os próximos meses serão incertos.

Preço não traduz queda nas encomendas

De acordo com a dupla, o preço atual da ação sugere que as entregas de aviões comerciais da Embraer devem ser de 74 unidades para 2021 e 79 unidades para 2022. Apesar disso, o Bradesco BBI espera um número menor: 41 aviões neste ano e 45 no próximo ano.

“Baseado nos planos de frota de aeronaves lançados pela Azul, Aercap, American Airlines (AAL), United Airlines, Alaska Airways e Skywest, parece improvável que a Embraer irá apresentar uma forte entrega de aeronaves sem sacrificar suas margens em 2021”, observam.

Para eles, o excesso de capacidade das companhias aéreas e o perfil de fim de ciclo da Embraer devem atrasar a recuperação de entregas de aviões.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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