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Empresa gasta quase 5% do valor distribuído para realizar IPO no Brasil, revela pesquisa da Deloitte

16 set 2020, 17:35 - atualizado em 16 set 2020, 17:51
B3 B3SA3 Ibovespa
De acordo com a pesquisa, 80% dos gastos durante o processo de IPO correspondem a custos relacionados com comissões e 20% com outras despesas (Imagem: Alberto Ruy/MInfra)

A média do percentual de custos com ofertas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) é de 4,9% em relação ao valor distribuído, revelou a Deloitte, em estudo lançado com a B3 (B3SA3) neste mês. Para ofertas subsequentes (follow-ons), a média do percentual de custos sobre o valor distribuído é de 3,4%.

As despesas com coordenadores (comissão de colocação, comissão de coordenação, comissão de garantia de liquidação e incentivos) normalmente são os custos individuais mais altos para uma empresa que está abrindo o capital na Bolsa. As despesas com auditores, advogados e publicidade, por outro lado, compõem a menor parte no montante.

Aproximadamente 80% dos gastos durante o processo de IPO correspondem a custos relacionados com comissões e 20% com outras despesas. No caso dos follow-ons, 82% ficam para as comissões e 18% para as demais despesas.

Durante o período de 2004 a maio de 2020, o custo médio com as comissões representaram 3,8% do valor distribuído em IPOs. Já o valor médio com honorários de advogados foi de 0,41% nos últimos 16 anos.

Em follow-ons, a média de custos com comissões atingiu 2,7%, enquanto o valor gasto com honorários de advogados representou 0,2%.

A média de despesas com auditores independentes foi de 0,14% para IPOs e de 0,07% para follow-ons.

Separando em setores, as indústrias com os custos médios mais altos para ofertas públicas entre 2004 e maio de 2020 foram agronegócio, representando 5,7% do valor distribuído, têxtil e calçados, também 5,7%, prestação de serviços, 5,4%, educacional, 5,1%, e informática, TI, internet e eletrônicos, 5,1%.

Agronegócio Trigo
A indústria com o custo médio mais alto para ofertas públicas entre 2004 e maio de 2020 foi agronegócio, representando 5,7% do valor distribuído (Imagem: REUTERS/Eduard Korniyenko)

Ofertas com maior valor distribuído

O estudo também mostrou que os custos para a abertura de capital são menores em ofertas com maior valor distribuído. De 2004 a 2020, empresas que captaram até R$ 200 milhões em IPOs gastaram, em média, 6,4% do montante, enquanto aquelas que levantaram de R$ 201 milhões a R$ 500 milhões desembolsaram 5,4% do valor. O percentual entre R$ 501 milhões e R$ 1 bilhão foi de 4,7%.

Em follow-ons, os custos no período representaram 4,1% em captações de até R$ 200 milhões, 4,2% entre R$ 201 milhões e R$ 500 milhões e 3,8% entre R$ 501 milhões e R$ 1 bilhão.

Governança corporativa

Outro dado do levantamento revelou que empresas que abrem capital em segmentos mais elevados de governança corporativa apresentam uma imagem melhor ao mercado e atraem mais investidores.

Segundo a Deloitte, empresas que operam em padrões mais elevados de governança têm, desde 2004, uma rentabilidade muito mais expressiva frente às demais.

Boom em 2020

Plano & Plano
A Plano & Plano iniciará as negociações na B3 nesta quinta-feira (Imagem: Divulgação/Plano & Plano)

A queda dos juros e a migração de investimentos para a Bolsa durante a pandemia de covid-19 proporcionaram um ambiente favorável para a abertura de capital de empresas no Brasil.

Até o momento, 26 ofertas públicas de ações, entre IPOs e follow-ons, foram realizadas em 2020, e mais de 50 ofertas iniciais estão atualmente protocoladas junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e em processo de análise pelo regulador. Carlos Zanotta, sócio de Global Capital Markets Group da Deloitte, destacou que o mercado pode registrar recorde em 2020.

“Se todos os IPOs que estão para acontecer de fato forem realizados, 2020 poderá ter um recorde”, disse.

A Plano & Plano (PLPL3), inclusive, iniciará as negociações na B3 nesta quinta-feira (17). A companhia precificou a ação a R$ 9,40, valor inferior à estimativa divulgada anteriormente, entre R$ 11,75 e R$ 15,25.

A Petz (PETZ3) realizou seu IPO na semana passada, tendo encerrado o primeiro dia de negociação com forte valorização de 21,8%. Outra empresa bem-sucedida em sua estreia foi a Pague Menos (PGMN3), que disparou 21,1% no dia.

Rogério Santana, Diretor de Relacionamento com Empresas e Assets da B3, comentou que a tendência é ver cada vez mais companhias abrindo capital na Bolsa se o cenário atual de juros baixos for mantida.

Metodologia

O estudo “Preparação e custos para abertura de capital no Brasil – uma análise sobre as ofertas de ações no país entre 2004 e 2020” usou dados públicos disponíveis nos prospectos definitivos de ofertas públicas realizadas no Brasil, de janeiro de 2004 a maio de 2020, sendo ofertas iniciais (IPOs) ou subsequentes (follow‑ons), realizados pela Instrução CVM 400, além de informações referentes às ofertas subsequentes com esforços restritos pela Instrução 476, fornecidas pela B3.

O levantamento envolveu inicialmente 174 ofertas iniciais e 128 ofertas subsequentes realizadas conforme a Instrução Normativa CVM 400, além de 62 ofertas subsequentes com esforços restritos, totalizando 364 ofertas.

Foram excluídas da população inicial, com o intuito de manter a homogeneidade da amostra, sete transações com valores distribuídos superiores a R$ 10 bilhões, todas realizadas de acordo com a Instrução CVM 400.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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