Empresário que vendeu banco a Vorcaro fecha trato e escapa de processo criminal
O ex-proprietário do Banco Máxima, vendido em 2018 a Daniel Vorcaro e rebatizado em 2021 como Banco Master, fechou um acordo com o Ministério Público Federal (MPF) para não responder criminalmente por gestão fraudulenta, crime pelo qual havia sido condenado no início de 2025.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, Saul Dutra Sabbá firmou um ANPP (Acordo de Não Persecução Penal), permitindo reconhecer irregularidades, evitar a ação penal e substituir a pena por pagamento financeiro. Valor acordado seria equivalente a 70 salários mínimos, pouco mais de R$ 100 mil.
No entanto, o acordo ainda precisa ser homologado pela Justiça Federal, que marcou audiência para o dia 5 de fevereiro.
Durante o processo, o MPF se mostrou contrário à negociação, considerando os crimes graves demais para esse tipo de acordo. Apesar disso, a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que arquivou parte das acusações contra a cúpula do Máxima, obrigou os procuradores a fechar o trato.
Em abril de 2025, a Justiça Federal de São Paulo condenou Sabbá a três anos de reclusão em regime inicial aberto por gestão fraudulenta. A denúncia, apresentada pelo MPF em 2021, foi baseada em informações do Banco Central e investigações da Polícia Federal. Sabbá e outros ex-dirigentes foram acusados de registrar ganhos fictícios entre 2014 e 2016 e realizar manobras contábeis fraudulentas para mascarar insuficiência de capital.
Segundo o processo, o banco concedeu empréstimos irregulares a uma empresa de negócios imobiliários, com o objetivo de reduzir prejuízos semestrais. Esses valores foram usados por terceiros para comprar cotas de um fundo em que o banco era único cotista, gerando “ganhos fictícios” de até 126% nos registros contábeis. Mesmo assim, o prejuízo do banco no segundo semestre de 2014 foi superior a R$ 5 milhões.
A Justiça absolveu outros ex-diretores acusados na mesma ação, incluindo o ex-diretor jurídico e contábil. O Banco Máxima ficou conhecido por atuar no crédito para o setor imobiliário e enfrentou denúncias de crimes contra o sistema financeiro nacional.
Crise do Banco Master
Em novembro, a Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, após uma investigação apurar um esquema de criação e negociação de títulos de crédito inexistentes, envolvendo instituições do Sistema Financeiro Nacional. As suspeitas incluem gestão fraudulenta, gestão temerária e participação em organização criminosa.
O Master teria repassado ao Banco de Brasília (BRB) cerca de R$ 12,2 bilhões em carteiras fictícias, apresentando documentos falsificados ao BC. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado por 60 dias.
O caso estourou meses após o BRB anunciar, em março, a intenção de adquirir 58% do Master por cerca de R$ 2 bilhões — operação que criaria um grupo com R$ 100 bilhões em ativos. O negócio, no entanto, foi barrado pelo BC em setembro, por falta de viabilidade e alto risco.
Com o avanço das investigações, a autoridade monetária decretou a liquidação judicial do Master. Um dia antes, a holding Fictor havia demonstrado interesse em comprar o banco, prometendo aporte inicial de R$ 3 bilhões. A liquidação transformou o episódio no maior acionamento da história do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), sendo que, em março de 2025, o Master mantinha cerca de R$ 60 bilhões em depósitos cobertos.