Guerra Comercial

Empresas de bens de consumo enfrentam dilema de preços com tarifas dos Estados Unidos

31 jul 2025, 6:29 - atualizado em 31 jul 2025, 6:35
Adidas
Empresas buscam estratégias para aumentar preços sem impacto nas vendas (Imagem: Unsplash/Deepal Tamang)

De brinquedos a tênis e fraldas, os bens de consumo estão no centro de uma variedade de estratégias das empresas para suavizar o impacto das tarifas dos Estados Unidos – dependendo da capacidade de compra dos seus clientes.

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A Adidas disse que pode lançar novos produtos com preços mais altos nos EUA, a Levi Strauss vai reduzir promoções, e a gigante de embalagens Procter & Gamble começará a aplicar aumentos de preços já na próxima semana.

Algumas das maiores empresas do mundo vêm alertando há meses, desde os anúncios de tarifas feitos por Donald Trump no dia 2 de abril (“Dia da Libertação”), que seriam pressionadas por altas taxas alfandegárias.

Agora, essas empresas estão detalhando como estão mudando seus negócios para tentar amortecer o impacto do aumento de custos, da incerteza nas políticas comerciais dos EUA e da queda na confiança do consumidor.

As diferentes abordagens refletem uma divisão crescente sobre quanto cada empresa acredita que pode repassar ao consumidor sem afetar suas vendas.

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Os consumidores, especialmente aqueles que já enfrentam orçamentos apertados em meio à instabilidade econômica e geopolítica, podem resistir a pagar mais por itens do dia a dia, enquanto consumidores de renda média e alta podem estar mais dispostos a gastar em itens mais caros e discricionários.

“As tarifas funcionam como um imposto regressivo sobre o consumo das famílias, pesando proporcionalmente mais sobre os gastos de famílias de baixa e média renda do que sobre as de alta renda”, disseram analistas do Morgan Stanley em nota.

O grupo francês de cosméticos L’Oreal ainda não alterou os preços para ajustar-se às tarifas, mas o CEO Nicolas Hieronimus está revisando seu vasto portfólio de perfumes Valentino a cremes faciais La Roche-Posay para avaliar o que os consumidores tolerariam de aumento.

“Ainda estamos avaliando todas as opções, e também esperando a poeira baixar. Há algum poder de precificação em fragrâncias, mas também temos que considerar a elasticidade da demanda, então vamos ver como lidamos com isso”, disse Hieronimus.

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Segundo o rastreador global de tarifas da Reuters, pelo menos 92 das quase 300 empresas monitoradas anunciaram aumentos de preços como resposta à guerra comercial, sendo cerca de um terço delas do setor de consumo.

Algumas empresas de luxo podem ter um pouco mais de margem. A Hermes, fabricante das bolsas Birkin, aumentou seus preços em 7% globalmente, com um acréscimo adicional de 5% nos EUA, onde afirmou que repassaria totalmente os efeitos das tarifas aos clientes.

Porsche e Aston Martin revelaram pequenos aumentos de preços nos EUA, mas a notícia veio acompanhada de alertas de lucros, o que ressalta a fragilidade do mercado.

“Esta não é uma tempestade que vai passar”, disse o CEO da Porsche, Oliver Blume.

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O mais baixo possível

A fabricante de brinquedos Mattel Inc anunciou em maio que aumentaria os preços de alguns produtos nos EUA. Na semana passada, o diretor financeiro Paul Ruh disse que esses aumentos já foram implementados e que não espera novos reajustes neste ano.
“Nosso objetivo é manter os preços o mais baixo possível para os consumidores”, disse ele.

A Adidas, cuja linha de tênis Samba parte de US$ 100 no site dos EUA, revisará seus preços e decidirá quais produtos terão aumento no país assim que as tarifas forem finalizadas, disse o CEO Bjorn Gulden nesta quarta-feira (30). Ele não informou quanto os preços poderão subir.

“É mais fácil aumentar o preço de um produto novo que ninguém conhece do que de um produto que já existe”, disse ele a analistas.
Mas ele alertou sobre os riscos de exagerar nos aumentos de preço, dado o cenário incerto do comércio internacional e o que descreveu como um consumidor “um pouco deprimido em muitas áreas”.

As ações da Adidas caíram mais de 11% nesta quarta-feira, atingindo os níveis mais baixos desde fevereiro de 2024, à medida que os investidores ficaram preocupados com a estratégia da empresa em um momento de fragilidade da confiança do consumidor e alta sensibilidade aos preços.

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“Acho que é muito, muito importante não abandonar os produtos de faixa de preço mais baixa acreditando que é possível simplesmente aumentar os preços e aceitar vender menos volume”, disse Gulden aos analistas.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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