Grãos

Encruzilhada do milho vai aumentar sem tração do etanol, da ração e das exportações

28 abr 2020, 11:42 - atualizado em 28 abr 2020, 11:54
Combustíveis Biocombustível Etanol
Fraca demanda por etanol é um dos gargalos para escoamento do milho em preços compensadores (Imagem: Reuters/Marcelo Teixeira)

Os negócios com o milho estão numa encruzilhada que a cadeia toda está sentindo e deverá sentir ainda mais ainda em pouco tempo. Não há mercado exportador compensando e os compradores internos estão com demanda reprimida.

As indústrias de ração não têm demanda com a queda do consumo de carnes, impactando as granjas, e o etanol de milho bate com a sobra do etanol de cana, arrastados pelo petróleo em queda, gasolina mais competitiva e também procura fraca nas bombas. Há informações de indústrias tentando revender milho estocado ou aquele comprado antecipadamente.

O efeito cascata, originado da estagnação proporcionada pela pandemia, começa nos Estados Unidos, maior produtor mundial. A forte queda do etanol pressiona o cereal, que tenta manter o suporte (já baixo) de US$ 3 o bushel na bolsa de commodities de Chicago (CBOT).

Com o agravante de que a oferta brasileira de inverno está para começar a entrar e o analista Vlamir Brandalizze prevê uma boa safra dos Estados Unidos, a começar pelo andamento do plantio em já 27% do total de área, contra 12% na mesma semana do ano passado.

Além disso, explica Brandalizze, da Brandalizze Consulting, ainda tem milho de verão que não foi comercializado.

Na média, está se praticando entre R$ 44,60 e R$ 47,00 nos portos (a caminho dos R$ 44,50 a R$ 46,50 no segundo semestre), a R$ 45,00 “e caindo no Paraná” e na faixa do R$ 36,00 no Mato Grosso porque a segunda safra (safrinha ou safra de inverno) ainda tem mais umas duas semanas para começar a colheita.

Considerando o cenário de preço sobre a expectativa de 32 milhões de toneladas do safrinha mato-grossense, mais os 12 milhões/t do Paraná, sem força dos grandes originadores internos, Brandalizze acredita que a alternativa será a exportação, mesmo também pressionada. Melhor se o dólar permanecer nas alturas.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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