Energia Elétrica

Energia de biomassas estagna por dívida das hidrelétricas e leilões pouco atraentes

11 out 2019, 15:49 - atualizado em 11 out 2019, 15:58
Principal biomassa da cogeração, a cana que sobra do que é gerada de energia acaba sendo vendida para outros fins e vira eletricidade (Agrocan)

Havia uma expectativa de que a produção de energia elétrica de biomassas avançaria em 2019, já que há capacidade instalada e matéria-prima para tanto. Mas o bolo das dívidas das hidrelétricas cresceu e os leilões de vendas de energia continuaram com pouca atratividade. A chamada cogeração exportada pelas usinas ao sistema elétrico caiu e o total produzido a partir da queima do bagaço de cana, cavaco e outros não bateu nos 10% de tudo que se usa no Brasil para acender as luzes e funcionar as máquinas.

A queda de 2%, no acumulado de janeiro a agosto, é considerada até pequena pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), porém mostra ao mínimo estagnação.

A ligação do mercado com a geração de energia hidráulica se dá indiretamente. As hidrelétricas não conseguiram produzir energia suficiente para atenderem os contratos, compraram energia no mercado livre e não pagaram. A estimativa é de um débito de R$ 8 bilhões sendo carregado há três anos.

Como é a Câmara de Comercialização de Energia (CCE) que faz a liquidação do spot, se as usinas cogeradoras produzissem a mais do que a sua garantia física – o lastro de sua produção – teriam crédito a receber.

“Então, como não há dinheiro, as indústrias não se sentem estimuladas a exportarem mais energia”, complementa Leonardo Caio, diretor de Regulação e Tecnologia da Cogen. A falta de recursos é pior que a baixa atividade econômica do Brasil que poderia fazer com o que o consumo fosse menor.

Ao invés de as empresas venderem mais, a R$ 250 o megawatt, preferem, no caso da biomassa da cana, venderem a tonelada de bagaço a R$ 60 para outras finalidades.

Ganham menos, mas com garantia de recebimento, e se livram de um passivo que vai se acumulando nas usinas com a sobra do bagaço se amontanhando, avalia Caio.

De janeiro a agosto, a cogeração que chegou ao sistema elétrico foi de 32.313 gigawatt-hora (GWH), contra 32.916 dos mesmos meses de 2018. Não deve sofrer muita alteração até o final do ano, segundo a Cogen, inclusive porque a cana de açúcar – 75% dos 51 mil GWH da produção brasileira de biomassa, cujo total anual é de 600 mil GWT -, já entra no final de safra, antecipada, no Centro-Sul.

Distribuição

Em paralelo ao cenário, há os casos dos leilões, cujas vendas sob contrato são menos arriscadas que a comercialização no mercado livre. “Ocorre – diz o diretor da Cogen – que pleiteamos o modelo de leilão conhecido de Geração Distribuída, com fixação de preços de acordo com cada local (e respectiva demanda) onde não haveria a instalação de uma usina geradora convencional”.

Além de melhorar a remuneração, também garantiria mais estabilidade técnica ao sistema elétrico e maior eficiência.

De certo modo, os investimentos em cogeração também ficaram estáveis, tanto no aumento da capacidade das 230 exportadoras de energia que estão atuando, quanto entre os novos entrantes – muitas usinas ainda só cogeram para consumo interno.

“Business têm”, afirma Leornardo Caio. Mas é preciso maiores garantias para retorno em menor prazo de investimentos que podem chegar a R$ 4 bilhões para se produzir 1 GWT.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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