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Eneva avalia ativos da Petrobras à venda e tem apetite por térmicas, diz diretor

08 nov 2019, 18:34 - atualizado em 08 nov 2019, 18:34
Eneva
Nogueira disse ainda que a Eneva tem mantido conversas com desenvolvedores para ampliar seu portfólio de projetos termelétricos (Imagem: LinkedIn da Eneva)

A Eneva (ENEV3), que explora gás natural em terra e opera diversas termelétricas, tem avaliado diversos ativos que a estatal Petrobras tem colocado à venda mais recentemente como parte de um plano de desinvestimentos, disse à Reuters um diretor da companhia nesta sexta-feira.

O foco da empresa é na possível aquisição de fatias minoritárias em reservas já descobertas ou em campo a ser desenvolvido, ainda não em produção, em busca de expandir o acesso a reservas de gás e em uma possível expansão da capacidade de geração, afirmou o diretor de Novos Negócios da Eneva, Matheus Nogueira.

“Sempre que a Petrobras (PETR4) coloca alguma coisa à venda, principalmente no que se refere a gás ou geração de energia elétrica, e aí estou falando das termelétricas, a gente avalia… a gente tem interesse, sim, nos ativos e inclusive já compramos um campo da Petrobras, de Azulão”, afirmou o executivo.

A Eneva anunciou em novembro de 2017 a compra junto à Petrobras do campo de Azulão, no Amazonas, por 54,5 milhões de dólares, concluída em 2018.

“Todos processos da Petrobras a gente participa, principalmente se estiver relacionado ao gás… Se o ativo for offshore, é provavelmente muito difícil que a gente entre como operador. A gente entraria, se for gás, em participação minoritária, em uma descoberta ou um campo que está eventualmente planejado para ser desenvolvido no futuro”, acrescentou.

Nogueira disse ainda que a Eneva tem mantido conversas com desenvolvedores para ampliar seu portfólio de projetos termelétricos.

A empresa anunciou nesta semana acordo de exclusividade para potencial aquisição de fatia de 75% em um projeto termelétrico no qual teria como parceria uma petroleira global com direitos de exploração no Brasil. A companhia deve usar o empreendimento para disputar leilões de energia previstos para março de 2020, nos quais o governo quer viabilizar térmicas a gás.

Segundo o diretor, a UTE Fátima, com licença para até 1,75 gigawatt em capacidade, pode ser dividida em três módulos, cada um com 580 megawatts.

Protesto Leilão Pré-Sal Setor Petrolífero
A empresa anunciou nesta semana acordo de exclusividade para potencial aquisição de fatia de 75% em um projeto termelétrico no qual teria como parceria uma petroleira global (Imagem: Reuters/Pilar Olivares)

Novas bacias

A Eneva já viabilizou seis termelétricas no Maranhão, na Bacia do Parnaíba, onde explora áreas de gás natural em terra que abastecem os empreendimentos, e deseja ainda expandir a atuação na região.

Mas a companhia também quer replicar esse modelo em outras bacias, disse Nogueira, apontando que para isso há sempre a busca por novos blocos exploratórios para aquisição.

A Eneva também pode avaliar ativos offshore, no mar, que tenham como característica uma maior produção de gás, e não de petróleo, embora esteja fora do radar negócios grandes como participações no pré-sal, por exemplo.

“Talvez alguns ativos como na Bacia de Sergipe, onde são projetos menores, com alta produção de gás potencial, a gente possa ter mais interesse”, afirmou.

Segundo ele, o objetivo seria obter reservas de gás que possam ser “monetizadas” com a construção de termelétricas na costa.

Térmicas do pré-sal

A Eneva ainda acredita que planos do governo Jair Bolsonaro de fomentar o mercado de gás natural podem viabilizar a construção de termelétricas como forma de assegurar uma demanda segura e de longo prazo para o insumo.

A Eneva ainda acredita que planos do governo Jair Bolsonaro de fomentar o mercado de gás natural podem viabilizar a construção de termelétricas (Imagem: Alan Santos/PR)

Isso seria importante para permitir investimentos bilionários necessários para escoar a produção do gás do pré-sal até a costa, como têm apontado diversos especialistas.

O governo, no entanto, precisará lidar com um desafio regulatório para encaixar toda essa oferta no planejamento, dados os grandes volumes, destacou Nogueira.

“A partir de 2024, 2025, deve ter entre 60 milhões e 100 milhões de metros cúbicos em oferta adicional de gás. Se considerar, sendo conservador, 60 milhões… estamos falando aí de potencial para até 15 gigawatts (em termelétricas)”, afirmou.

“Uma boa parte disso pode ser reinjetada… mas acaba sendo realmente uma oferta termelétrica muito grande em qualquer cenário. Se colocarmos metade disso ainda estaríamos falando de 7,5 GW em capacidade térmica atendida por esse gás.”

O executivo destacou que essas usinas térmicas poderiam ser contratadas para atender à demanda do sistema por potência– quando é necessária energia que possa ser acionada a qualquer momento para atender picos de demanda no sistema.

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