Coluna do Antonio Samad Jr

Enfim, a Selic começou a cair (e quem sabe ganhar dinheiro vai ganhar ainda mais)

18 ago 2023, 17:18 - atualizado em 18 ago 2023, 17:18
Selic
Com a taxa de juros nas alturas, naturalmente as parcelas ficam mais altas e isso desestimula o consumo (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Finalmente a taxa Selic começou a cair. O meio ponto percentual – de 13,75% para 13,25% – ainda é pouco, mas já melhora os ânimos, as perspectivas econômicas e, claro, o próprio mercado financeiro.

O primeiro impacto é mais psicológico do que prático, já que a taxa básica de juros continua muito alta.

Porém, se o Banco Central mantiver o viés de baixa nas próximas reuniões, e tudo indica que manterá, o fluxo de recursos que hoje é atraído para a renda fixa se voltará para a renda variável, o que é bom para o país como um todo, principalmente para alguns setores como o varejista e o de construção civil, que dependem bastante de crédito barato.

Em um país como o Brasil, em que o crediário é parte principal do faturamento do comércio, ter juros baixos é importantíssimo. Até porque o consumidor final só bate o martelo depois de ter certeza de que a prestação cabe no bolso.

Com a taxa de juros nas alturas, naturalmente as parcelas ficam mais altas e isso desestimula o consumo.

Sem contar, que a própria inadimplência das famílias é um fator limitador, o que prejudica bastante o varejo. Até negociar dívidas é difícil em um cenário como este, pois o custo, mesmo com algum desconto, é desvantajoso.

Com juros cada vez menores, esse cenário deve se alterar ao longo dos meses.

As empresas, desde já começam a se preparar e, melhor, com uma perspectiva positiva e cientes de que os preços das ações das redes varejistas brasileiras estão baixos, ou seja, os investidores têm a oportunidade de comprar esses papéis em situação vantajosa para começarem a ganhar daqui a alguns meses.

Para quem pensa a curto prazo, ainda é cedo para se expor ao risco, mas quem visa o longo já pode começar a se mexer. Aliás, essa movimentação por si só contribui com a melhora do setor, já que representa a entrada de mais dinheiro por meio do mercado de capitais.

Sobre a construção civil podemos dizer o mesmo. De março para cá, ela vem apresentando resultados melhores na bolsa por conta da melhora do cenário fiscal e dos planos do governo de reativar o programa Minha Casa, Minha Vida.

Este setor também depende bastante de financiamento e da boa saúde financeira das famílias, pois é uma indústria muito alavancada. Sendo assim, vale arriscar a compra de ativos neste momento visando lucro no longo prazo.

Costumo dizer que o setor bancário é um dos melhores para se investir na Bolsa brasileira. Eles sabem como ganhar dinheiro e apesar de todas as dificuldades econômicas continuam a obter lucros bilionários.

Acontece que na economia tudo tem um “ponto ótimo”, que é aquele que permite ganhar bastante sem matar “a vaca que produz o leite”. O que isso significa?

Simples, juro alto ajuda banco a ganhar dinheiro, mas em um patamar muito alto prejudica as pessoas, as empresas e, por tabela, o setor financeiro.

O patamar de endividamento dos brasileiros é tão alto, que exige o aumento do provisionamento por parte dos bancos. Além disso, reduz a tomada de crédito, que é a principal fonte de ganhos do setor.

Com a economia quase parando, a lucratividade é menor e os investidores sentem no bolso na hora que recebem dividendos menores. Então, o retorno, mesmo que lentamente da taxa de juros a níveis civilizados, tende a ser bom também para este ramo, sempre atraente, mas que deve ficar ainda melhor.

Se a redução da Selic é boa para os setores já citados, claro que também é favorável para o segmento de shoppings.

Se as lojas voltarem a vender bem, claro que elas vão permanecer nos shoppings e outras devem entrar, reduzindo a taxa de vacância que cresceu durante a pandemia, mas que vem se recuperando de 2022 para cá. Vale a pena dar atenção para este segmento.

Na prática, a redução da taxa de juros tende a melhorar a economia como um todo. Mas esses ramos foram muito pressionados nos últimos meses porque têm atuação doméstica, diferente de empresas que vendem tanto para o mercado interno quanto externo.

As mineradoras, por exemplo, exportam muito e isso garante um bom fluxo financeiro em momentos de crise nacional.

Essa é a razão para os analistas estarem otimistas, pois varejo, shoppings, construção civil, prejudicados que foram nos últimos meses, são os que mais têm a oferecer em termos de rentabilidade daqui para frente.

CEO da Axia Investing
Advogado com especialização em direito tributário. Atua no mercado financeiro desde 1999. Experiência de mais de 22 anos, já passou por grandes corretoras, onde atuou como sócio gestor de escritórios da Gradual, Walpires, XP e Terra Investimentos. É sócio e gestor da mesa proprietária Axia Investing.
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