‘Enquanto uns choram, outros vendem lenços’; como Inter (BIDI11) quer enfrentar turbilhão Trump, segundo João Menin

Se antes os Estados Unidos eram sinônimo de estabilidade, hoje viraram fator de desestabilização da economia.
O presidente Donald Trump ampliou sua agenda de tarifas e o Brasil, que não estava entre os principais alvos, passou a ser atingido duramente com taxas de 50%.
Em meio à piora da relação entre os dois países, considerada a mais delicada em pelo menos 50 anos, estão empresas brasileiras que operam e miram expansão no mercado norte-americano.
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Esse é exatamente o caso do Inter (INBR32).
Estratégia global do Inter
Desde 2021, quando comprou a Usend, a plataforma vem ampliando o espaço nos EUA como parte da estratégia de se tornar global e replicar seu modelo de negócios em outros países.
O país parece a escolha certa: além de ser o centro financeiro mundial, possui uma ampla comunidade de brasileiros.
Além disso, os EUA estão na vanguarda de inovações tecnológicas, algo que virou imprescindível para plataformas digitais como o Inter.
Direto do escritório em Miami, João Menin, CEO global do Inter, vê as tarifas com cautela, mas acredita que está preparado para crescer independentemente do cenário.
“As políticas do Donald Trump deixaram o mundo todo mais incerto. Agora, para o Inter, sabe o que eu falo? O jogo é um jogo de gerar alfa. Se o mercado está pior por causa das políticas do Trump ou de qualquer presidente americano, eu tenho que fazer um negócio que seja muito bom para o meu consumidor”, afirmou.
Crescimento no Brasil como prova de resiliência
Prova disso?
Menin cita o próprio Brasil. Se nos últimos dez anos o país cresceu a uma taxa média inferior a 1% ao ano, a carteira do Inter saiu de R$ 9,4 bilhões em 2020 para R$ 40 bilhões no segundo trimestre de 2025.
“Isso é gerar alfa. Encontramos espaço dentro de um mercado que não tem um crescimento muito grande e conseguimos criar valor para nossos clientes”.
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“Obviamente, ficamos atentos se houver algum impacto importante, mas temos que gerar alfa. Assim, de novo: como é que eu ajudo o meu cliente, como é que eu trago mais clientes, mais receita. Isso nós controlamos, o resto não controlamos”.
‘Tem quem vende lenço e tem quem chora’
Questionado pelo Money Times se a piora das relações entre EUA e Brasil preocupa, Menin respondeu que sim.
“Temos a nossa economista-chefe, que está sempre estudando e avaliando o que pode impactar. Preocupados, sim”.
Mas brinca: tem quem venda lenço e tem quem chore. “Nós temos que estar sempre vendendo lenço, fazendo o melhor possível”.
O executivo ilustra a colocação com as incertezas provocadas pelo aumento de impostos das transações financeiras, o IOF, que gerou ruído entre o mercado e a equipe econômica do ministro Fernando Haddad.
“Nesse aspecto, por exemplo, das tarifas e da questão do IOF, que foi um bode na sala, disse que coisa boa: como temos um produto de cartão e um produto de investimento, os nossos clientes têm mais facilidade de operar a nossa conta e ter menos prejuízo com a nova tabela de IOF”, afirmou.
Lei Magnitsky e incertezas regulatórias
Outro ponto de preocupação de instituições que operam no Brasil e nos EUA é a Lei Magnitsky, aplicada contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Bancos brasileiros, inclusive, já receberam notificação do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos perguntando sobre as ações das instituições envolvendo a lei, afirmou uma fonte à Reuters.
Segundo Menin, é um assunto novo para todos os bancos.
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“Então, o que temos que fazer? Estamos acompanhando, como todo mundo, através dos locais que consideramos competentes para isso. Pelo que parece, até onde vemos também pela empresa, por vocês, não houve impacto”.
O executivo afirmou ainda que seguirá todas as regras que afetam o negócio.
“Hoje ainda é um momento de observação. Acompanhamento e observação. É muito difícil falar qual o impacto, porque não sabemos. Seria prematuro e complicado afirmar”.
O Money Times viajou a convite do Inter