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Ações da Netflix sobem com coronavírus na rua e pessoas em casa

11 mar 2020, 13:29 - atualizado em 11 mar 2020, 13:59
Netflix
A Netflix foi a que mais se destacou no grupo chamado FAANG (Imagem: Gustavo Kahil/ Money Times)

Grandes correções de mercado são geralmente vistas como oportunidades ideais pelos investidores de longo prazo para arrebatar ações de empresas sólidas e de alto valor a preços baixos.

Com a queda atual, desencadeada pela disseminação mundial do coronavírus, não é diferente. Os investidores com foco no longo prazo ficarão atentos ao momento certo para tirar vantagem.

Evidentemente ninguém sabe até quando tudo isso vai durar. Mas, de acordo com Benjamin Graham, grande analista de investimentos do século XX e mentor de Warren Buffett, os investidores devem se conformar com a possibilidade de as ações se desvalorizarem pelo menos 33% uma vez a cada cinco anos.

No fechamento desta segunda-feira, o Dow, o S&P 500 e o NASDAQ Composto estavam cerca de 19% abaixo das suas máximas históricas atingidas em meados de fevereiro, enquanto tentavam dar continuidade à sua corrida de alta que já durava uma década.

Portanto, se você é um investidor independente e está aguardando de fora com caixa disponível, a recente derrapada das ações em breve deverá oferecer a oportunidade de comprar algumas das melhores ações disponíveis a preços extremamente reduzidos.

Hoje, escolhemos a Netflix (NFLX),(NFLX34) para analisar se suas ações estão posicionadas para oferecer melhor desempenho durante essa queda.

Netflix Weekly Price Chart

A gigante do entretenimento via streaming está se segurando firme na atual liquidação de mercado, que atingiu em cheio as ações de tecnologia de alto crescimento.

Essa resiliência inesperada ocorre após o desempenho deplorável da Netflix em 2019, que viu suas ações ficarem para trás no rali que levou tantas outras mega-ações de tecnologia a atingir novas máximas.

Mas, no mês passado, a Netflix foi a que mais se destacou no grupo chamado FAANG, que reúne cinco empresas de megacapitalização de mercado, como Apple (AAPL), (AAPL34) e Amazon (AMZN),(AMZO34). Essas ações estavam entre as que mais contribuíram para a ampla disparada do mercado, que fez o S&P 500 atingir o recorde de 3.3923,62 no mês passado.,

Antes do pregão de ontem, as ações da Netflix haviam se desvalorizado cerca de 6% nas quatro semanas anteriores, enquanto o S&P 500 afundou 17%. O rali de ontem fez com que o papel subisse mais de 5%, fechando a US$ 364,13.

“Ficar em casa” virou o atrativo da Netflix

A teoria popular que explica o bom desempenho da Netflix nesse ambiente extremamente baixista e incerto é que, por ser uma das ações “para ficar em casa”, a Netflix se beneficiaria do Coronavírus, já que os assinantes devem gastar mais assistindo conteúdos das plataformas de streaming em suas residências.

Essa lógica, para alguns analistas, não pesa muito. De acordo com a Needham, empresa independente de serviços de investimento e gestão de patrimônio, o vírus acabar prejudicando a Netflix, cujos serviços seriam considerados “de luxo” no momento em que a renda do trabalho está diminuindo.

“A NFLX cobra uma quantia fixa por mês e não se beneficia economicamente das horas a mais que seus assinantes passam assistindo conteúdos”, declarou a analista Laura Martin em uma nota aos clientes na terça-feira.

Em vez de se concentrar nesses motivos de curto prazo para comprar a ação, os investidores deveriam, em nossa visão, reavaliar a Netflix por outros catalisadores positivos.

Um deles é que levará mais tempo para que novos concorrentes no mercado de streaming de vídeo consigam prejudicar a posição de liderança da Netflix, caso entremos em uma grave e prolongada recessão.

Será mais difícil que os maiores rivais da Netflix gastem agressivamente para expandir sua participação de mercado, já que o apetite para serviços complementares de entretenimento cai quando as pessoas estão perdendo seus empregos.

A Disney e a Apple lançaram seus próprios serviços de streaming, o Disney+ e o Apple TV+, em novembro. Já a WarnerMedia, pertencente à AT&T, planeja lançar o HBO Max em maio, enquanto a NBCUniversal, pertencente à Comcast deve apresentar o serviço Peacock nos EUA em 15 de julho.

Embora a Netflix tenha apresentado um crescimento de número de assinantes abaixo das expectativas nos EUA pelo terceiro trimestre consecutivo, de acordo com seu balanço do 4º tri divulgado em janeiro, sua expansão no exterior continua a todo vapor.

A empresa sediada em Los Gatos, Califórnia, registrou um aumento de 8,3 milhões de assinantes no mercado externo, mais do que os 7 milhões estimados. A companhia possui agora 167 milhões de assinantes em todo o mundo, incluindo 60,4 milhões nos EUA.

Mas alguns analistas veem um fio de esperança para a Netflix nesses números. “Está claro que o engajamento do Disney+ é menor que o da Netflix, o que reforça nossa visão de que o Disney+ não é seu substituto”, declarou o analista Nat Schindler, analista do Bank  of America, em nota, dizendo ainda que as horas de visualizações por assinante do Disney+ “ficaram muito aquém dos números da Netflix”.

Resumo

Diante da nebulosa perspectiva econômica atual, muitas empresas de tecnologia devem cortar suas previsões de crescimento e encolher seus planos de gastos.

Nesse possível cenário, a Netflix deve acabar se beneficiando, pois seus concorrentes atrasaram seus lançamentos e estão enfrentando dificuldades para atrair assinantes.

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