Entidades empresariais dos EUA e do Brasil pedem diálogo para evitar tarifa de 50%

A U.S. Chamber of Commerce e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgaram um posicionamento conjunto em resposta à proposta do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil.
As entidades pedem para que os governos dos dois países iniciem imediatamente negociações a fim de evitar a adoção da medida, que, segundo o comunicado, pode prejudicar gravemente uma das relações econômicas mais relevantes para os EUA e abrir um precedente preocupante ao misturar comércio e política.
De acordo com o posicionamento, a tarifa impactaria produtos essenciais para cadeias produtivas e consumidores norte-americanos, resultando em aumento de custos para as famílias e perda de competitividade de setores estratégicos da indústria dos EUA.
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“Mais de 6.500 pequenas empresas nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas norte-americanas têm investimentos naquele país. O Brasil está entre os dez principais mercados para exportações dos Estados Unidos e é destino, a cada ano, de cerca de US$ 60 bilhões em bens e serviços norte-americanos”, diz o posicionamento.
Entenda a tarifa de 50%
Na semana passada, o presidente Donald Trump anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras com destino ao mercado norte-americano. A decisão foi comunicada oficialmente por carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e entra em vigor em 1º de agosto de 2025.
A medida será aplicada de forma ampla, sem distinção entre setores ou tipos de mercadorias, e se soma às tarifas já existentes. Trata-se da tarifa mais alta imposta pelos EUA a qualquer país atualmente — outros mercados, como China, União Europeia e México, foram notificados com tarifas de até 30%.
A justificativa oficial do governo americano combina motivações políticas e econômicas. Trump classificou como “caça às bruxas” o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro — atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) — e citou insatisfação com as barreiras impostas pelo Brasil a produtos americanos, além de alegar prejuízos comerciais aos EUA.
Os setores mais afetados devem ser petróleo, ferro, aço e aeronaves, que juntos representam cerca de 38% das exportações brasileiras para os EUA.
O governo brasileiro estuda estratégias para mitigar os efeitos da medida. Entre as opções avaliadas estão a tentativa de negociação para reduzir a tarifa para 30%, o pedido de adiamento por 60 ou 90 dias, ou ainda a criação de cotas para exportações estratégicas, como café e laranja.
Nesta terça-feira (15), acontecem os primeiros encontros entre empresários e o comitê interministerial do governo, que discute propostas de resposta à tarifa.
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