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Entre altos e baixos na Bolsa e reestruturação de dívidas no radar; O que fazer com Casas Bahia (BHIA3)?

10 jun 2025, 10:56 - atualizado em 10 jun 2025, 10:56
casas bahia bhia3 ações
Ações da Casas Bahia reagem positivamente ao movimento de reestruturação de dívidas da varejista (Imagem: Reprodução/Facebook)

As ações da Casas Bahia (BHIA3) vivem um ano de altos e baixos na B3 em meio a medidas para melhorar as finanças da companhia. Na última semana, a varejista deu um passo importante para a reestruturação de suas dívidas: a conclusão da negociação com credores para converter parte dos débitos em ações, movimento que deve reduzir a alavancagem.

A companhia vem desde meados de 2023 perseguindo um plano de transformação, tendo inclusive pasad por um processo de recuperação extrajudicial para isso. A Casas Bahia fez ainda uma revisão de categorias-chave e adotou a estratégia de se distanciar de concorrências de grandes e-commerces. Veja mais aqui.

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As ações da varejista, que chegaram a negociar como penny stocks — ações negociadas com valor abaixo de R$ 1 —, acumulam alta superior a 40% em 2025, até o momento.

Entre altos e baixos na Bolsa, a alta acumulada em 2025 chegou a superar 200% em março, mas, no último mês, BHIA3 acumula queda de 17%.



Após acordo com credores, a Casas Bahia pretende antecipar a conversão da 2ª série das debêntures para ações ordinárias. Com a conversão das debêntures — que nada mais são do que títulos de dívidas emitidos pelas empresas — em ações, a dívida da empresa é transformada em capital próprio, reduzindo o endividamento.

Em relatório divulgado um dia antes do anúncio da Casas Bahia, a Genial Investimentos elevou a sua recomendação de venda para manter, tendo em vista o atual nível de preço da ação e o “efeito dominó” que a cláusula de conversão das debêntures, inicialmente esperada para outubro, poderia causar.

Para a casa, esse é um dos eventos de diluição acionária mais relevantes do mercado atual — e pode redefinir completamente a estrutura de capital da Casas Bahia.

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Movimento da Casas Bahia agrada analistas

O analista Rafael Passos, da Ajax Capital, destaca que Casas Bahia teve ainda acordo para reestruturar a 1ª série da 10ª emissão de debêntures, o que abre espaço para início dos pagamentos de principal e juros de novembro de 2026 para novembro de 2027.

Houve ainda isenção temporária das provisões de cash sweep, permitindo que Casas Bahia mantenha até R$ 500 milhões de eventos de liquidez nos próximos 12 meses. Vale pontuar que o mecanismo cash sweep demanda que a empresa queime caixa gerado para amortizar ou quitar suas dívidas antecipadamente.

“Todas as notícias são positivas para BHIA3, contribuindo para redução da alavancagem financeira da Companhia, em linha com a estratégia de reestruturação do ativo. Após a conversão das ações, a dívida deverá recuar de R$ 5,8 bilhões no primeiro trimestre de 2025 (1T25) para R$ 4,2 bilhões, atingindo uma dívida líquida/Ebitda em torno de 0,8 vez”

Do lado negativo, no entanto, o analista pontua que o prazo de 16 meses para vendas de ações pode trazer um overhang (excesso potencial de oferta) dos papéis nesse período.

A Nord Investimentos destaca que o movimento da Casas Bahia reduz o risco de insolvência no curto prazo, e a empresa ganha mais liberdade para executar seu plano de reestruturação.

O analista Rafael Ragazi pondera que agora a expectativa é de que a menor pressão financeira possa ajudar a companhia a recuperar sua rentabilidade e geração de caixa. Na visão dele, a empresa ainda possui uma marca relevante, forte presença nacional e uma base de clientes significativa.

“No ano, os papéis da varejista sobem 47%, mas chegaram a acumular uma alta de mais de 250%, devolvendo depois a maior parte do movimento. Contudo, em 12 meses, o papel ainda recua 36%. No momento, ainda mantemos a recomendação de evitar o papel”, diz o analista da Nord.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.