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Entrevista: Conheça a estratégia do fundo imobiliário que já rendeu quase 30% neste ano

03 dez 2021, 15:01 - atualizado em 04 dez 2021, 14:57
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Tranquilidade: foco da Urca Prime Renda são os imóveis residenciais, setor que ainda resiste à crise (Imagem: Divulgação/ Even)

Os fundos imobiliários apanham feio em 2021: o Ifix, que reúne os principais ativos do segmento, acumula uma perda de 9,93%. Só em novembro, o índice derreteu mais de 3,63%, o pior mês desde o início da pandemia. 

Exagero? Para o sócio da Urca Capital Partners, Caio Braz, sim. Segundo ele, o mercado age de forma generalista ao não separar as diferentes áreas de atuação dos segmentos. 

“No setor em que atuamos, a piora do cenário não é tão grande, quanto a refletida na desvalorização das cotas […] A análise do mercado acaba sendo simplista, porque os ativos deveriam ser olhados isoladamente”, aponta em entrevista ao Money Times.

O Urca Prime Renda investe em Certificados de Recebíveis Imobiliários, os famosos CRIs. Esse segmento é apontado por especialistas como mais resiliente a crises e aumento da inflação.

Levantamento realizado pela Empiricus mostrou que, até o dia 2 de dezembro, o fundo liderava os ganhos do Ifix, com alta de 27,8%, seguido pelo Kinea Rendimentos (KNCR11), com valorização de 19,98%.

A pesquisa, elaborada a pedido do Money Times, considera os proventos, e não apenas a variação da cota.

“Temos sido mais rigorosos nas análises. Estamos descasados no que ocorre no mercado”, observa Braz. 

Ele também falou sobre as estratégias do fundo para seguir “batendo o mercado” no próximo ano, que promete ser ainda mais desafiador que este. Veja a entrevista completa.

Caio Braz
“Temos sido mais rigorosos nas análises. Estamos descasados no que ocorre no mercado”, observa Braz (Imagem: Divulgação)

Money Time: Nesse momento de crise econômica, qual tem sido as estratégias da gestora no mercado de FIIs?

Caio Braz: Nossa visão é muito de separar o momento de mercado, em que os fundos estão caindo, da economia real. O mercado de fundos negociados na Bolsa responde de uma forma generalista e um pouco exagerada à situação real, principalmente de cada fundo e de cada setor. No setor em que atuamos, a piora do cenário não é tão grande, quanto a refletida na desvalorização das cotas. 

Temos acompanhado a situação de cada local, porque a economia real se move localmente, apesar do movimento macroeconômico de juros e inflação. Aumentamos as razões de garantia, as gorduras que temos nas nossas operações para que a situação de uma região em termos de desemprego e perda de poder de compra não afete nosso fundo. Temos sido mais rigorosos nas análises. Estamos descasados no que ocorre no mercado.

Money Times: Os FIIs estão baratos?

Caio Braz: Depende do fundo, de cada setor. Precisa olhar a exposição a cada região, o nível de garantia que cada fundo tem, em cada tipo de operação. É difícil falar da indústria como um todo.

A análise do mercado acaba sendo simplista, porque os ativos deveriam ser olhados isoladamente. Os fundos de shoppings vêm sofrendo há algum tempo e têm dificuldade de se recuperar, o que é compreensivo, visto a perda do poder de compra. Mas há muitos fundos que não estão sendo afetados por isso.

Money Times: Quais setores mais atraentes?

Caio Braz: No que acompanhamos, principalmente nosso mercado de atuação, vinculado a compra e venda de unidades imobiliárias de diversos tipos e menos os setores de consumo e logística. Apesar de acompanharmos o setor de logística menos, entendemos que continua indo bem e vai ser menos impactado do que o resto do consumo. 

De compra e venda imobiliária, as unidades mais populares têm resistido muito bem. Elas se comportam melhor do que os voltados para a classe média. O altíssimo padrão também resiste. Tivemos uma pequena queda na demanda.

Money Times: O que esperar para o ano que vem?

Caio Braz:  Eu, pessoalmente, espero que a inflação continue persistindo, não próximo de dois dígitos. Um câmbio pressionado e uma manutenção do preço do real, por conta da situação fiscal do país, que continua crescente.

Esperamos uma queda das margens dos investimentos imobiliários, e é por isso que temos nos preparado escolhendo melhor os empreendimentos, aqueles que possuem mais folga e garantias, em setores que enxergamos maior resiliência.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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