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Entrevista: Flutuação da Selic não para busca por imóveis, diz CEO da CrediHome

04 mar 2021, 15:21 - atualizado em 11 jun 2021, 14:38
Procura por financiamento imobiliário disparou 374% em janeiro, na comparação com um ano antes, segundo levantamento da fintech CrediHome (Imagem: Freepik)

Com a queda histórica da taxa Selic em 2020, a busca por imóveis disparou em plena pandemia, uma vez que os custos dos financiamentos imobiliários passaram a caber no orçamento de inúmeras famílias pelo Brasil.

Segundo levantamento da CrediHome, fintech de crédito imobiliário, obtido com exclusividade pelo Money Times, a demanda por financiamento em sua plataforma teve um crescimento de 49,7% de dezembro para janeiro.

Agora, quando os números são confrontados com janeiro do ano passado, a procura decolou 374%.

Muito embora a Selic deva flutuar neste ano, — o Itaú Unibanco (ITUB4) espera que a taxa básica de juros chegue a 5% ao ano em dezembro –, o CEO da CrediHome, Bruno Gama, avalia que as perspectivas do setor são positivas mesmo com os desafios econômicos.

“A capacidade de compra do cliente aumentou muito com os juros baixos, um mesmo financiamento de dois ou três anos atrás agora cabe no bolso”, pontua Gama.

A CrediHome conecta o cliente interessado no financiamento imobiliário ou home equity a todos os bancos de maneira gratuita, online, prática e sem burocracia, provendo ainda uma assessoria completa desde a aprovação do crédito até a liberação do recurso.

Durante a entrevista ao Money Times, o CEO também comenta sobre a modalidade home equity, que permite conseguir empréstimo com juros mais baixos, mas que ainda não é muito conhecida no Brasil.

Banco Central BCB
O Itaú Unibanco espera que a Selic chegue em dezembro com taxa de 5% ao ano (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

Money Times: Com a flutuação da Selic no decorrer de 2021, a procura por financiamento deve oscilar de maneira tão drástica?

Bruno Gama: A CrediHome espera que a Selic realmente flutue no decorrer deste ano, e deva encerrar 2021 no patamar de 4% ao ano, contra os atuais 2%. Nesse cenário, vemos alguma oscilação no custo e na taxa do crédito imobiliário, mas bem pequena.

A competição entre os grandes bancos, fintechs e bancos digitais, no mercado de crédito brasileiro, está muito forte atualmente. O crédito imobiliário é um produto muito estratégico para o setor bancário, visto que ele tem caráter de longo prazo, podendo se estender por 20 a 30 anos.

Trata-se de um trunfo de fidelização do cliente, logo as taxas devem permanecer baixas mesmo com o aumento da Selic. Não dá para cravar se a demanda por crédito imobiliário será tão forte como a observada em 2020, mas deve crescer dois dígitos, em torno de 25%, ainda a depender das condições macroeconômicas.

MT: Como pesar na balança a equação: cliente com maior poder de compra devido aos juros menores versus os riscos econômicos que ainda pairam no Brasil?

BG: O custo de aquisição de um imóvel financiado hoje é quase metade do que era há quatro anos atrás. Esse impacto por si só é muito relevante, e abrange famílias de diversos extratos sociais. Uma família com renda total de R$ 5 mil, por exemplo, não conseguia um financiamento de R$ 200 mil há cinco atrás.

Naquela época, um financiamento imobiliário de tal envergadura tinha parcelas mensais girando R$ 2 mil, e pela composição de regras adotadas pelos bancos, é necessário que se tenha uma renda que alcance o triplo das parcelas a serem pagas.

Bruno Gama, CEO da Credihome
Com a queda de juros no Brasil, o brasileiro teve de criar o hábito de investir melhor. E muitos foram direto para a aquisição de imóveis, pontua o CEO da CrediHome (Imagem: Divulgação/Credihome)

Então, o que ocorreu no Brasil foi uma democratização do crédito imobiliário. As famílias com renda de R$ 5 mil se viram empoderadas a financiar. E as famílias de renda superior também tiveram a oportunidade de comprar um imóvel a um custo bem inferior. Portanto, o impacto positivo da redução de custos é superior aos revezes econômicos provocados pela pandemia de Covid-19.

MT: O que é afinal o home equity?

BG: É um produto pouco conhecido no Brasil, porém muito utilizado na Europa e nos Estados Unidos. O home equity é o crédito com garantia  imobiliária, o crédito para o proprietário do imóvel. Então, todo proprietário de imóvel formal no Brasil pode tomar um crédito usando seu imóvel como garantia de pagamento.

Os valores chegam a até 60% do valor do imóvel, com prazos de até 20 anos, com juros muito menores. Os juros do home equity na CrediHome, por exemplo, começam com 0,74% ao mês. Nós acreditamos muito nessa modalidade, e é uma maneira mais saudável das pessoas tomarem credito no País.

MT: Como a CrediHome enxerga a mudança de comportamento das pessoas no mercado imobiliário?

BG: Com a queda de juros no Brasil, o brasileiro teve de criar o hábito de investir melhor. A mudança de pensamento também explica movimento dos investidores rumo à renda variável. E também explica o interesse dos investidores pelo mercado imobiliário.

Portanto, as pessoas começaram a procurar o setor como uma forma de terem rentabilidade superior à Selic. Muitos foram direto para a aquisição de imóveis, com intenção de revenda futura ou locação de curto prazo — usando Airbnb.

Repórter
Repórter de renda fixa do Money Times e Editor de agronegócio do Agro Times desde 2019. Antes foi Apurador de notícias e Pauteiro na Rede TV! Formado em Jornalismo pela Universidade Paulista (UNIP) e em English for Journalism pela University of Pennsylvania. Motivado por novos desafios e notícias que gerem valor para todos.
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