Arezzo

Entrevista: Investir com prazos diferentes também é diversificação, diz Ativa

24 jan 2017, 9:45 - atualizado em 05 nov 2017, 14:08

Lenon

Os investidores podem aproveitar os solavancos esperados para os mercados em 2017 para diversificar o prazo dos investimentos, além de escolher ações ou produtos diferentes. É isso que indica o analista-chefe da Ativa Investimentos, Lenon Borges. “Se você tem uma fatia em renda variável, pode dividi-la entre o longo e curto prazo. Isso também é uma diversificação”, explica em entrevista concedida ao Money Times.

Borges também fala sobre as principais apostas na Bolsa para o ano e cita as ações da Arezzo como uma ideia fora do radar do mercado. “Operacionalmente ela ainda tem uma consolidação a ser feita, tem dívida baixa, e não está muito no radar. Ainda não está na nossa carteira, mas pode entrar em algum momento”, afirma. Confira, abaixo, os principais trechos da conversa:

O que podemos esperar para primeiros meses do ano?

Em termos de fundamentos, mês a mês vamos atualizando, não esperamos uma mudança muito forte. Vemos um crescimento muito baixo ou até retração da economia. O crédito está retraindo em termos nominais e, em 2017, pode cair em termos reais. O governo não pode elevar gastos. Temos um impulso no setor externo e agrícola, mas não vejo uma grande mudança nos primeiros meses. É importante olhar, contudo, para até onde vai o desemprego e o endividamento das famílias. Os dados dos primeiros meses serão os mais importantes em termos políticos, mas não vejo uma mudança nas projeções para economia.

Teremos um rali das reformas? O que esperar para o Ibovespa?

Não descartaria essa hipótese. O ano passado foi atípico. Se a economia é difícil prever, a política é mais difícil ainda. Na confirmação dos eventos é podemos ter um movimento de alta, porém mais por um movimento estrangeiro por conta da queda dos riscos e nem tanto como no passado.

Acho difícil romper a máxima histórica de fechamento de 71 mil pontos. É muito para um mercado que já subiu muito no ano passado. Trabalharia com uma alta de 15% a 20%, num cenário otimista.

Setores que podem surpreender? O setor de construção civil pode ser um deles?

O setor de construção civil é um dos últimos a responder e precisa muito do mercado de trabalho. Em 2017, possivelmente sairemos da recessão, mas o desemprego deve andar até a metade do ano. Outros setores que se beneficiam são empresa muito alavancadas, como no setor siderúrgico, que tem o custo da dívida muito elevado.

Além disso, vemos o varejo. O segmento é muito dependente de renda e crédito e as ações, no geral, subiram muito no ano passado. Possivelmente começam a responder ainda neste ano com o retorno do mercado de trabalho e o crédito.

Alguma opção mais interessante fora do radar?

Aqui temos umas apostas internamente, tirando as principais como o Bando do Brasil, temos comentado um pouco sobre a Arezzo. É um setor que precisa de melhora do mercado de trabalho, os múltiplos são mais altos por conta da marca, mas em termos de histórico está abaixo da média. Chegou a negociar a um EV/Ebitda de 9 vezes e hoje está em torno 11,7 vezes, mas a média é em torno de 13 a 14 vezes. Operacionalmente ela ainda tem uma consolidação a ser feita, tem dívida baixa, e não está muito no radar. Ainda não está na nossa carteira, mas pode entrar em algum momento.

E as que estão no radar?

O Banco do Brasil, em termos de múltiplos negocia a menos de 1 vez o valor patrimonial, o Itaú a 2 e o Bradesco está quase lá. O BB teve um ROE abaixo de dois dígitos no segundo trimestre no ano passado, já atacou a gestão de pessoal e, agora em 2017, vai ter um aumento das tarifas bancárias acima das despesas administrativas e isso vai aumentar a eficiência do banco. Apesar da alta do ano passado, ainda tem espaço. É uma questão de tempo para ver o resultado aparecendo nos balanços. Tinha 9% de ROE e, com a nova gestão, é difícil achar que vai ser pior depois de termos vivido pelo ano mais desfavorável da série histórica de crédito.

O que você ressaltaria para o investidor em 2017?

Recomendamos diversificação para o cliente não se machucar em nenhum caso. O retorno de fato, o que acontece, é de longo prazo. Quem entra muito concentrado em um tipo de investimento pode ter algum retorno alto, mas a maioria se machuca.

Falamos muito de horizonte de longo prazo, mas estratégias de curto prazo podem dar resultado, como day trade, long x short e que podem ter retorno mais rápido com alguma assessoria. Se você tem uma fatia em renda variável, pode dividi-la entre o longo e curto prazo. Isso também é uma diversificação.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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