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Entrevista: Mostramos ao investidor que o turismo sobrevive crises, diz CEO da CVC

16 fev 2017, 0:43 - atualizado em 05 nov 2017, 14:07

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A CVC (CVCB3) mostrou ao mercado e investidores que o setor de turismo pode ser resiliente mesmo durante recessões, afirma o presidente da empresa, Luiz Eduardo Falco, em entrevista ao Money Times concedida após a divulgação dos resultados de 2016. A operadora de viagens lucrou R$ 209 milhões no ano passado, um aumento de 10,3% na comparação com o ano anterior.

“Normalmente crescemos 10% e, neste ano, crescemos 6,5% [em reservas], mas conseguimos um crescimento de 2 dígitos no lucro líquido. Dentro do ambiente de 2016, demonstramos resiliência. Isso demonstrou que o mercado de turismo e de férias foram produtivos mesmo neste ambiente”, explica o executivo que já passou pela TAM e Oi.

Falco ressalta também que a queda do dólar pode ajudar o setor e, principalmente, concretizar as compras dos consumidores que já tinham planejado as viagens. “Ele já tinha comprado na cabeça. Agora, com o dólar a R$ 3, ele compra de fato, mas o faz separadamente. Primeiro compra as passagens e, depois, o hotel.  Ele está mais cauteloso”, explica.

Veja a seguir os principais trechos da conversa, inclusive a explicação sobre a mudança na política de dividendos:

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O resultado veio dentro do que vocês esperavam para o ano?

Normalmente crescemos de 10% a 11% e, neste ano, aumentamos as reservas em 6%. Ainda assim, conseguimos um crescimento de dois dígitos no lucro líquido. Completamos as aquisições de 2015 e fizemos a compra da Experimento Dentro do ambiente de 2016, demonstramos resiliência. Isso demonstrou que o mercado de turismo e de férias foram produtivos mesmo neste ambiente.

Haverá mudança na política de dividendos?

A nossa política é pagar 50%, mas colocamos 25% por conta de aquisições que podem acontecer. Quero deixar aberto para que o Conselho de Administração decida se isso será feito por emissões de ações, dívida ou o próprio caixa. Isso é para ser conservador e, se precisarmos, podemos pagar a diferença com proventos extraordinários. Ou seja, temos aquisições no pipeline e optamos por ser mais cautelosos.

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De que forma o dólar em queda pode ter um impacto nas operações? O que o histórico da empresa mostra nestes momentos? O foco agora será no internacional?

O consumidor é assim: se ele tem um filho de cinco anos você diz a ele que vai para a Disney, ele vai contar para todo mundo. Aí, se o dólar vai a R$ 4, os planos são freados. Agora, contudo, esse consumidor quer cumprir essa promessa dólar caiu e todo mundo vai se lembrar daquela promessa. Ele já tinha comprado na cabeça. Agora, com o dólar a R$ 3, ele compra de fato, mas o faz separadamente. Primeiro compra as passagens e, depois, o hotel.  Ele está mais cauteloso. Talvez passe menos nos dias nos parques, mas assim conseguimos garimpar promoções e montando a viagem.

Vamos também lançar novos produtos, como voos diretos para Jericoacara. Já te adianto que irá custar 10x de 199 reais. Um aeroporto será inaugurado e vamos promover o destino da mesma forma que fizemos com Porto Seguro, Porto de Galinhas e outros destinos. Também vamos acelerar o cross-selling. Agora, com a Experimento, temos as vendas de intercâmbio e podemos aliar isso ao aluguel de carros, por exemplo. Por isso, acreditamos que mesmo em um ambiente assim continuaremos entregando resultados.

Olhando o Brasil, com as informações que vocês têm, quais conclusões vocês conseguem ter do comportamento do consumidor?

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Do ponto de vista de desemprego ainda teremos um primeiro semestre complicado e com demissões. Olhando a confiança, achando que está voltando um pouco junto com o crédito. Teremos agora a entrada do FGTS, mas isso será pontual. Não vemos todas as linhas apontando para um ano glorioso. Há um esforço, tem um clima, mas o consumidor vai ser mais cauteloso porque não pretende se endividar por qualquer motivo.

É aí que temos vantagens porque oferecemos destinos para cada bolso e dispomos de uma força de venda muito grande para ajustar. Quando o consumidor fica sozinho na internet, por exemplo, ele vai para lá e cá, mas nós conseguimos fazer esse auxílio individual. Temos que ser bons nisso e podemos. Olhando daqui, a 10 mil pés de altura, vemos uma tendência de melhora e temos tentado ajudar o consumidor com vontade.

Apesar do crescimento anual, dá para ver uma queda nas reservas feitas pelo canal online. O que aconteceu?

O online caiu como um todo no Brasil. O povo, com menos crédito, o canal online fica mais difícil. De fato, ainda estamos devendo um pouco no online. O nosso canal está um pouco para trás e vamos lançar novas plataformas. Chegamos muito tarde, apenas em 2014, mas esse é o nosso principal investimento. A boa notícia de começar depois é que não vamos cometer os mesmos erros. A ideia é investir bastante para aumentar o market share da Submarino Viagens para até 25%.

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Quais são as lições da crise?

Ela mostrou a resiliência da indústria de férias. As pessoas acham que é um setor discricionário, mas não é. Isso mostra para investidor que não temos uma volatilidade alta. Agora também entramos na área de investimentos da família, tipo um capex, com a Experimento [gestão de intercâmbios]. Isso também é uma viagem.

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Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
gustavo.kahil@moneytimes.com.br
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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