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Entrevista: “Ninguém vive de margem percentual; estamos remunerando melhor os acionistas”, diz CEO da JHSF

04 nov 2021, 20:13 - atualizado em 04 nov 2021, 20:23
Shopping Cidade Jardim - JHSF
Retorno: reabertura de shoppings, devido à vacinação contra a Covid-19, ajudou resultados da JHSF (Imagem: Divulgação/ JHSF)

Já virou lugar comum dizer que hotéis, restaurantes e shopping centers estão entre as maiores vítimas das medidas de isolamento social adotadas no pico da pandemia de Covid-19. Por isso, a progressiva volta à normalidade, fruto do avanço da vacinação em massa, tem tudo para impulsionar os resultados de companhias que atuam nesses setores.

É o caso da JHSF (JHSF3), que divulgou os números do terceiro trimestre nesta quinta-feira (4). As principais linhas do balanço apresentaram um desempenho forte, seja na comparação com o mesmo período do ano passado, seja com 2019, antes que o coronavírus virasse o mundo de ponta-cabeça.

“Isso mostra a força dos produtos que oferecemos”, afirmou Thiago Alonso de Oliveira, CEO da JHSF, ao Money Times, em rápida conversa após a publicação dos resultados. “Não apenas sobrevivemos, mas também crescemos em todas as áreas de negócios.”

O que pode atrair ressalvas de analistas e investidores é a queda da margem ebitda ajustada, de 64,20% para 55,80% entre os terceiros trimestres de 2020 e deste ano. É verdade que, em valores, o ebitda ajustado cresceu 17,2%, de R$ 226,6 milhões para R$ 265,6 milhões. Mas, grosso modo, isso significa que, de cada R$ 100 de receita líquida, a empresa conseguia “extrair” R$ 64,20 para o caixa no ano passado, ante R$ 55,80 neste. E, como se sabe, os investidores são ávidos por cada centavo livre que uma empresa possa lhes pagar como dividendos.

Para Oliveira, é um equívoco avaliar uma companhia tão diversificada, quanto a JHSF, por uma métrica geral como a margem ebitda consolidada. Isto porque, a empresa opera em ramos que vão de empreendimentos imobiliários de alto padrão a shoppings centers, hotéis e restaurantes, passando pelo São Paulo Catarina, primeiro aeroporto executivo privado do país.

“É preciso dissecar a margem e olhar cada área de atuação”, afirma o executivo. Veja os principais trechos da entrevista concedida ao Money Times.

Money Times – Como o senhor avalia os resultados da JHSF no terceiro trimestre?
Thiago Alonso de Oliveira – O crescimento geral, contra qualquer comparação trimestral que se faça, mostra a força dos produtos que oferecemos. Conseguimos crescer como um todo. Não apenas passamos por um período difícil para o país, mas também crescemos. As pessoas voltaram a frequentar nossos shoppings, hotéis e restaurantes, à medida que a situação da pandemia evolui. Os clientes voltaram muito rapidamente, e isso é uma prova de que oferecemos lugares em que as pessoas querem estar, quando lhes é permitido.

Thiago Alonso De Oliveira, presidente da JHSF
Descolamento: Bolsa vive descompasso entre preço e valor das ações, segundo Oliveira (Imagem: Divulgação/JHSF)

Money Times – O que o senhor diria a um analista que fizesse uma ressalva sobre a queda da margem ebitda, na comparação com o terceiro trimestre de 2020?
Oliveira – A margem é consequência do mix de produtos que oferecemos. Não faz sentido olhar a margem consolidada, devido à diversidade dos setores em que atuamos. É preciso dissecar a margem e olhar cada área de atuação, porque algumas apresentam, naturalmente, margens menores que outras. Mas o que eu sempre digo é que ninguém vive de margem percentual; vive de margem nominal, e essa está crescendo. Então, estamos felizes, porque isso mostra que estamos remunerando melhor os acionistas.

Money Times – Apesar do crescimento dos resultados, a ação da JHSF apresenta queda, em relação ao fim do ano passado. Os investidores ainda não perceberam o valor da empresa?
Oliveira – Isso não é um problema específico da JHSF. Há toda uma conjuntura que afeta o mercado, tanto, que há outras empresas arquivando números fortes e com ações em baixa. Neste momento, a Bolsa não está correlacionando preço e valor. Nosso trabalho diário é construir valor para o acionista. Mas, a gente não controla o preço da ação, porque ele é influenciado por diversos fatores, como a economia. Do nosso lado, posso falar em nome de todos os nossos colaboradores que acordamos todo dia com o objetivo de construir valor para os acionistas e para que as pessoas fiquem felizes com nossos produtos. Em algum momento, quando o mercado se acomodar, os investidores vão olhar os fundamentos de cada empresa. Aquelas que tiverem uma discrepância entre preço e valor passarão por uma reação.

Money Times – Como vai o quarto trimestre?
Oliveira – O que posso dizer é que ele é uma sequência do terceiro trimestre. Não notamos nenhuma mudança de rota até este novembro em que acabamos de pôr os pés.

Veja o relatório de resultados do terceiro trimestre da JHSF

 

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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