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Enzo Pacheco: Batatinha frita, 1, 2, 3

27 out 2021, 13:12 - atualizado em 27 out 2021, 13:12
“Entendemos que a adoção de novas tecnologias trará ótimas oportunidades de investimento no segmento de robótica” diz o colunista

Spoiler: esta newsletter não irá tratar da Netflix, nem mesmo da série “Round 6”, sucesso mundial e disponível na plataforma de streaming. Apenas utilizei a frase famosa por mera falta de criatividade para o título — espero que entendam.

Domingão. Você está em casa com a cabeça já na semana que vai começar, se preparando para a labuta, porque os boletos continuam chegando. 

Mas antes você precisa comer algo. Olha para a geladeira, poucos itens à disposição para fazer uma refeição decente (na verdade, você nem estava com paciência para tal atividade).

Pega o seu smartphone e faz um pedido em uma dessas grandes redes de fast-food — sem julgamentos aqui, fique claro.

Na realidade brasileira, é bem capaz que uma ou várias pessoas tiveram que participar ativamente de todo o processo de produção do seu lanche.

Mas, se por um acaso você more no exterior (mais precisamente nos EUA), e feito o pedido em uma determinada cadeia de restaurantes (White Castle), você pode ser agraciado com batatinhas fritas feitas pelo Flippy.

Ok, posso ter exagerado quando falei “agraciado”, mas confesso que achei bem interessante quando vi o funcionamento do robozinho no vídeo. Principalmente por mostrar como a economia americana é capaz de se adaptar aos mais diferentes cenários.

De acordo com a National Restaurant Association, 4 em cada 5 restaurantes nos EUA afirmam estarem com menos empregados do que o necessário. Na divulgação de resultados do terceiro trimestre, na segunda-feira (25), a Restaurant Brands International (dona do Burger King) pontuou que parte de suas lojas teve que funcionar em horários reduzidos ou apenas para delivery ou retirada pela falta de funcionários, o que teve impacto direto nas suas vendas (que vieram abaixo das projeções dos analistas).

Considerando a condição do mercado de trabalho atual americano, diversas empresas (inclusive no ramo de restaurantes) têm buscado aumentar o salário mínimo para atrair interesse de novos talentos. Recentemente o McDonald’s anunciou que, até 2024, o salário médio inicial de seus funcionários será de US$ 15 por hora, o dobro do mínimo no país — apesar de alguns estados, como Nova York, já adotarem esse valor.

E esse tem sido um dos pontos discutidos por analistas e economistas no que tange à inflação em terras americanas — se ela seria transitória ou permanente. Importante ter isso em mente porque, dependendo de como se der o aumento no nível de preços na economia, o Fed (o banco central americano) poderia ter que rever sua atual política monetária, provavelmente puxando os juros para cima.

Apesar de ambos os lados terem pontos convincentes, minha visão está alinhada com aqueles que entendem que a inflação estaria sofrendo com os gargalos das cadeias de produção, e que retornaria aos níveis pré-pandemia com o mundo voltando ao normal — visão, inclusive, do presidente do Fed, Jerome Powell.

Até porque, com o dinamismo da economia americana, acho difícil os empreendedores ficarem de braços cruzados sem fazerem nada.

No caso do Flippy, a Miso Robotics — fabricante do robô colaborativo, ou “cobots” em inglês — afirma que o produto custaria até US$ 3 mil por mês, com manutenção inclusa. Um funcionário que trabalhasse 8 horas por dia, durante 25 dias no mês ganhando US$ 15/hora teria o mesmo custo.

Não estou falando aqui para que as empresas troquem todos seus funcionários por robôs, longe disso. A interação humana ainda é muito importante nesses estabelecimentos, até mesmo para oferecer uma melhor experiência para o consumidor.

Mas no caso de tarefas repetitivas, monótonas e que podem trazer risco ao funcionário, enxergo a utilização dessas ferramentas como uma evolução natural dos negócios, assim como tantas outras tecnologias ao longo das últimas décadas (e que geraram grande resistência por parte daqueles que seriam impactados por tais mudanças).

De acordo com o U.S. Census Bureau, o total de novas ordens de bens de capital (excluindo o setor de aviação) ultrapassou a marca de US$ 77,2 bilhões em agosto, ante uma média de US$ 65 bilhões ao longo de 2019. Além disso, a retração nos investimentos por conta da pandemia teve uma duração e uma magnitude muito menor quando comparado com as duas crises anteriores, a da bolha das empresas ponto-com e a que resultou na recessão de 2008.

Mesmo quando ajustado pela inflação, o valor investido recentemente ainda representa o maior nível dos últimos cinco anos pré-pandemia. Segundo a S&P Global, esse padrão é observado ao redor do mundo, e a empresa estima que 2021 será o ano de maior investimento em capital desde 2007 — o pico do último ciclo econômico.

E isso pode auxiliar, inclusive, na melhoria da produtividade da economia americana, que nos últimos anos vem derrapando: desde o início da série histórica, em 1947, a produtividade nos EUA cresceu 2,2%; na década passada, esse valor ficou perto de 1%.

Entendemos que a adoção de novas tecnologias — ainda mais possibilitadas pelo advento da rede 5G — trará ótimas oportunidades de investimento no segmento de robótica, com os “cobots” sendo uma parte importante no desenvolvimento de diversos setores da economia. Tanto que na nossa carteira do MoneyBets já temos algumas apostas nesse sentido (fica aqui o meu convite para você conhecer a nossa série).

Quando a chapa (ou o óleo) esquenta, não duvide da capacidade de os negócios se adaptarem aos novos tempos.

Um grande abraço,

Enzo Pacheco

Enzo Pacheco é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Um entusiasta do assunto “investimentos” — tendo se interessado desde os tempos de universitário —, desde 2017 foca exclusivamente na análise dos mercados internacionais nas séries da Empiricus voltadas a esse propósito (Investidor Internacional e MoneyBets).
Enzo Pacheco é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Um entusiasta do assunto “investimentos” — tendo se interessado desde os tempos de universitário —, desde 2017 foca exclusivamente na análise dos mercados internacionais nas séries da Empiricus voltadas a esse propósito (Investidor Internacional e MoneyBets).
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