Economia

EUA x Irã: Escalada da guerra dificulta cortes da Selic, diz Santander

23 jun 2025, 11:31 - atualizado em 23 jun 2025, 11:31
Guerra Irã EUA Selic
Copom indicou que deve manter Selic em patamar elevado, antes da escalada da guerra no Irã. (Imagens: Evan Vucci; AP Photo/Ueslei Marcelino; Reuters)

A escalada da guerra no Irã pode dificultar o início do ciclo de afrouxamento monetário no Brasil, diante da expectativa de um novo choque inflacionário, avalia a equipe do Santander.

No sábado (21), os Estados Unidos (EUA) entraram no conflito entre Irã e Israel, após bombardearem três instalações nucleares iranianas. Em resposta, o parlamento iraniano apoiou a proposta de fechar o Estreito de Ormuz — rota estratégica por onde passa cerca de 25% das exportações globais de petróleo.

“Embora ainda não haja confirmação de bloqueio, o risco geopolítico aumentou consideravelmente. Se a interrupção se concretizar, alguns analistas estimam que o [petróleo] Brent pode ultrapassar os US$ 120 por barril”, afirmam a chefe de pesquisa do Brasil no Santander, Aline Cardoso, e seu time.

Os especialistas traçam paralelos entre a guerra no Irã e a invasão na Ucrânia, que elevou a commodity em 27% em apenas um mês e desencadeou uma onda global de aversão a risco.

Agora, porém, o foco do risco está no fornecimento global de energia, podendo provocar um impacto inflacionário mais acentuado. “Um movimento de rotação setorial pode se repetir, favorecendo ações ligadas a petróleo, minério e agro exportação, em detrimento de nomes domésticos mais sensíveis à taxa de juros”, dizem.

A equipe do Santander lembra que, em 2021 e 2022, o Banco Central demonstrou capacidade de resposta rápida aos impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia no Brasil. “A autarquia deve seguir priorizando a estabilidade, mesmo que isso signifique sacrificar parte do crescimento de curto prazo”.

Vale destacar que, na reunião da semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou a interrupção do ciclo de alta da Selic, mas reforçou que permanece vigilante e disposto a retomar o aperto monetário, se necessário.

Os diretores também sinalizaram que devem manter a taxa básica no atual patamar de 15% ao ano por um período “bastante prolongado”.

O início dos cortes da Selic já era uma grande dúvida, mas os recentes acontecimentos geopolíticos aumentaram ainda mais essa incerteza, afirmam Cardoso e equipe. O Santander projeta que o afrouxamento monetário se inicie entre janeiro e fevereiro de 2026, após uma pausa de sete a nove meses.

“A curva já embute um corte de 0,15 ponto percentual no Copom de janeiro e cerca de 2 pontos percentuais ao longo de 2026”, afirmam.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
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