Escalada das tensões no Oriente Médio pode levar o preço do petróleo a superar US$ 100, aponta Goldman Sachs

Uma escalada mais ampla dos conflitos no Oriente Médio, com impactos diretos em rotas comerciais estratégicas e na infraestrutura regional de petróleo, pode fazer com que os preços do barril superem os US$ 100, segundo projeções mais pessimistas do Goldman Sachs.
O cenário extremo, segundo o banco, envolve uma possível paralisação do fluxo de navios pelo Estreito de Ormuz, rota estratégica que escoa cerca de 20% de toda a produção mundial de petróleo. O temor se intensificou após uma nova onda de ataques de Israel, nesta quinta-feira (12), contra programas nucleares e de mísseis do Irã, elevando a tensão geopolítica na região.
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“Embora o bloqueio total do Estreito ainda seja improvável, o mercado não descarta a possibilidade de uma disrupção prolongada, o que poderia gerar uma disparada imediata dos preços para além de US$ 100 por barril”, destaca o relatório assinado por Daan Struyven e equipe de commodities do Goldman Sachs, divulgado nesta sexta-feira (13). Em um cenário ameno, o preço pode chegar a US$ 90 por barril.
Nas últimas semanas, o barril do Brent acumulou alta de 12%, atingindo US$ 74, em resposta ao aumento do prêmio de risco. O Goldman revisou suas projeções para o curto prazo, mas manteve a estimativa de que, sem grandes interrupções na oferta, a combinação de crescimento da produção fora do xisto norte-americano e normalização dos estoques deve trazer os preços de volta para a casa dos US$ 56 até 2026.
Ainda assim, o banco ressalta que os riscos permanecem inclinados para alta no curto prazo. Um corte significativo na produção iraniana ou ataques a infraestruturas de outros países da região podem prolongar o aperto no mercado global.
“O contexto atual reforça nossa recomendação de hedge para produtores, com compra de opções de venda (puts) e venda de calls, aproveitando a valorização das opções no ambiente de prêmio de risco elevado”, dizem os analistas no relatório.
China e OPEP+ no radar
Outro ponto de atenção é a resposta da OPEP+, que, historicamente, tem compensado parte de choques de oferta com aumento da produção. Para o Goldman Sachs, Arábia Saudita e Emirados Árabes mantêm capacidade ociosa suficiente para suavizar o impacto de um corte parcial do Irã. No entanto, num cenário de disrupção regional mais abrangente, essa reserva pode não ser suficiente para conter a disparada dos preços.
Além disso, o apetite da China, maior compradora das exportações iranianas, é outro fator que pode ditar o ritmo de recuperação ou agravamento dos preços.
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