Espaçolaser (ESPA3) lança nova emissão de debêntures, de R$ 593 milhões, de olho em ganhos tributários

A Espaçolaser (ESPA3) anunciou na noite desta quarta-feira (22) uma nova emissão de debêntures, no valor de R$ 593 milhões. Segundo o diretor financfeiro (CFO) da companhia, Fabio Itikawa, a operação visa, principalmente, a correção de uma ineficiência fiscal antes presente no balanço.
Em entrevista ao Money Times, Itikawa explica que, até então, metade da dívida estava na holding, a própria Espaçolaser, e a outra metade na subsidiária operacional, chamada Corpóreos.
Isso, segundo ele, gerava uma despesa adicional de R$ 18 a 20 milhões em imposto de renda por ano. Para fins de comparação, em 2024, a Espaçolaser teve um lucro líquido ajustado de R$ 23,3 milhões.
“Com a dívida na holding, nós não tínhamos nenhum benefício fiscal. A holding, por ser não operacional, não tem receita e acaba tendo só prejuízo. Na operacional, por eu ter lucro, eu pago imposto de renda. Não há benefício na estrutura”, diz o CFO.
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Em outubro de 2024, a Corpóreos, subsidiária integral da Espaçolaser, obteve o registro de listagem de categoria B na B3, o que permitiu que novas emissões fossem feitas diretamente pela empresa operacional.
“Quando olho o resultado consolidado, às vezes eu tenho, por exemplo, R$ 10 milhões de lucro antes do imposto. Depois eu acabo pagando R$ 40 milhões de IR, uma alíquota efetiva totalmente desproporcional”, afirma.
A ideia, agora, é levar a despesa financeira totalmente para dentro da subsidiária operacional, o que resultará em uma maior eficiência fiscal.
Além disso, a Espaçolaser defende também que haverá ganhos nas condições do empréstimo. O custo das emissões anteriores, de 2024, era de CDI + 4,5 e a nova será de CDI + 3,25.
“Teremos um ganho expressivo de redução de despesa financeira nessa operação. Além da questão fiscal, vamos adequar o custo de funding à qualidade de crédito que a empresa tem hoje”, afirma o diretor financeiro.
Em maio de 2025, a Moody’s melhorou o rating da Corpóreos de A- para A, com perspectiva estável, ao que o emissor atribui também, em parte, o menor custo de crédito.
Além disso, há, segundo ele, o fato de o mercado de crédito estar mais pujante — apesar de eventos recentes no mercado de credito privado, como o da Ambipar e o da Braskem, terem acendido o sinal de alerta em parte do mercado.
“Os bancos estão confiantes com o case e nós detalhamos o benefício da operação. Para os credores, é muito melhor a dívida estar na empresa geradora de caixa do que na holding, que depende da operacional para mandar recursos e pagar a dívida”, diz. “O timing é adequado, porque ainda temos um mercado de crédito pujante, com muita liquidez, e fundos de crédito captando recursos e buscando alocação”.
Do total de R$ 593 milhões, R$ 513 milhões já contam, segundo Fabio, com garantia firme de bancos. Os R$ 80 milhões restantes poderão ser tomados por investidores institucionais.
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A emissão também deve alongar o perfil da dívida em um ano. A nova emissão, de cinco anos, tem 15 meses de carência para o pagamento do principal e juros trimestrais, com amortizações parciais a partir de 2027 (entre 18% e 20% ao ano) e vencimento final em 2030.
“A operação dá mais duration ao nosso passivo financeiro, alonga o vencimento e melhora a estrutura da dívida”, diz o CFO. “A companhia passa a ter uma estrutura de capital mais equilibrada e adequada ao perfil de crédito atual”.
A emissão tem um covenant de alavancagem máxima, medida pela relação dívida líquida e Ebitda, de 3x. No fim do segundo trimestre, o múltiplo da EspaçoLaser estava em 1,97x — contra 2,22x um ano antes. Serão emitidas até 593 mil debêntures, com valor nominal unitário de R$ 1.000.
“O direcionamento é continuar reduzindo a alavancagem. Não há planos de aumentar endividamento e de avançar em aquisições. Foco total em geração de caixa”, diz o CFO.