“Sabemos de investidores que reduziram em 50% suas posições nos EUA”, afirma Pedro Salles, fundador da Legend Capital
Em meio à volatilidade global crescente, impulsionada pela política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a desconfiança dos investidores tem afetado os mercados globais.
No Giro do Mercado desta segunda-feira (4), a jornalista Paula Comassetto recebeu Pedro Salles, sócio-fundador da Legend Capital. Ele revelou que a instabilidade nos EUA já provoca uma redução no volume de ativos norte-americanos nas carteiras dos investidores.
“É curioso falar de não alocar nos EUA ou diminuir a alocação. Vários amigos de mercado, eu pergunto como está e tem gente reduzindo em até 50% a posição em EUA”, disse Salles.
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Segundo o especialista, a instabilidade institucional percebida no país, com um presidente que “age como se fosse uma criança de 15 anos”, leva investidores a buscarem moedas fortes em mercados mais sólidos na Europa e na Ásia.
Salles também traçou um paralelo sobre o que o Brasil precisa fazer para não continuar perdendo capital estrangeiro. Se o investidor está receoso com a maior potência do mundo, a preocupação com os ruídos constantes no cenário brasileiro é ainda maior.
A solução, segundo ele, passa por atacar o problema central do país. “Para o gringo voltar, o Brasil precisa olhar para o fiscal”, defende. Ele critica a abordagem de soluções paliativas.
“Estamos sempre fazendo Frankenstein, e deixamos de realizar algo mais estrutural. Por quê? Porque o estrutural vai impactar na popularidade e dificultar a reeleição”, afirmou.
Janela para reformas está se fechando
Na visão dele, o estrangeiro não deve firmar capital no Brasil enquanto o país não enfrentar o problema fiscal crônico. Além disso, a tensão tarifária precisa ser resolvida de maneira mais pragmática.
A urgência para atacar a questão fiscal é ainda maior, segundo Salles, por conta do calendário político. Com o início das campanhas eleitorais se aproximando, a janela de oportunidade para aprovar pautas complexas e impopulares está se fechando.
“Alguém precisa ter coragem de assumir as rédeas e fazer um pacto com a sociedade. De novo, vai doer no curtíssimo prazo, mas a médio e longo prazo teremos um Brasil muito melhor”, disse.
Olhando para o investidor, o sócio da Legend Capital recomenda cautela. A casa tem recomendado uma posição mais conservadora na bolsa brasileira, olhando para alocações de renda fixa, como títulos de inflação (Tesouro IPCA+ 2035), que podem se beneficiar de uma eventual melhora com o ajuste dos juros futuros.
O programa ainda abordou o desempenho dos mercados globais, tarifaço e destaques corporativos. Para acompanhar o Giro do Mercado na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube.
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