Internacional

Esperança com o escolhido de Biden para a Agricultura é o Brasil ganhar no milho e no etanol

11 jan 2021, 10:27 - atualizado em 11 jan 2021, 11:15
Etanol
Mais etanol brasileiro nos EUA pode se transformar em realidade se políticas de Biden forem adotadas (Imagem: Mateus Pereira/GOVBA)

Se há uma luz importante para o Brasil com o novo secretário de Agricultura dos Estados Unidos, o tempo dirá se foi boa para o milho e para o etanol, a princípio os dois setores que podem ser ajudados com a nomeação de Tom Vilsack.

Ex-diretor do Departamento de Agricultura (USDA) no governo Barack Obama e ex-governador da Iowa, o escolhido do presidente eleito Joe Biden foi um dos fundadores da coalização Governadores pelo Etanol. Por definição, agrupamento que defende aumento da mistura do biocombustível de milho à gasolina, contra o poderoso lobby do petróleo americano.

Se Biden e ele de fato conseguirão ampliar o uso energia limpa, seguindo a plataforma da campanha, ou ao menos manter o status atual, já haveria o que os produtores brasileiros comemorarem. Fica mais milho no mercado interno americano, tirando mais oferta global, e ainda sobra para o Brasil exportar mais etanol.

Donald Trump autorizou a mistura de 15% do anidro à gasolina, a E15, em setembro, após anos de oposição das petroleiras, mas, pela particularidade da legislação americana, é opcional para cada estado. A maioria ainda está no E10, com exceção de poucos, como a Califórnia.

Este é o primeiro desafio de Vilsack, pensa Renato Cunha, presidente da Novabio e do Sindaçúcar PE, ou seja, convencer todos os outros a adotarem o mesmo programa. Há cálculos da Agência de Proteção Ambiental (EPA, da sigla em inglês) falando em demanda de 55 bilhões de litros com a uniformização em todo o território americano do uso desse percentual de etanol.

“Absorveria a produção deles e ainda sobraria para aumentos das exportações de etanol de cana brasileiro”, acredita Cunha, adicionando o segundo desafio do novo governo do país: “Diminuir a taxação das importações”.

As exportações brasileiras de etanol para aquele mercado, principal comprador, foram de 130,78 milhões de litros em 2020, de janeiro a novembro, quando a soma geral alcançou 2,4 bilhões/l.

A coalização Governadores pelo Etanol, preocupada ou não com as questões ambientais, quer mesmo garantir mercado para o milho do maior produtor mundial do cereal. O E15 bastaria, de imediato, uma vez que a discussão para um mandato maior levaria muito tempo, e envolveria as indústrias dos combustíveis fósseis, as empresas automobilísticas e até de equipamentos nos postos.

Mas em economia de mercado, não se espera que o milho vá para as destilarias se houver demanda externa mais compensadora. E a China está se tornando um player cada vez mais forte nas importações do grão, sobretudo com a recomposição de seu plantel de suínos após a matança da peste suína africana. Tanto que o Brasil ganhou muito dinheiro com o cereal o ano passado também.

Daí, então, que haveria mais fôlego para as importações de etanol. E etanol é o Brasil que possui.

De quebra, tudo isso junto, tiraria também as exportações de etanol de milho da rota do Brasil – e os produtores do Nordeste agradeceriam – cuja autorização para 184 milhões de litros, livre de impostos, acaba de expirar.

O presidente da Novabio e do Sindaçúcar PE é cauteloso. “Se o meio ambiente for levado a sério na nova administração, eles [os americanos] podem conseguir alguma coisa em relação ao blend atual ou novos avanços”, avalia Renato Cunha.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
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