Consumo

Está na hora de vender o meu carro seminovo para comprar um zero-quilômetro?

24 jan 2022, 8:00 - atualizado em 21 jan 2022, 17:45
Carros
Para três especialistas, está na hora de vender o seminovo, mas não de comprar um zero-quilômetro (Imagem: Unsplash/Julian Hochgesang)

Os carros seminovos dispararam em 2021, com uma alta de preços similar aos novos.

O valor dos veículos de segunda linha subiu, em média, 23,9% em 2021, ante avanço de 24,6% dos automóveis zero quilometro, segundo dados da tabela Fipe.

Segundo Milad Kalume, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato do Brasil, o avanço dos preços dos seminovos está atrelado a vários problemas, como o custo do frete para importações de matéria-prima, alta do dólar e, principalmente, à crise dos chips, que afetou a produção de diversos produtos no mundo todo.

A Anfavea, por exemplo, aponta que a produção de 2021 teve uma perda estimada em 300 mil veículos devido à crise global dos semicondutores.

Já o emplacamento de automóveis recuou 3,56% na comparação de 2020 com 2021, de acordo com a Fenabrave.

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A produção de 2021 teve uma perda estimada em 300 mil veículos por causa da crise global dos semicondutores (Imagem: Swen Pfoertner/Pool via Reuters)

Com esses problemas de produção e macroeconomia, o preço dos seminovos dispararam, mas será que isso vai continuar em 2022? Está na hora de vender o seminovo para comprar um zero-quilômetro?

Talvez não — ao menos para três especialistas entrevistados pelo Money Times.

Segundo eles, a disparada dos seminovos não deve continuar neste ano.

“A demanda por semicondutores será normalizada em 2022, o que deve fazer com que a produção dos novos seja retomada, exercendo uma pressão de baixa no valor dos seminovos”, diz Ricardo Bacellar, membro do conselho da Sae Brasil e ex-Head of Automotive da KPMG.

Para Cassio Pagliarini, sócio da Bright Consulting, o preço dos seminovos tende ter uma valorização menor do que a inflação, ou seja, em 2022, deve ocorrer uma perda real no valor do veículo.

Kalume e Bacellar concordam com Pagliarini. Para os especialistas, atualmente, o seminovo está em patamares históricos, e, se o consumidor possui um veículo usado, essa é a hora de vende-lo.

“Hoje é o momento de vender o carro usado, mas essa não é hora de comprar um novo, pois em janeiro as vendas são muitos fracas, o ideal seria comprar em março, momento em que as montadoras dão bons descontos para os clientes”, diz Pagliarini.

Todo cuidado é pouco

Bacellar ainda afirma que o consumidor deve ficar esperto sobre a “pronta entrega” do veículo novo na concessionária, em caso de venda do usado para a compra do recém-fabricado.

Carros Automóveis Setor Automotivo
Bacellar analisa que o consumidor deve ficar esperto sobre a “pronta entrega” do veículo novo (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

“O consumidor pode ficar sem carro, ele corre o risco de vender o seminovo e não ter um novo para repor. E isso deve ser feito de uma forma bem-casada”, alerta.

Já o diretor de desenvolvimento de negócios da Jato do Brasil afirma que o consumidor deve ficar atento, pois o preço dos veículos novos também está alta — exatamente pela falta do produto no mercado.

“Após a venda do usado, o ideal é aplicar o dinheiro, para não perder o valor para a inflação. A compra do veículo novo deve acontecer no segundo semestre, período em que o mercado vai estar normalizado e os descontos tendem a surgir”, esclarece.

De acordo com Kalume, esses descontos podem chegar a até 10%.

Sendo assim, para os três especialistas,  não está na hora de comprar um carro novo, seja pelos descontos que as montadoras podem dar a partir de março, risco de não ter o veículo recém-fabricado ou pela melhora nos descontos no segundo semestre. É melhor esperar.

Repórter
Formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Julho de 2021. Bruno trabalhou no Money Times, como estagiário, entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Depois passou a atuar como repórter I. Tem experiência com notícias sobre ações, investimentos, empresas, empreendedorismo, franquias e startups.
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Formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Julho de 2021. Bruno trabalhou no Money Times, como estagiário, entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Depois passou a atuar como repórter I. Tem experiência com notícias sobre ações, investimentos, empresas, empreendedorismo, franquias e startups.
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